Editorial

TEMPO QUE VALE O FUTURO

Sempre repercutimos as transformações da sociedade em diversos aspectos. E um deles se remete ao quanto estamos tendo que investir em conhecimento, a fim de ter o preparo necessário para enfrentrar a agressiva concorrência do mercado de trabalho. E o mais indicado é que esse percurso seja pensado na transição da fase de adolescente para adulto.

Não existe país evoluído se não tivermos convicção de que a Educação é o caminho. O Diário acredita nesse pensamento e inicia 2018 oferecendo o suplemento que leva o nome desse caminho tão significativo, mostrando possibilidades de estar perto dos livros, das boas oportunidades de trabalho e do sucesso e realização na vida.

A edição tem sugestões para quem está se preparando para entrar na faculdade, na pós-graduação e até mesmo querendo ingressar numa formação técnica. Sem esquecer de complementos necessários, como o aprendizado de um segundo idioma.

Como tempo tem sido valioso como ouro, especialistas orientam que aproveitar o período de estágio pode ser um forte impulso para alcançar um posto melhor e também para decidir qual pós-graduação pretende fazer.

Outras opções que têm agregado valor na otimização do tempo de estudo e gerado boa demanda de oportunidades em empresas são os cursos de tecnólogo e técnico. Fique de olho para saber as diferenças entre eles e o leque de opções de cursos, que podem propor uma nova habilidade num curto tempo. E os cursos EAD (Ensino a Distância) têm expandido, tanto no número de vagas quanto em opções nas universidades do Grande ABC.

E, para finalizar, um balanço de quanto o salário pode aumentar para quem tem uma segunda língua no currículo, elevando as remunerações em até 61%.

Boa leitura!

Momento Econômico influencia na decisão

Marília Montich

Decidir qual profissão seguir nunca foi tarefa fácil. Perto dos 16 anos, o jovem se vê com essa responsabilidade nas mãos: planejar como será a vida daquele momento em diante. Se a dúvida já provocava temor antes da crise econômica no País, agora a decisão parece ter ganhado ainda mais importância.

“Percebemos mudanças nesse período de dificuldade econômica. Há quatro anos, o jovem falava que escolhia a profissão porque gostava, mesmo que fosse para ganhar menos. Muitos, hoje, porém, não têm apoio dentro de casa. Por conta da crise, o pai está desempregado, por exemplo. Isso faz com que, muitas vezes, ele escolha a carreira pela remuneração”, explica Rafaela Gonçalves, coordenadora de treinamento do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios).

Um exemplo significativo dessa nova realidade é o que vem sendo observado na área de TI (Tecnologia da Informação), em constante ascensão. Segundo Renato Trindade, gerente da Page Personnel, empresa especializada em recrutamento, quem iniciava no curso há algumas temporadas já demonstrava afinidade com o assunto, o que mudou com o passar do tempo. “Antes ingressava na área quem realmente tinha vocação desde cedo, aquele que ia atrás e já fazia coisas sozinho mesmo antes de estudar. Agora vemos muitos profissionais que aprenderam tudo o que sabem só na faculdade.”

Trindade destaca, contudo, que tomar a decisão pensando somente em remuneração é um caminho perigoso. “Se eu não gosto de determinada atividade, não vou ter iniciativa ou mostrar resultados. Vale, então, o futuro profissional mesclar fatores, pois pensar só no dinheiro não é sustentável. O mercado deve ser analisado sim, mas, obviamente, tem de haver equilíbrio que leve em conta espaço, dinheiro, crescimento e felicidade”, ressalta.

Especialistas afirmam que é necessário fazer série de avaliações. “O jovem precisa entender quais habilidades possui. Em seguida, saber qual o grau de disputa do vestibular que deseja e tentar se preparar o melhor possível para evitar frustrações. Por último, estar disposto a lidar com a remuneração da área escolhida”, comenta Rafaela. “Em Exatas, por exemplo, a tendência é que se pague mais por conta da disponibilidade menor de profissionais”, completa. Avaliar o futuro da carreira também é essencial. “Pense se a profissão vai ter espaço, se as empresas estão investindo e se haverá possibilidade de emprego. Analise o mundo moderno e as tendências de mercado”, aponta Trindade.

