Entrevista da Semana Titulo Aniversário de Santo André
'As pessoas voltaram a ter orgulho de morar em Santo André'
Da Redação
08/04/2024 | 08:15
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Chegando aos últimos oito meses de mandato, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), faz um balanço positivo sobre os principais feitos de sua gestão. Entre obras, redução de dívida, crescimento da industrialização e parcerias com o setor privado, o chefe do Executivo destaca como principal característica de seu governo a forma como a população andreense passou a se relacionar com a própria cidade. 

Com planos ambiciosos traçados ao longo dos últimos sete anos, a gestão tucana conseguiu reconectar as vocações do município às demandas dos moradores.

Qual é o balanço que o senhor faz desses quase oito anos completos como prefeito de Santo André?

A gente começou esse processo lá em 2016. E eu falava muito naquela oportunidade que Santo André precisava voltar a plantar para poder colher, que a gente teve praticamente dez anos de paralisação da cidade, da nossa capacidade de investimento, da saúde financeira, de planejamento, que foi interrompido e a cidade estagnou. Então, na verdade, Santo André perdeu muito nos dez anos anteriores ao nosso mandato. E a gente encontrou uma situação realmente muito debilitada, tanto do ponto de vista financeiro quanto do ponto de vista da organização administrativa. Era uma cidade muito paralisada em todos os aspectos. E nós seguimos muito o nosso plano de governo, que eu considero que é um contrato com a sociedade. Nós voltamos a plantar efetivamente, a gente colocou ordem na casa, reduziu o gasto, reduziu despesas E havia muitos gastos inúteis que a gente encontrou, como cartões corporativos, carros oficiais, excesso de secretarias e de funcionários comissionados. Conseguimos enxugar tudo isso. E, paralelamente, voltamos a planejar a cidade, ouvir bastante as demandas da população e planejar. Tivemos um novo plano de obras para recuperar a credibilidade para voltar a receber investimento privado. Porque essas coisas estão ligadas, uma cidade mais estabilizada atrai mais investimentos. O balanço que a gente faz hoje, apesar de todos os desafios que ainda estão colocados, e que tem muita coisa ainda para fazer, mas é um saldo muito positivo. Da cidade que não pagava salário em dia, nós temos a cidade que hoje tem R$ 1,5 bilhão de obras entregues. Da cidade que não gerava emprego, que a economia estava estagnada, nós temos uma cidade que por dois anos consecutivos foi a que mais gerou emprego no Grande ABC, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A cidade melhorou em todas as áreas e isso graças a esse pacote de um poder público mais eficiente, mais presente e que mudou a vida das pessoas para melhor. 

Quais foram os principais desafios?

O primeiro ano foi muito difícil, mas nós conseguimos. Reduzimos a dívida em 80%, fizemos a negociação com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), reduzimos os precatórios. Aliás, nós voltamos a pagar precatórios, que era algo que os últimos prefeitos ignoravam. Nossa gestão vai fechar os oito anos pagando quase R$ 1 bilhão de precatórios. Hoje, já estamos com aproximadamente R$ 800 milhões pagos. Se formos comparar, a gestão anterior à nossa pagou R$ 100 milhões em quatro anos. Para além disso, fizemos a cidade voltar a ter o nome limpo e aí, consequentemente, voltamos a ter capacidade de investimento e tudo voltou a funcionar. Claro que tem alguns serviços que demoram mais, como é o caso da saúde, por exemplo. O primeiro ano foi traumático, tivemos que fechar unidades para implementar nossos programas. Demorou praticamente um ano inteiro para concluirmos os programas. Mas com o passar do tempo, as pessoas sentiram as mudanças e tiveram suas vidas melhoradas. Elas passaram a se envolver e se conectar com o dia a dia na cidade. As pessoas voltaram a acreditar, a amar e a ter orgulho de morar em Santo André. 

O senhor falou sobre geração de emprego e seus secretários falam muito sobre a questão da agilidade. Qual foi a principal mudança para chegar ao patamar de hoje?

A gente tem o conceito da gestão sem papel. Nunca vai chegar a 100%, não existe mundo sem papel. Mas a gente pode reduzir, informatizar e usar as ferramentas tecnológicas para nos ajudar. 

