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Depois de completado um mês da ocupação do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio do Janeiro, há controvérsias sobre as vantagens da ação policial. Alguns moradores dizem discordar que houve benefícios e temem a formação de milícias na região. Mas, na avaliação da PM (Polícia Militar) do Rio, a tomada do território foi uma ação positiva e a expectativa, agora, é oferecer serviços públicos à comunidade para acabar definitivamente com a ação dos bandidos nas favelas ocupadas.
"O nosso balanço é extremamente favorável", disse o relações públicas da PM, coronel Henrique de Lima Castro, destacando que o Rio de Janeiro recuperou uma área "belíssima" e que, por isso, já retomou o ritmo de visitas de turistas. Castro relatou que, na véspera de Natal, durante uma missa realizada na Concha Acústica, na subida da Igreja da Penha, foi procurado por turistas de estados como Mato Grosso, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo, que manifestaram a vontade de conhecer o local das operações policiais que tiveram repercussão na mídia internacional.
"Entendemos que tem um trabalho muito grande a ser feito. Por essa razão, temos lá [no Alemão] o Batalhão de Campanha exercendo a sua função, verificando ainda muitas informações que chegam [à Polícia]", avaliou.
Ao percorrer na última terça-feira becos e vielas complexo, a reportagem da Agência Brasil ouviu de moradores o receio de que traficantes voltem ao poder no complexo de favelas. Alguns deles chegaram a denunciar a presença de criminosos circulando desarmados e disfarçados na comunidade. Outros defenderam a saída dos policiais que, segundo eles, teriam manifestado sinais de formação de milícia na localidade.
A dona de um estabelecimento comercial, que não quis se identificar, afirmou ter recebido ameaças de traficantes, em bilhetes deixados sob a porta de sua loja. Segundo ela, o autor diz que vai incendiar o estabelecimento.
Ela acredita que a ameaça foi motivada pelo fato de ela ter permitido que a PM estacionasse viaturas em seu terreno. A comerciante lembra que, antes, enfrentava situação semelhante, quando não podia negar o pedido a criminosos e ainda corria o risco de ser presa por associação ao tráfico.
Outra moradora e comerciante, que também preferiu não se identificar, disse que não abre sua loja desde a entrada da polícia na favela. "Não houve um ‘vencemos o tráfico'", afirmou. Para essa moradora, a favela perdeu o dono anterior, que era o traficante, e tornou-se uma área com grande potencial para ser explorada por milicianos.
"Aqui dentro, se eu tivesse problema com um bandido, eu ia lá embaixo, esperava chegar o responsável [do tráfico] e falava. Agora, com a polícia aqui dentro, se um policial entrar na minha casa, roubar alguma coisa minha, eu vou fazer queixa para quem?", criticou, destacando que não é capaz de denunciar policiais corruptos para a própria corporação.
A Seção de Comunicação Social da Força de Pacificação informou que encaminhará as denúncias recebidas de moradores para o setor de inteligência, a quem caberá apurar os procedimentos relatados. A Seção de Comunicação Social disse estar surpresa com os relatos já que "até o presente momento as ouvidorias instaladas e o disque-denúncia não receberam qualquer tipo de reclamação", informou em nota.
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