Iago Magalhães, 25 anos, é estudante de Design e baseou a escolha da carreira em testes vocacionais e gostos pessoais. “Sempre tive bastante aptidão para a área desde novo, gostava de desenhar. Fiz testes vocacionais no Ensino Médio, tanto no colégio como por conta própria, que sempre apontavam para isso”, conta o jovem. Fazendo estágio há três meses, ele afirma que está satisfeito com a decisão que tomou.


FOCO. Importante observar rumo da área

Sintonia

Faculdades que não se renovam não empregam seus alunos. Muito além de transmitir conhecimento, as instituições de ensino estão cada vez mais atentas a alinhar suas grades curriculares às demandas do mercado, de forma a garantir futuro promissor aos egressos.

Em Santo André, a Strong Esags demonstra preocupação em integrar ensino e mercado desde sua criação, em 2001. A faculdade conta com conselho de empresários que discute com os coordenadores acadêmicos o perfil do egresso desejável.

Na Strong Esags, a cada dois anos o conteúdo dos programas das disciplinas é revisado. A grade segue em alinhamento com as exigências do MEC (Ministério da Educação), mas há flexibilidade com as disciplinas eletivas.

Na USCS (Universidade Municipal de São Caetano) há um conselho de curso no qual são eleitos professores, que estudam durante o período que dura a graduação – normalmente quatro anos –, o que o universo profissional atual exige, e tentam fazer as modificações necessárias.

Estágio ajuda a definir pós

Daniel Tossato

Escolher uma pós-graduação pode ser o momento decisivo para dar continuidade na carreira. Segundo especialistas da Educação, há muitos caminhos que o estudante pode seguir para obter sucesso em sua profissão. Alguns acreditam que a partir do estágio o colaborador já pode definir qual especialização escolher, enquanto outros apostam na definição do plano de carreira. Experimentar e sentir o ambiente profissional são dicas para seguir no caminho certo.

Para o gestor de cursos de pós-graduação latu sensu da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), professor Silton Marcell Romboli, o estágio é uma etapa importante para definir qual pós-graduação irá fazer, assim como a necessidade de que o curso escolhido “converse” com a graduação que foi feita. “Levar o tempo de estágio a sério é fundamental para que possa acertar na hora da pós. Deverá imergir nesta experiência, ficando atento à maneira que atua dentro da empresa”, explica o educador.

O professor detalha ainda que uma pós-graduação não pode ser encarada como a “abertura de um leque”, ou seja, um caminho para que o aluno explore áreas muito diferentes do que decidiu seguir. “O estudante de hoje tem pressa e acaba escolhendo caminhos que são alternativos, como cursos que fogem daquilo que iniciou. Isso atrapalha em sua jornada profissional”, alertou.

Na rota para alcançar degraus mais altos dentro de uma empresa, a especialização tem papel importante, já que, segundo o professor Romboli, a maioria dos colaboradores decide parar apenas na graduação. “O mercado está exigindo um profissional cada vez mais capacitado e uma faculdade já não é o bastante. Com a especialização, o colaborador passa a fazer parte de um grupo que se destaca na hora de disputar uma vaga ou uma promoção.”

Em contraponto, a coordenadora dos cursos de Educação Continuada da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Natacha Bertoia, acredita não haver problema caso um aluno queira fazer uma especialização que não tenha tanta relação com a graduação.

A professora afirma que o aluno ou colaborador já pode traçar seu objetivo quando elaborar seu plano profissional. “Se o candidato almeja ter qualquer tipo de cargo de gerência, por exemplo, ele tem que buscar conhecimento nesse sentido. Isso pode fazer com que tente cursos que estejam mais alinhados à vaga que queira.”

De acordo com Natacha, o espaço da pós-graduação pode oferecer mais do que somente um ambiente de conhecimento específico, mas também um local onde o aluno pode fazer networking, o que conta muito para conseguir uma mudança de emprego ou de área.

