A vida da bailarina norte-americana Isadora Duncan (1877-1927) poderia ser resumida como uma existência trágica, não fosse a protagonista desta história a representação do corpo e da alma na busca de liberdade. Representação que fluiu em forma de dança, e agora sobe aos palcos em teatro, com Isadora Duncan, "A Revolução na Dança", que estreia amanhã, no Teatro Brigadeiro, na Capital.

A mãe da dança moderna - que na passagem do século 19 para o 20 lançou outro olhar sobre a arte, baseando-se em figuras gregas e contrapondo-se ao formalismo da dança clássica - nessa peça é interpretada por Roberto Cordovani, que também dirige e assina o texto.

"Ela se encontra em todos os gráficos da personalidade, é uma personagem que passa da alegria para a tragédia. Os filhos morreram afogados, ela ficou grávida e a criança morreu enforcada pelo cordão. Ela mesma morre em um acidente de carro", conta Cordovani.

O ator e diretor, que já morou no Grande ABC, é fundador da Cia Internacional de Teatro de Repertório Arte Livre, com sede na Galícia, Espanha. E é especializado em interpretar grandes mitos femininos. Entre os nomes que Cordovani interpretou, figuram Greta Garbo - que lhe rendeu prêmio de melhor ator em Londres - e Evita Perón.

Com Isadora, que está em cartaz desde 2000, Cordovani traz o perfil do trágico que luta pela alegria e transforma a arte. "Ela viveu anos como fantasma das próprias tragédias. Tentava transformar qualquer acontecimento numa ponte positiva de comunicação. É aí que reina sua luz".

Quatro danças são apresentadas. As trilhas são as mesmas que Isadora usava, de música clássica. "Beethoven, Chopin, Debussy. E algumas percussões, porque ela gostava das influências afro", comenta o ator.

"O mais forte na vida de Isadora foi a liberdade que ela viveu e a herança que ela deixou. Na dança, ultrapassou os limites lógicos da época e até hoje, se estivesse viva, chocaria a todos com seu despojamento e solidariedade".

Isadora Duncan, A Revolução na Dança - Teatro. No Teatro Brigadeiro - Avenida Brigadeiro Luís Antonio, 884, São Paulo. Tel.: 3115-2637. Sáb., às 19h, dom., às 17h. Ingr.: R$ 40. Até 15 de agosto.