Na questão de licenciamento e regularização de empresas, isso facilita muito a vida do empreendedor. A gente tem um sistema que aprova um projeto imobiliário e de construção civil em horas. É um processo de desburocratização que estamos fazendo. Em cenários menos complexos, por exemplo, se eu abrir uma empresa agora, daqui a quatro ou cinco horas eu já tenho o alvará de funcionamento. Antes, eram seis meses de média. A ferramenta tecnológica traz mais agilidade e também mais transparência. Todo esse processo é fundamental, mas em paralelo a isso é importante a gente, como gestão, assumir algumas coisas. A gente assumiu vocações que antes estavam disfarçadas, como o polo gastronômico, que assumimos como uma vocação e inovação, como fizemos ao tirar o parque tecnológico do papel e com isso temos inúmeras empresas instaladas na cidade. Então, acho que o ponto de mudança foi quando assumimos a verdadeira vocação da cidade, inovação em qualquer área, e paramos de buscar aquele modelo industrial ultrapassado, aquele saudosismo que, ao meu ver, é nocivo à cidade. ‘As indústrias vão voltar naquele mesmo formado de antigamente’. Não, não vão. A industrialização pode voltar? Claro, mas o formato é outro. E é preciso se adaptar a esse novo cenário. 

Nesse sentido, qual é o papel das obras viárias que foram e estão sendo feitas pela cidade?

A ampliação viária, como no caso do Santa Teresinha, vai fazer muita diferença. Ali é um dos maiores corredores que a gente tem. É um corredor local, mas é muito mais regional. Por ali passam 5.000 veículos por hora. Haverá um fluxo completamente diferente, vamos resolver um problema crônico. O tempo de viagem vai reduzir 70%. Já fizemos intervenções no Cassaquera, estamos fazendo o novo Complexo Maurício de Medeiros, lá no Cata Preta, enfim. 

E como essas obras impactam no Centro?

O Centro da cidade é antigo, como em todas as cidades grandes, e não dá para ampliar. São ruas com duas pistas no máximo. São estreitas e por elas passam praticamente 200 ônibus por hora nos corredores. E o que podemos fazer se não tem como ampliar? Temos que descentralizar a cidade. E nessa descentralização entram alguns eixos principais: o antigo metrô, que virou BRT, e que vai ajudar Santo André na divisa com São Bernardo. A Estação Pirelli também é outra descentralização importante, porque a gente faz uma ligação com o corredor da Vila Luzita que vai ter acesso ao trem e não vai mais precisar ir ao Centro. Vamos conseguir desobstruir o Centro com essa estação que estamos viabilizando junto ao governo do Estado. Esperamos que o governador (Tarcísio de Freitas) bata o martelo em breve.

Qual é a programação de entregas para esses oito meses finais de mandato?

Nós temos muita coisa. Algumas a gente vai conseguir cumprir agora no mês de aniversário. Nos 471 anos, somamos 11 entregas com celebração, declarando o amor pela cidade. Vamos ter festa, eventos, cultura, lazer, mas vamos ter entregas também. Temos o hospital veterinário, que é um equipamento muito aguardado. A causa animal virou uma das prioridades nos dias de hoje e é preciso políticas públicas para essa causa. Também teremos o Teatro Municipal, que vamos entregar no fim de abril. Inclusive, tenho muito orgulho de ter entregado três teatros nos últimos três aniversários da cidade. Em 2022 entregamos o Carlos Gomes, em 2023 o Conchita de Moraes e agora vamos entregar o Teatro Municipal. Vamos entregar a primeira usina fotovoltaica municipal no nosso complexo de três usinas, que é uma inovação. As cidades sempre buscam formas de reduzir a conta de luz da população por meio da contribuição da iluminação pública e com essa produção própria a gente vai conseguir essa redução. Tem o hospital da Vila Luzita, que vai complementar a nossa rede hospitalar e desafogar ainda mais o hospital municipal, o complexo viário do Santa Teresinha, a nova Avenida Maurício de Medeiros. Tudo isso fora os programas que são fixos, como o QualiSaúde, o Moeda Verde, Moeda Pet, Banco de Alimentos, todos esses viraram leis e vão estar em Santo André pelos próximos 500 anos. 

Qual é o seu maior legado nesses quase oito anos como prefeito de Santo André?

Eu não gosto de falar de legado porque ainda não acabou. Ainda temos oito meses pela frente, que é um tempo bem grande. Mas se a gente puder falar de algo positivo, acho que é a transformação permanente que iniciamos. A reconexão das pessoas com a própria cidade. Para mim isso é o principal. Hoje, as pessoas vivem, amam, curtem mais Santo André do que antes. Isso vai dos parques, passa pelas obras nos postos de saúde, pelas escolas, pelos asfaltos novos e assim a gente vê que cada um vive Santo André de um jeito. O nosso grande avanço foi conseguir, de alguma forma, tocar a vida de todos os moradores. É o que vemos quando fazemos a Feira da Fraternidade, quando vamos na Paixão de Cristo e vemos 5.000 pessoas numa igreja, 6.000 na outra, 7.000 na atividade que fizemos no domingo de Páscoa, enfim. A cidade está viva e participativa, o que não tinha antigamente. Então, acredito que isso tudo seja muito positivo e considero a nossa maior conquista. Não é nenhuma obra, não é questão só da gestão, são as pessoas. 




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