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Na semana passada, uma empresa chinesa de Inteligência Artificial atraiu os olhares de todo o mundo, e seu aplicativo se tornou o mais baixado globalmente. Quando se fala nesse assunto, uma pergunta comum surge: a Inteligência Artificial substituirá médicos e médicas?
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou um relatório indicando que 27% dos empregos nos países membros estão em alto risco de automação pela Inteligência Artificial. Embora o estudo não se concentre exclusivamente na medicina, ele destaca a potencial vulnerabilidade de diversas profissões frente à automação.
Um dos avanços notáveis nesse campo é o uso de robôs em cirurgias. Sistemas como o Da Vinci permitem que médicos realizem procedimentos minimamente invasivos com maior precisão, reduzindo riscos e tempos de recuperação. Esses robôs oferecem vantagens significativas, como maior controle e menor margem de erro, mas ainda precisam ser operados e supervisionados por cirurgiões experientes. A presença humana é essencial para interpretar informações em tempo real, adaptar-se a situações imprevistas e garantir a segurança do paciente.
Além das cirurgias robóticas, a Inteligência Artificial já está sendo utilizada para transcrever conversas médicas, redigir relatórios e sugerir tratamentos, permitindo que os médicos dediquem mais tempo à interação direta com os pacientes. Em hospitais de diversos países, ferramentas de Inteligência Artificial ajudam na criação de diagnósticos e na personalização de tratamentos, mas a decisão final sempre cabe ao profissional humano, que leva em conta fatores subjetivos e o histórico completo do paciente.
Não há dúvida de que a Inteligência Artificial traz avanços na automatização, organização e revisão de processos, mas é importante destacar que a medicina vai muito além da execução de tarefas técnicas. Como temos discutido aqui neste espaço, a empatia e o contato humano continuam sendo pilares essenciais da prática médica.
Quando uma pessoa adoece, encontra-se em um momento de fragilidade e, ao procurar atendimento, deseja ser ouvida. A presença de um médico ou de uma médica, que utilize sua escuta como ferramenta de cuidado, certamente melhora o desfecho dessa relação. Quando este profissional demonstra que a fala do paciente é significativa, está transmitindo a mensagem: “você é importante”. Essa conexão faz com que a pessoa se sinta mais à vontade para relatar seus problemas e partilhar suas angústias, o que facilita a construção conjunta de um plano de cuidados. Quando médico e paciente discutem juntos os próximos passos, aumentam as chances de sucesso do tratamento. Neste momento não há perspectiva que a Inteligência Artificial consiga executar esta função.
Outro desafio da Inteligência Artificial na saúde é sua limitação na interpretação de nuances clínicas e contextos individuais. Por exemplo, pacientes que a utilizam para analisar seus exames laboratoriais podem receber interpretações incorretas, gerando ansiedade desnecessária ou conclusões equivocadas. O olhar crítico de um médico é indispensável para evitar diagnósticos errôneos e indicar os melhores tratamentos para cada caso.
Dessa forma, embora a Inteligência Artificial esteja revolucionando a medicina, eles não eliminam a necessidade do conhecimento, da experiência e da sensibilidade humana. A tecnologia deve ser vista como uma aliada dos médicos, potencializando suas capacidades e tornando os procedimentos mais seguros e eficazes, mas sempre sob supervisão profissional. O equilíbrio entre inovação e o toque humano será essencial para garantir um atendimento de saúde eficiente e humanizado.
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