Prefeito de São Caetano, que está concluindo seu quarto mandato, diz que última grande obra ocorreu ainda na fim da década de 1980
Com 13 anos de atraso, o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) assinou na noite de anteontem a ordem de serviço para o início das obras do programa ReFundação, que prevê série de intervenções para combate às enchentes em São Caetano. Demanda antiga da população, o conjunto de ações estruturantes recebe financiamento internacional da ordem de R$ 145.603.188,17, com contrapartida municipal de R$ 27.735.845,37.
O projeto foi anunciado pelo próprio Auricchio em 2011, no terceiro ano de sua segunda gestão – o tucano atualmente está no último de seu quarto mandato. Para justificar o atraso no início das intervenções, o prefeito disse que o problema das enchentes é de “difícil solução” e as obras, “de alta complexidade”. E atacou a oposição que criticou a demora. “É uma boçalidade.”
Auricchio disse que o cronograma começou com a proposta para tomada de crédito junto à CAF (Corporação Andina de Fomento) em 2011. O anteprojeto foi encaminhado no ano seguinte. “De 2013 em diante, a cidade andou de lado, para trás”, disse, lembrando a chegada do opositor Paulo Pinheiro (PMDB na época, hoje no União Brasil) ao comando da Prefeitura.
O chefe do Executivo seguiu com críticas ao antecessor. “No ano de 2017, na minha volta, a cidade não tinha capacidade de pagamento”, alegou, garantindo que no ano seguinte o projeto foi reapresentado e o banco enviou uma equipe à cidade. “Logo veio a pandemia e novamente atrasou o projeto em mais dois anos”, disse, referindo-se ao aparecimento da Covid-19.
A assinatura do contrato para obtenção do financiamento ocorreu em 2022 e a concorrência foi lançada no ano passado. “A licitação demorou um ano para ser concluída. Teve uma disputa jurídica enorme”, reclamou, ao dizer que o edital teve de ser readequado.
Durante explanação no Cise (Centro Integrado de Saúde e Educação) da Terceira Idade Sueli Nogueira, Auricchio levantou questões históricas para explicar as cheias que afetam as várzeas do Rio Tamanduateí e Ribeirão dos Meninos desde o século XVI.
O prefeito parafraseou trecho da Carta de São Vicente, escrita pelo Padre José de Anchieta em 1560. “Caíam nas terras de Piratininga (São Paulo de Piratininga, como era chamada a capital paulista) grandes tempestades, trovões e relâmpagos com enchentes nos rios”, leu, destacando também relatos de alagamentos no eixo da Avenida dos Estados, no bairro Fundação, em 1877.
Na sequência, o tucano apresentou fotos do fim da década de 1940 com ruas cheias de água e lama. “Em 16 anos (de governo) também tivemos quatro grandes enchentes com perdas de vidas”, admitiu.
Auricchio também reconheceu falhas de suas gestões (entre 2005 a 2012, de 2017 a 2020 e de 2022 a 2024) para a resolução do problema. “A última grande obra foi feita pelo governador Orestes Quércia (1987-1991)”, apontou, citando o alteamento da pista da Avenida do Estado, sentido Capital, que segundo ele “transformou o bairro Fundação em piscinão”.
As obras do ReFundação anunciadas por Auricchio incluem construção de piscinão, muro de contenção em toda a extensão da Avenida dos Estados, implantação de redes de esgoto, micro e macrodrenagem e ampliação de galerias pluviais.
Depois das justificativas e da assinatura da ordem de serviço, o prefeito frisou que não entregará a obra. “Não sou eu que vou entregar. O prazo de obras é de, no mínimo, 30 meses”, finalizou, não sem antes citar o nome do vereador Tite Campanella (PL), presente ao evento, que já foi anunciado como pré-candidato governista à sucessão.
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