A professora ainda aconselha que o estudante espere ao menos um ano para ingressar em uma pós-graduação. Ela acredita que é necessário que o colaborador pegue alguma experiência na área para que possa escolher corretamente qual melhor recorte. “É através da convivência com o ambiente de trabalho que o profissional poderá selecionar com mais certeza onde gostará de atuar após uma especialização.”

Para ajudar o aluno a alcançar uma promoção de cargo no trabalho, a Universidade Mackenzie aplica uma monografia prática, na pós-graduação, na qual o estudante resolve problemas encontrados em ambientes profissionais. Caso a organização tenha parceria com a universidade, o estudante pode resolver problemas reais que acometem a empresa onde atua, ou buscar adversidades em outra instituição. “Se o trabalho for satisfatório, o aluno tem grandes chances de sair da pós-graduação com uma promoção garantida”, revelou.


APOSTA. Bárbara Vasques Sayuri escolheu fazer pós em Marketing

Caminhos diferentes, mesmo objetivo

Com a intenção de se recolocar no mercado de trabalho, a analista de marketing Bárbara Vasques Sayuri, 29 anos, investiu em uma pós-graduação. Formada em Publicidade e Propaganda, ela percebeu que não queria atuar nessa área, mesmo depois de passar por algumas agências. “Após um ano fora do mercado, decidi ingressar em uma especialização para me recolocar. Hoje atuo com área de marketing, que não é tão distante da minha formação”, explicou.

Seguindo o que os especialistas disseram, Bárbara quis pegar experiência no mercado do trabalho durante um tempo, para só depois escolher uma pós-graduação. Formada em 2010, a analista de marketing iniciou a especialização em 2017. “Não acho que tenha demorado, pois quis obter conhecimento. Fiz intercâmbio também, que me ajudou muito.”

om uma extensa vida acadêmica, a técnica previdenciária Fernanda Pitombo, 31 anos, tem seu plano profissional muito bem desenhado. Formada em 2006 em Administração, com MBA (Master in Business Administration) em 2009, Fernanda ingressou em um mestrado em 2017. Segundo a profissional, ela busca não só o upgrade na área profissional, mas também crescimento pessoal. “Foi com o MBA que consegui obter e entender muitas ferramentas que utilizo no trabalho. Hoje percebo que atuo com mais segurança do que atuaria apenas com a faculdade”, revelou. “Todas as minhas escolhas de estudo têm a ver com a carreira que escolhi”, concluiu.

Tecnólogo tem alta procura

Caroline Garcia

Com o diploma do Ensino Médio na mão, é hora de pensar “o que vou fazer quando crescer”. As opções são de perder de vista. Quem tem necessidade de se colocar no mercado de trabalho mais rapidamente pode optar por um curso de tecnólogo, que tem curta duração (entre dois e três anos), é focado em áreas específicas e dá direito ao diploma de Ensino Superior, assim como qualquer bacharelado de quatro anos. Apesar do nome parecido, não se deve confundir, no entanto, com Ensino técnico, no qual o aluno pode cursar, inclusive, concomitantemente ao Ensino Médio, mas o curso não é classificado como uma graduação de Ensino Superior.

“O tecnólogo é indicado para o aluno que sabe a área que quer atuar e se inserir num ramo específico do mercado de trabalho. Os primeiros semestres são comuns, para introdução, e os outros são compostos por disciplinas específicas para a atuação na área vigente, totalmente direcionados à exigência profissional”, explica Robinson Luiz Ferraresi, coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Logística da Anhanguera de São Bernardo.

O curto espaço de tempo para a formação foi uma das características que chamaram a atenção de Guilherme Alexandre Alves, 25 anos, de São Bernardo. “Decidi que seria legal para mim depois de perguntar a alguns amigos que já tiveram experiências com tecnólogos e também por meio de pesquisas na internet. Tendo em vista que o curso tinha duração muito menor que o tradicional, além de possuir as mesmas matérias, pois algumas eram adaptadas para serem frequentadas on-line, optei pelo curso.” Hoje, formado em Administração e Desenvolvimento de Sistemas há quatro anos, ele trabalha fornecendo suporte de TI (Tecnologia da Informação) para empresas e garante: “O mercado é vasto”.

