Está comprovado que a arte sequencial, a popular história em quadrinhos, cumpre com eficiência o papel de arrebanhar jovens leitores para autores seculares. A editora Saraiva acaba de lançar pelo selo Arx dois novos volumes de uma série de graphic novels que conquistam pelo bom diálogo entre adaptador e ilustrador.

Em Frankenstein (96 págs., R$ 39,90), adaptação do clássico de Mary Shelley, trabalham bem os espanhóis Sergio Sierra, com texto preciso e bem distribuído, e Meritxell Ribas, com suas ilustrações que merecem um parágrafo à parte.

Ribas, 35 anos, nascido em Barcelona, utiliza a técnica scratchboard, que, como o nome indica, consiste em raspar um cartão, neste caso recoberto por uma película preta, para dar vida ao desenho a partir da escuridão. O resultado é belo, as figuras ganham luz, brilho, textura e contornos que combinam perfeitamente com o estilo gótico da britânica Mary Shelley.

Para quem não se lembra, a história escrita entre 1816 e 1817, quando a autora tinha apenas 19 anos, é uma tragédia que ceifa jovens vidas e destroça a família do estudante de ciências naturais Victor Frankenstein, quando ele traz da morte o monstro amoral que passa a persegui-lo.

Em Histórias de Poe (96 págs, R$ 39,90) também fazem um bom trabalho a dupla Denise Despeyroux e Miquel Serrastosa. Ela, 36 anos, nascida em Montevidéo, é dramaturga e diretora. Sua experiência no ramo é transposta para a narrativa, que ganha auxílio luxuoso do vanguardista Serratosa, jovem ilustrador de Barcelona.

Ele mistura traço muito particular com computação gráfica para obter efeito de pintura. Constam no livro os contos de suspense fantástico de Edgar Allan Poe (1809-1849) O Escaravelho de Ouro, O Método do Dr. Alcatrão e do Professor Pena e A Queda da Casa de Usher.