Emeb Professora Lóide Ungaretti Torres atende 46 alunos, e possui 80 crianças à espera por vaga; famílias realizaram ato contra o encerramento das atividades na unidade escolar
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Mães de São Bernardo lutam contra o fechamento da Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Professora Lóide Ungaretti Torres, conhecida como creche Divinéia, que atende 46 alunos da comunidade, e possui 80 crianças à espera por vaga, conforme informação do Movimento de Mulheres Olga Benario, que acompanha os familiares na permanência das atividades na unidade infantil.
A unidade será fechada no início do próximo ano e os alunos serão realocados para Emeb Rosa de Pacce dos Santos, há 650 metros da outra unidade. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo, a creche Divinéia passará por um projeto de expansão e será transformada em um anexo da Emeb Senador Teotônio Vilela, localizada do outro lado da rua.
Distância, aumento no deslocamento, piora na qualidade de vida e falta de estudo de impacto são as principais queixas apresentadas pelos familiares sobre o fechamento. Natali Santos Morais da Silva, 34 anos, mãe do pequeno Bernardo, de 1 e 4 meses, ressalta o trabalho educacional promovido na creche.
“É um absurdo essa situação. A Prefeitura não fez nenhuma pesquisa com as pessoas que serão afetadas. Essa unidade atende a comunidade inteira do Divinéia, muitas crianças têm melhores condições de alimentação e tratamento do que em casa”, desabafa Natali, que terá um aumento de 25 minutos no percurso para deixar o filho na nova unidade.
A Prefeitura informou que todas as crianças terão direito ao transporte escolar, porém, a integrante do Movimento de Mulheres Olga Benario e do MLB (Movimento e Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) de São Bernardo, ressalta as diversas reclamações das famílias dos bairros Montanhão e Cooperativa em relação ao serviço. “Elas já reclamaram de atrasos e precariedade do transporte. Ou seja, essa solução não resolve em nada a vida das mães e das crianças”, pontua.
Para tentar reverter a paralisação dos serviços na unidade escolar, cerca de 50 famílias e membros do Movimento Olga Benario, realizaram uma manifestação em frente à unidade infantil. No ato, as mães também pediram respeito ao direito das crianças, das famílias e dos profissionais da Emeb, que não sabem se serão realocados para outros locais.
Integrante do movimento social, Roseli Simão, 55, participou da manifestação em apoio à comunidade escolar, e também por conta da sua relação pessoal com a creche - seu filho André Felipe, de 27 anos, estudou na Emeb. “Ele amava ir para escola, as funcionárias sempre cuidaram dele com muito cuidado e carinho. Depois de tantos anos, oferecendo um ensino de excelência, a Prefeitura quer fechar a unidade? Um espaço que ajuda tanto as famílias da comunidade, essa é a melhor creche do município, não pode ser fechada dessa maneira, sem ao menos uma consulta com as famílias impactadas”, indaga.
Segundo o Movimento Olga Benario, a Emeb Professora Lóide Ungaretti Torres está em funcionamento desde 1990 e já atendeu cerca de 1.748 famílias que moram no Divinéia.
Procurada, a Prefeitura de São Bernardo não respondeu os questionamentos do Diário até o fechamento desta reportagem.
AJUDA DO LEGISLATIVO
Para tentar recorrer à decisão, os familiares acionaram o gabinete do Prefeito Orlando Morando (PSDB), porém, ainda não tiveram retorno. Além disso, as mães procuraram as deputadas federais Tabata Amaral (PSB) e Sâmia Bomfim (Psol), que enviaram ofício à Secretaria Municipal de Educação solicitando esclarecimentos sobre o caso.
Ao gabinete da parlamentar Sâmia Bomfim, a Prefeitura de São Bernardo confirmou que as atividades na Emeb serão paralisadas a partir de 2024 para modernização e readequação, e que o espaço permanecerá destinado à educação. A administração informou que o encerramento das atividades “foi precedida por estudo prévio do setor competente”.
Sobre os funcionários, a administração pública alegou que o quadro funcional será realocado em outras unidades escolares da rede municipal, e quanto aos colaboradores terceirizados, das áreas da limpeza e alimentação, ficarão a cargo da das empresas prestadoras de serviços.
REPERCUSSÃO NA CÂMARA
Em sessão realizada ontem na Câmara de São Bernardo, uma das mães, Girlene Araujo Gomes, 34, subiu à tribuna para falar sobre a luta contra o fechamento.
“Reafirmamos nosso compromisso de não desistir de lutar, e iremos até o fim por todos que estão sendo prejudicados por essa decisão. O Orlando Morando disse em live (leia mais abaixo) que o que estamos fazendo é ‘politicagem’, como se não fossemos capazes de pensar por conta própria. Gostaria de responder para o prefeito que, da mesma forma que somos capazes de dar votos na época da eleição, também somos capazes de reivindicar quando uma desigualdade está sendo cometida. Queremos respostas e explicações, é o direito do povo”, disse.
Após o discurso de Girlene, os vereadores Glaudo Braido (PSD) e Ana Nice (PT) demonstraram apoio à moradora do Divinéia, e disseram que irão atuar no caso. “Minha assessoria irá entrar em contato para tentar ajudar de alguma forma. Você está certa de cobrar, é o seu direito”, pontuou Braido.
Orlando diz que Emeb não será fechada; secretária diz o contrário
Na terça-feira (6), representantes da Secretaria de Educação de São Bernardo e familiares das crianças atendidas na Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Professora Lóide Ungaretti Torres participaram de reunião para falar sobre o fechamento da unidade escolar.
Além de ouvir as demandas e reclamações sobre a paralisação das atividades, segundo afirmam as mães, a secretária municipal de Educação, Sílvia de Araújo Donnini, pediu desculpas sobre a fala do prefeito Orlando Morando (PSDB) durante uma live realizada nas suas redes sociais, no dia 1 de novembro.
Na ocasião, ao ser questionado sobre o fechamento da creche Divinéia por uma internauta, Orlando disse que a informação era mentira e que a unidade infantil não seria fechada.
“A escola vai ser reestruturada e voltará, então cuidado com as palavras, cuidado com a politicagem. Ninguém ficou sem vaga, mas o lugar está péssimo. Vamos devolver (a creche) ainda no meu mandato, e as 46 crianças que estavam lá foram todas redistribuídas. Vamos parar com essa picuinha, ninguém investiu tanto em educação como na nossa gestão”, disse na live, que está disponível no perfil do prefeito no Facebook.
A internauta respondeu o comentário de Orlando, e disse que sua filha tinha sido transferida para uma creche longe de casa. Na resposta, o tucano atacou a mãe. “Larga de ser egoísta, para melhorar uma cidade todo mundo tem que ajudar um pouquinho. Vai ser por um período que a sua filha vai estudar longe. O pior era sua filha não ter para aonde ir, então sua filha tem para aonde ir. Aqui não estou para agradar, estou para falar a verdade”, finalizou o gestor sobre o assunto.
No encontro com os familiares, a secretária de Educação pediu desculpas diretamente para a mãe, que fez a pergunta para o prefeito durante a live, e disse que Morando “se equivocou”.
Além disso, a gestora confirmou que a creche será fechada no próximo ano, diferente do que afirmou o prefeito.
Girlene Araujo Gomes, 34 anos, mãe de um aluno da Emeb, rebateu as críticas sobre a infraestrutura da unidade. “A creche não está em péssimas condições como foi dito, não tem nada de errado na educação e cuidado dos profissionais, muito pelo contrário, são pessoas maravilhosas. Essa escola deveria ser referência por tudo que proporciona à comunidade”, apontou.
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