Segundo a diretora da Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo) São Caetano, Adriane Fontana, essa especialidade encontra nichos de mercado que são relativamente novos. “É um tipo de graduação que tem crescido muito e tem uma aplicabilidade muito grande. Quantos problemas de segurança da informação, por exemplo, não tivemos no ano passado? Quem se identifica com o assunto procura se formar nisso e pode ter certeza que terá um futuro garantido na profissão.”

Formado em Administração e Desenvolvimento de Sistemas em 2010, Rodrigo Damas Wenzel, 27 anos, de São Bernardo, trabalha com business intelligence e afirma que a área está crescendo. “Faço essa análise tendo como base as propostas de emprego que recebo e também conversando com amigos que trabalham na mesma área. Não tive dificuldade de entrar no mercado, fiz estágio na própria faculdade e depois entrei para uma consultoria mostrando meu trabalho e o que sei fazer.”

Na Fatec, de acordo com a coordenadora, os estudantes já saem com portfólio pronto para ser apresentado no mercado de trabalho. “O TCC é aplicado na prática e há também trabalhos ao longo dos cursos que são executáveis. Em Jogos Digitais, por exemplo, o aluno já sai com dois ou três jogos prontos para serem vendidos no mercado”, conta Adriane.

Uma outra vantagem dessa opção de estudo é o fato de o profissional ter a possibilidade de se formar em diferentes ramos em um espaço de tempo menor do que levaria em uma única graduação de bacharelado. “Em menos de quatro anos, um aluno pode se formar em dois cursos porque, dependendo da modalidade, ao concluir um, ele consegue eliminar disciplinas comuns e fazer o segundo, em um tempo menor ainda”, diz Santiago Valverde, coordenador dos cursos superiores de Tecnologia presencial e a distância da Unip (Universidade Paulista).

EAD facilita estudo para alunos empregados

Além dos estudantes egressos do Ensino Médio, outro público dos tecnólogos são adultos que já estão empregados, mas que ainda não têm Ensino Superior e precisam do diploma para crescer profissionalmente. Nesse caso, os cursos a distância costumam ser os preferidos. “O principal perfil de público que procura nossos cursos são pessoas que já trabalham, não têm uma graduação e precisam disso, mas, ao mesmo tempo, não têm disponibilidade para se deslocar diariamente até uma faculdade”, afirma o professor Bernardo Fajardo, da FGV Ebape, instituição que só oferece cursos a distância.

É o que acontece com Andreza Danila Ferreira, 34 anos, de Santo André. “Sinto falta da presença do professor, mas optei pelo EAD por falta de tempo para conciliar casa, trabalho, filhos e também pelo custo.”

A mensalidade de um tecnólogo varia dependendo da especificidade do curso e da instituição escolhida. É possível, no entanto, encontrar graduações, em média, por R$ 450. Além de opções gratuitas, como no caso das Fatecs, que são estaduais e que oferecem cinco unidades na região, com 14 cursos diferentes. Assim como no bacharelado, o ingresso se dá por meio de vestibulares.

Qualificação em menos tempo

Dérek Bittencourt

Fazer curso que se baseia na demanda do mercado de trabalho, que oferece grade repleta de aulas práticas e que antes mesmo do fim pode abrir a porta em uma empresa. São estes os pilares de sustentação do ensino técnico no Brasil. Com a finalidade de preparar profissionais qualificados por experiências na prática e em menos tempo – em comparação às faculdades -, o público de todas idades, de diferentes níveis de escolaridade e de variadas condições socioeconômicas procura uma primeira oportunidade de emprego, um upgrade ou uma atualização nos conhecimentos ou então uma alternativa para mudança de carreira por meio desta modalidade de formação.

Com menos exigências do que os cursos superiores ou tecnólogos (leia mais na página 4), é possível ingressar no técnico de maneira integrada, concomitantemente ou na sequência à formação no Ensino Médio (apenas neste último caso existe a obrigatoriedade de já ter o diploma do Ensino Médio). Entre estas três opções existem os mais variados tipos de ofertas em instituições, que procuram alinhar suas grades de ensino às necessidades das empresas, costumeiramente consultadas e que rotineiramente procuram alunos antes mesmo de eles se formarem.

