Obra de Mário de Andrade, que está em
domínio público, ganha adaptação em HQ
ouça este conteúdo
|
readme
|
Um dos textos mais famosos da literatura brasileira, lançado em 1928, Macunaíma – Herói Sem Nenhum Caráter, agora é livre. Explica-se: passados 70 anos da morte do autor, Mário de Andrade (1893-1945), a obra entrou em domínio público. E, por isso, ganhou a adaptação inédita em Macunaíma em Quadrinhos (Editora Peirópolis, 80 págs., R$ 39, em média), dos ilustradores Angelo Abu e Dan X.
O livro narra a saga de um anti-herói, preguiçoso e sem caráter, e é totalmente fiel à obra escrita. “A primeira vez que eu li Macunaíma fiquei com muita vontade de produzí-lo em quadrinhos, até porque Mário de Andrade fazia uso de linguagem de HQ: cheio de onomatopeias e caricata”, diz Abu.
Guardou a ideia por anos e verificou quando a obra estaria livre. Convidou, então, Dan para ajudá-lo na empreitada. “Achei pertinente chamá-lo, até para ter uma variedade de estilos que combinava com a ideia dos modernistas de incorporar várias influências. O próprio personagem vai se transformando na história. Achei rico que tivéssemos variedade de estilos”, explica. Como disse o próprio Mário, não se trata de “um romance, nem um poema, nem uma epopeia. (...) Diria antes, que é um coquetel. Um sacolejado de quanta coisa há por aí.”
E como é o Macunaíma em quadrinhos? “Imaginamos ele como um toco de pau, patuá indígena, um feitiçozinho. Incorporamos a descrição do Mário que ele tinha ‘olhos grandes, carinha de piá, sagui desmamado’ e fomos construindo”, explica Dan.
Para as cores, escolheram as preferidas dos modernistas, as primárias, bem explícita no Abaporu, de Tarsila do Amaral. Outra inspiração veio do quadro Batizado de Macunaíma, também de Tarsila, que o transformou em um bebê azul. Devoraram, portanto, a obra dos modernistas e personificaram o personagem com roupagens novas.
Além de lembrar o livro, ressalta Abu, ele fica mais acessível às pessoas, inclusive aos jovens. “Mesmo para os adolescentes que não tiveram contato com o livro ou filme, o quadrinho é bem mais convidativo, além de ter o poder de instigar o leitor a conhecer a obra original”, acredita Abu. Vida eterna ao Macunaíma.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.