Economia Titulo Empreendedorismo
Região ganha em 10 anos
30,6 mil pequenas firmas

Número equivale a 48% de crescimento no setor, com
faturamento anual de até R$ 3,6 mi; maioria é de serviços

Soraia Abreu Pedrozo
31/03/2013 | 07:19
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Em dez anos, o Grande ABC ganhou 30,6 mil micro e pequenas empresas – companhias com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões. Em 2000, havia 63,8 mil firmas e, em 2010, o número subiu 48%, para 94,5 mil. A maioria delas está no setor de serviços (que engloba oficinas mecânica, cabeleireiros, telemarketing, prestador de serviços para indústria, entre outros), seguida por comércio e indústria. No início da década, o comércio era predominante entre as de micro e pequenas companhias, com quase a metade delas (49,3%), mas foi perdendo espaço para serviços (36,7%). A indústria (13,8%), com a disseminação da terceirização de serviços voltados à área, também reduziu presença na região no período.

Os dados são os mais recentes disponibilizados pela Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Conforme o Sebrae-SP, as MPEs (Micro e Pequenas Empresas) representam 99% das empresas das sete cidades.

O expressivo crescimento de MPEs deve-se, na avaliação de Josephina Cardelli, gerente do escritório regional do Sebrae-SP, ao fato de o Grande ABC ser localidade de elevada renda per capta, com população altamente urbanizada e de escolaridade alta. “Características assim tendem a gerar muitas oportunidades em serviços. Isso é decorrente do fato que, à medida que a renda pessoal sobe, as grandes oportunidades de diversificação do consumo estão em serviços.”

APOSTA

A MV Pinturas, de Mauá, e a FAS, de São Bernardo, ajudaram a engordar a estatística, já que foram criadas há seis e dez anos, respectivamente. Ambas são do setor de serviços. “Nos últimos anos o segmento cresceu significativamente. Houve uma mudança cultural. Para se tornarem mais competitivas, muitas das indústrias aderiram a processos mais enxutos, e as que fabricavam peças ficaram somente com esta função, enquanto outras firmas tornaram-se responsáveis pelo fornecimento de serviços. Algumas, inclusive, mudaram de setor, deixando de produzir e realizando somente a manutenção”, explica Josephina.

Especializada em pintura industrial e tratamento de trincas em caixas d’água, entre outros, a MV Pinturas está em plena ebulição. Criada por um pedreiro mauaense, a pequena firma do Jardim Miranda registrou, em 2012, faturamento de R$ 2 milhões – o dobro de 2011. “Queremos voltar a dobrar as vendas”, diz Lilian Gonçalves, gerente administrativo-financeira. A MV tem 60% de seu mercado na região e, o restante, na Capital, Interior e Ceará.

A são-bernardense FAS, do bairro Espacial, especializou-se na fabricação de painéis de automação, tubulação e sistemas hidráulicos e pneumáticos, entre outros, e na instalação desses produtos. “Desenvolvemos projetos para empresas e cuidamos da manutenção”, explica a administradora Flaviana Leite. O carro-chefe da clientela está nas montadoras e nas fabricantes de elevadores. Cerca de 40% de seu mercado fica na região e, o restante, no Interior, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Companhias menores geram 50% dos empregos

 

As MPEs (Micro e Pequenas Empresas) são as maiores geradoras de emprego no Grande ABC, responsáveis por cerca de 50% dos postos de trabalho, segundo o Sebrae-SP. Ou seja, das cerca de 810 mil pessoas que trabalham nas sete cidades, conforme dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), pelo menos 405 mil são empregadas nas companhias de menor porte.

A MV Pinturas, de Mauá, que em meados de 2012 tinha 19 funcionários, hoje tem 28. A perspectiva é encerrar 2013 com 50 a 60 empregados.

A FAS, de São Bernardo, que iniciou 2012 com 50 profissionais, chegou a dezembro com 180. No entanto, teve de demitir 30 pessoas nos primeiros meses deste ano devido a recuo na demanda. Apesar da montanha-russa no saldo de empregos, a companhia está otimista. “Como estamos com muitos projetos, pretendemos terminar 2013 com 170 funcionários”, diz a administradora Flaviana Leite.

 

Quase 60% não ultrapassam o quinto ano de existência

 

Apesar dos benefícios à economia local e à geração de emprego, sobreviver nos primeiros anos de atividade não é tarefa fácil às companhias de micro e pequeno porte. Isso ocorre principalmente por operarem em ambiente altamente concorrencial, o que pode levar a margens de lucro pequenas, e pelo fato de muitas não se planejarem e nem investirem no negócio. Tanto é que, segundo estatística do Sebrae-SP, na região, 58% das empresas não ultrapassam o quinto ano de atividade.

A favor das MPEs se tem o regime de tributação ao qual elas são submetidas, o Simples Nacional. Em vez de recolher separadamente cada imposto à sua esfera, municipal, estadual e federal, o sistema permite a emissão de um único Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais), calculado no site da Receita Federal mediante notas fiscais. “Não é preciso ter controles contábeis e fiscais para apurar os impostos, o que requer investimento em tecnologia. E não é necessário realizar as declarações individualizadas dos tributos, como é exigido para as empresas de médio e grande porte”, diz o tributarista Miguel Silva.

 

 

 




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