“Quando se fala em curso técnico não tem como deixar o mercado de lado. Ele tem de ser o alvo. Visamos preparar profissional para a atuação no mercado”, explica o coordenador do curso Técnico em Mecânica do Centro Educacional da Fundação Salvador Arena, Átila Santos Gomes, que recentemente participou da reformulação do curso, antes voltado à Metalurgia, com 40% a 45% de aulas práticas em laboratórios e oficinas. “Demos ouvido ao que o Polo Industrial do Grande ABC tinha de necessidade. A partir disso fizemos pesquisas com empresas de contratação e alinhamos. O curso mais adequado ao momento e ao cenário que a gente tende a amadurecer é o técnico em Mecânica. Vai dar formação mais adequada e atender melhor à demanda. Não adianta formar aluno que vai ter dificuldade de se colocar no mercado. A partir desse anseio do mercado, oferecer formação sólida, pró-atividade, conceitos autruístas”, complementa.

Visão similar tem o diretor da Etec (Escola Técnica Estadual) Lauro Gomes, de São Bernardo, Paulo Vicente Batista. “As empresas estão buscando profissionais qualificados através da educação. E optam pelos técnicos por estarem preparados. Procuram muitos estagiários nossos. Assim que termina primeiro módulo recebem propostas de emprego. E muitos são efetivados. Buscam profissional dinâmico, que atenda à demanda como um todo, não apenas função específica. Querem pessoa pró-ativa com qualidade”, destaca. “Por isso as grades curriculares são baseadas nas necessidades do mercado. Independentemente da área”, explica ele. A unidade são-bernardense – maior da região – oferece 11 cursos: Administração, Automação Industrial, Contabilidade, Eletroeletrônica, Eletrônica, Informática, Informática para Internet, Logística, Mecatrônica, Química e Secretariado, alguns deles ofertados de maneira integrada ao Ensino Médio. O Grande ABC ainda conta com Etecs em Santo André, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, ou seja, as sete cidades têm ofertas.

Quem optou em se tornar um técnico para buscar espaço no mercado foi Edvaldo Júnior, 35 anos, formado no curso de Metalurgia da Fundação Salvador Arena e, desde o oitavo mês de curso, empregado em empresa líder do ramo de ferramentas no País. “O curso técnico é importante ao pessoal que quer ingressar no mercado de trabalho mais rápido que na faculdade, porque é mais voltado para a prática.”

O Ensino Técnico no Brasil está superando preconceitos e se tornando solução, inclusive como um passo antes de se chegar à faculdade. “Hoje têm empresas que só permitem participar de processos seletivos os candidatos que tenham curso técnico”, diz Átila Gomes. “Acreditava-se que o Ensino Técnico era inferior ao Superior. Mas hoje entendemos que o Técnico tem seu lugar ao sol, empregabilidade mais rápida e em um ano e meio, em média, se está apto a ser profissional”, sugere o coordenador da Fundação Salvador Arena.

O processo seletivo para os cursos técnicos geralmente são por meio de vestibulinhos. As cargas horárias variam e podem chegar a 1.680 horas (vão de seis meses a dois anos, exceções feitas àqueles na área da Saúde).


OPORTUNIDADES. Empresas buscam profissionais já no estágio

Profissionalizante: opção simples e direta

Outro tipo de ensino que toma por base formação rápida sem exigir Ensino Médio completo é o profissionalizante. Com cursos de conteúdo enxuto e específico, além de cargas horárias atrativas – é possível se formar em um mês, mas há opções que chegam a um semestre –, a modalidade se torna alternativa para buscar um diferencial na luta por empregos ou então para empresas que pretendem qualificar seus funcionários, com direito a certificado de conclusão (e, em certos casos, até mesmo carimbo na carteira profissional para confirmar a formação).

