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Displicente, São Paulo empata e leva 2 pontos contra a Santista
Fernão Silveira
Do Diário OnLine
17/03/2001 | 18:12
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Oito gols (um marcado pelo goleiro), três pênaltis (um perdido), três bolas na trave e um dos melhores jogos do Campeonato Paulista de 2001: foi a síntese do empate em 4 a 4 entre Portuguesa Santista e São Paulo, neste sábado, no Ulrico Mursa (Santos), pela abertura da nona rodada do estadual. O ponto extra acabou ficando com o Tricolor paulista, que venceu a decisão nos pênaltis por 3 a 2.

O São Paulo perdeu a chance de assumir a liderança isolada do Paulistão e subiu ao segundo lugar, com 18 pontos (empatado com o São Caetano, que tem uma derrota e um jogo a menos). A Santista chegou aos 14 pontos e ocupa a oitava posição, atrás do Guarani.

A partida foi cheia de opções e mudou de lado diversas vezes. O São Paulo pôde liquidar a fatura logo no começo, mas permitiu a virada da Santista ainda no primeiro tempo. No segundo tempo, mais emoções e cinco gols. O Tricolor empatou e correu atrás da virada, chegando a abrir 4 x 2 a nove minutos do final. Jogo liquidado? Não mesmo: Tico Mineiro fez mais dois (foram três no total) e levou a decisão para os pênaltis.

"Arrancar um ponto de uma potência como o São Paulo já é muito bom. Fico muito feliz com o que os jogadores fizeram: eles trabalham muito", elogiou o técnico da Briosa, Muricy Ramalho (ex-zagueiro e ex-técnico do São Paulo).

Sem Wilson, o técnico Oswaldo Alvarez implantou o tradicional 4-4-2 no São Paulo, com Jean e Rogério Pinheiro na dupla de zaga e Júlio Batista e Cacá no meio-campo. A dupla de juniores na armação deu certo e o Tricolor manteve-se ofensivo durante toda a partida, com Luiz Fabiano (depois Fabiano Souza) e França bem servidos. Carlos Miguel, que substituiu Batista no segundo tempo, também entrou bem e participou de dois gols. Mas o maior destaque ficou para o lateral Belletti, convocado para a Seleção Brasileira por Émerson Leão. Pelo lado santista, a dupla de ataque desequilibrou: Zinho (ex-São Caetano) infernizou a defesa adversária e Tico Mineiro mostrou oportunismo na hora em que foi necessário.

O São Paulo começou arrasador para cima da Briosa e pôde matar a partida em 13 minutos. Logo aos 7, Luiz Fabiano recebeu de França na direita da área e fuzilou entre as pernas de Róbson para abrir o placar. Três minutos depois, Cacá invadiu a área pelo mesmo lado e foi derrubado por Valdir: pênalti. Belletti, novo cobrador oficial do São Paulo depois dos freqüentes erros de França, partiu displicente para o lance e chutou fraco no canto direito. Róbson pulou certo e desviou a bola, que ainda pegou na trave antes de sair pela linha de fundo.

Mesmo depois de perder a chance mais evidente da partida, o São Paulo seguiu imensamente superior e quase ampliou aos 13, em outro lance de bola parada. Rogério Ceni cobrou falta cometida em Cacá na meia-lua e acertou o travessão de Róbson. O São Paulo voltou a parar na trave de Róbson 12 minutos depois, em chute forte de Alexandre de fora da área.

Mas a facilidade levou o Tricolor a afrouxar e dar espaços à Briosa, que empatou em um momento inusitado, diante das dificuldades que enfrentava no ataque. Aos 27, Capitão escorou escanteio cobrado da direita e Belletti afastou em cima da linha de gol. Tico Mineiro tocou fraco de cabeça no rebote e Zinho, quase deitado na pequena área, só completou para o gol entre Gustavo Nery e Belletti.

O jogo mudou de lado e a Briosa desempatou nove minutos depois, em uma bobeada geral da zaga são-paulina. Tico Mineiro recebeu na área e acabou driblando Jean e Fábio Simplício quase sem querer. Caído no chão, Simplício puxou as pernas do atacante santista e cometeu pênalti. Tico partiu com categoria para a cobrança e deslocou para o canto direito de Rogério - com direito à "paradinha".

Não fosse a incompetência de Valdir, a Briosa teria virado para o intervalo com dois gols de vantagem. Zinho limpou Belletti, Simplício e Jean na arrancada e só rolou para o zagueiro dentro da área. Debaixo da trave, sem Rogério Ceni no lance, Valdir conseguiu chutar por cima e desperdiçar, aos 43.

Se Cacá foi o maior destaque tricolor do primeiro tempo, Belletti abusou dos espaços nas costas de Rossato na etapa final e participou dos três gols marcados pelo São Paulo. Nasceu justamente dele o lance do empate, aos 4.

Belletti desceu para o meio em uma arrancada da intermediária e foi derrubado na meia-lua. Rogério Ceni partiu para sua terceira tentativa. O goleiro são-paulino cobrou com precisão sobre a barreira santista e acertou o ângulo esquerdo de Róbson, que ficou parado.

Depois de meia hora bastante equilibrada, com São Paulo e Santista atacando perigosamente, o Tricolor marcou dois gols em dois minutos e deu nova impressão de que tinha o resultado garantido. Aos 35, Belletti desceu pela direita e tocou para Carlos Miguel dentro da área. O camisa 10 limpou o lance na linha de fundo e rolou no meio para Cacá só completar. No minuto seguinte, Belletti recebeu na área de Carlos Miguel e cruzou para França finalizar de peixinho para o gol de Róbson.

Mas a displicência são-paulina voltou a dar lugar à raça da Santista, que buscou o empate com dois gols de Tico Mineiro em seis minutos. A reação começou aos 39. Zinho fez fila na defesa adversária e deu para o colega tocar com o bico da chuteira na saída de Rogério. Em outra bobeada da defesa, aos 42, Zinho cruzou da esquerda e Tico Mineiro ficou com a sobra na cara do gol, mas foi derrubado por Gustavo Nery. O atacante da Briosa cobrou de novo, quase cinco minutos depois da marcação, e fez outra "paradinha" para enganar Rogério e voltar a igualar o placar.

Já nos descontos, aos 46, Gustavo Nery cobrou falta da esquerda e Jean acertou o travessão (terceira vez na partida) de Róbson na cabeçada. França quase marcou aos 49, mas completou mal novo cruzamento da esquerda.

Nas penalidades, ironia: Belletti se reabilitou e converteu sua cobrança; enquanto Tico Mineiro chutou para fora seu terceiro pênalti na partida. Rogério Ceni até trocou a espalhafatosa camisa laranja por um uniforme roxo, menos chamativo, para tentar dificultar o trabalho do atacante. "Não foi a camisa dele, não. Fui eu que chutei muito mal mesmo", assumiu.

O São Paulo volta à capital no próximo domingo, depois de três rodadas, para enfrentar o Guarani, no Morumbi. A Santista recebe o Rio Branco no Ulrico Mursa, no mesmo dia. No meio da semana, o Tricolor estréia na Copa do Brasil, contra o Botafogo da Paraíba.




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