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Apesar de uma carreira respeitada, Grantsau tem trabalhos inéditos que ainda não foram publicados por falta de patrocinador. Entre eles, estão A fauna da Antártica, resultado de duas expedições das quais participou no navio da Marinha Barão de Teffé, nos períodos de novembro de 1985 a abril de 1986 e de novembro de 1988 a abril de 1989; e Os tucanos. O seu trabalho mais recente de pesquisa é sobre a fauna da Bahia, onde esteve em constantes expedições nos últimos cinco anos.
“Todos os cientistas e artistas trabalham mais pela própria satisfação, do que propriamente pelo lucro. Se você começa a pesquisar uma coisa, sente falta, muitas vezes, de dados na literatura e quer preencher esses buracos”, define.
Em seu pequeno escritório, rodeado por pilhas de livros, o cientista desenha fielmente em aquarelas ou a nanquim, cada espécie que retrata como observador. Amazônia, Pantanal, Cerrado, Banhados do Taim são alguns dos roteiros pesquisados por Grantsau no país, que lhe trazem boa recordação.
Ele demonstra um prazer incansável pela arte de descrever todas as espécies que passam em frente aos seus olhos. “Eu ainda tenho trabalhos sobre morcegos, que tornou-se um hobby para mim, e o levantamento das plantas carnívoras das Américas”, disse o cientista. Para completar as suas diversas habilidades, ele soma a de taxidermista, ou seja, faz réplicas de animais por meio de enxerto de peles, para importantes museus.
Grantsau já descobriu aproximadamente dez espécies novas de aves, que eternizam o seu nome nos catálogos mundiais. Entre elas, está um papagaio da Amazônia. “Quando a gente vai para uma expedição, tem de aproveitar o máximo e coletar tudo. Se verificar que há uma espécie botânica, também a desenho, porque pode servir para um algum colega.”
A persistência inata marca sua trajetória, como nas passagens pela Antártica. “Para mim ficou muito claro que, se eu ia para lá, teria de pesquisar tudo que veria de plantas e animais. Por isso, fiz um levantamento de todas as espécies que poderia encontrar antes da primeira viagem. É preciso ter uma sistemática. Com isso, quando cheguei lá, foi muito mais fácil catalogar e ajudar também meus companheiros de viagem”, afirmou.
Grantsau apenas afirma ter um ressentimento, durante todos esses anos. “Presenciei a degradação ecológica que sofreu muitas regiões do Brasil, como o Cerrado, e a região do Grande ABC. Com isso muitas aves, além de outros animais, que antes viviam por aqui, deixaram de aparecer.” Segundo ele, o resultado é que as próximas gerações acabarão por conhecer algumas espécies somente pelo trabalho de catalogação, pelos quais cientistas como ele são os responsáveis.
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