São muitas as ofertas no mercado, como cursos de Inglês, Informática, Culinária, Manicure, Massoterapia, Depilação e outros incontáveis. Na Escola Piping, há 51 anos formando e capacitando profissionais em Santo André, por exemplo, são 35 opções aos interessados (os mais procurados são soldagem, mecânica de refrigeração e eletricidade), nas mais variadas áreas, sob um tíquete médio de R$ 340. A duração varia entre 90 e 120 horas.

“A gente ensina o arroz e feijão do dia a dia. O tempo de curso é menor, mas o aluno vai sair com prática”, aponta a diretora administrativa Lelissa Ghize, que aponta público bastante heterogêneo na busca pelos cursos. “Temos alunos muito diversificados. Desde aqueles com formação em Engenharia até outros que vêm de ‘chão de fábrica’. Temos bastante gente que quer mudar de área ou abrir próprio negócio, como também profissionais que já estão empregados e querem subir de cargo”, enumera.

Bem como os cursos técnicos, os profissionalizantes – dentro de suas limitações – também tentam atender o que o mercado vem exigindo.

Universidades investem na ampliação do EAD

Yara Ferraz

Com a correria diária e a preocupação com uma boa colocação no mercado de trabalho, o EAD (Ensino a Distância) se firma como opção para este perfil de aluno. No Grande ABC, universidades investem na expansão do módulo, que já possui grande oferta.

Entre elas está a Universidade Metodista de São Paulo, que introduziu os primeiros 16 cursos superiores a distância em 2006. Para este ano, a instituição abriu 21 cursos e seis graduações para licenciatura (quando o aluno já tem curso superior), além de 18 cursos semipresenciais, onde metade das aulas é feitas on-line.

Para se ter noção do impacto na quantidade de estudantes, o intuito é que, com a abertura, sejam oferecidas mais 4.000 vagas. No ano passado, 8.000 alunos estavam matriculados na modalidade.

De acordo com o coordenador de ensino a distância da universidade, Márcio Olivério, um dos pontos de importância para a universidade, também, é chegar até o aluno que mora mais longe dos campi, localizados em São Bernardo.

“Uma das possibilidades da modalidade é levar Educação de qualidade para regiões distantes do País, que não teriam condições de abrigar uma grande universidade com cursos presenciais. Por outro lado, também há alunos das capitais e grandes cidades que optam pelo EAD para conciliar estudos com trabalho, daí o crescimento desse tipo de ensino em comparação ao presencial. Essa expansão tem relação com a ascensão de usuários da internet, com a problemática mobilidade nos grandes centros urbanos e com o caráter inclusivo, que concentra os alunos principalmente nas faixas etárias de 26 a 40 anos, diferentemente da modalidade presencial, onde os estudantes predominam na faixa até 25 anos”, classificou.

Um outro ponto, que também pode pesar na questão da escolha, é o preço. Na universidade, os cursos do tipo custam, em média, 75% a menos do que as graduações presenciais. Via de regra, as modalidades a distância costumam ter um peso menor para o bolso.

Presente com cinco campi na região, a Universidade Anhanguera também vem notando crescimento de interessados no módulo. A expectativa é que neste ano a demanda do número de alunos seja 30% a mais do que na graduação presencial. No campus Rudge Ramos, o EAD foi implantado no ano passado. Atualmente são 30 cursos disponíveis.

“Olhando para a região, a gente sabe que de 2015 para 2016, o volume de ingressantes aumentou em 20%. Na educação presencial não aumenta na mesma proporção e também há muitas pessoas mudando de modalidade”, disse.

Até mesmo a UFABC (Universidade Federal do ABC), localizada em Santo André, tem expectativa de um crescimento progressivo para o ensino. O primeiro curso, Especialização em Tecnologias e Sistemas de Informação, foi ofertado em 2010 com 200 vagas. No último ano, foram 1.600 vagas (sendo que o número de aluno corresponde a 90% do montante) em três especializações, pós-graduação e cursos de extensão semipresenciais.



Disciplina é necessária para ingressantes

Apesar da facilidade de estudar em casa, quem opta pela graduação à distância, precisa manter disciplina e fazer atividades em determinados horários. Morador de Santo André Márcio Borges Medeiros, 39 anos, realizou um curso de tecnologia de gestão no período de dois anos por EAD.

“Ainda mais como profissional de TI (Tecnologia da Informação) vejo este como um caminho sem volta. A própria rotina do dia a dia faz com que seja mais fácil o ensino a distância”, afirmou ele, que além da graduação, atualmente cursa uma pós-graduação no mesmo módulo.

Todo o conteúdo dos cursos presenciais, é garantido no módulo. O aluno que opta pelo curso, conta com material de apoio, aulas ao vivo e até mesmos plantões de dúvidas com os professores. Porém, por conta da facilidade, a disciplina no horário dos estudos, é fundamental.

Segundo ele, uma das dificuldades, foi a reunião do grupo para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). “Como eram pessoas com disponibilidade de tempo diferentes, era problemático na questão de revisar os conteúdos do trabalho. Por conta do ensino, eu não tive nenhuma dificuldade”, disse.

Ser fluente em segundo idioma pode aumentar salário em 61%

Anderson Fattori

Falar um segundo idioma, além do Português, há muito tempo deixou de ser opcional para os profissionais que almejam conseguir boa colocação no mercado de trabalho. Mas o que pesquisas recentes apontam é que, além de decisivo na concorrência pelas vagas disponíveis, ser fluente em inglês, principalmente, pode aumentar consideravelmente o salário comparando colaboradores com cargos semelhantes.

A diferença salarial para profissionais que dominam a língua inglesa pode chegar a 61% nos cargos mais elevados dentro das instituições, como gerente, diretor ou presidente. Um especialista graduado que fala o segundo idioma ganha pelo menos 12% a mais, isso se estiver apenas no nível básico. Caso ele seja fluente, a diferença pode chegar a 56% (veja as diferenças salariais na tabela acima).

“Existe uma diferenciação no valor do salário, mas vai depender bastante da área de atuação e do nível de senioridade (tempo ocupando o mesmo cargo) do profissional. Isso varia de empresa para empresa”, reforça a coordenadora de recursos humanos da recrutadora Luandre, que tem filial no Grande ABC, Renata Motone.

Os dados são da 53ª edição da Pesquisa Salarial da Catho, agência de recrutamento on-line. Em janeiro de 2017, os pesquisadores ouviram 13.161 profissionais de diferentes níveis hierárquicos para chegar a essa conclusão. “A qualificação é fundamental para conseguir destaque na carreira. E isso fica ainda mais evidente em tempos de crise como o que vivemos. Falar um segundo idioma é o primeiro passo para conseguir atingir os objetivos na vida profissional”, explica o diretor da Catho Educação, Cristóvão Loureiro.

Não é só a língua inglesa que faz diferença na hora de procurar emprego ou buscar melhor colocação dentro do quadro de funcionários da empresa. A mesma pesquisa aposta que um gerente que fala fluentemente o espanhol ganha 52% a mais do que o colega que domina apenas o português. A diferença chega a 71% na função de técnico especialista.

Além de mais bem remunerado, o profissional bilíngue tem mais chances de conseguir o primeiro emprego ou então uma recolocação no mercado de trabalho. “Em alguns casos, pode ser que o segundo idioma seja visto como diferencial, contribuindo na decisão para a aprovação do candidato em determinadas vagas. Além disso, falar uma segunda língua aumenta o leque para a busca de vagas. Profissionais com idiomas fluentes olham para oportunidades em empresas de grande porte, multinacionais, onde podem desenhar um desenvolvimento maior para a carreira”, enfatiza Renata Motone.

Tecnologia facilita busca por outra língua

Existem diversas maneiras para conseguir fluência em um segundo idioma. A mais tradicional é por meio das escolas especializadas em idiomas, que estão cada vez mais flexíveis para conseguir encaixar o conteúdo no tempo livre do candidato ou do trabalhador. Algumas, inclusive, oferecem o serviço a distância. Mas, com o avanço da tecnologia, é comum encontrarmos pessoas que falam mais de uma língua e aprenderam tudo sozinhas, seja por meio de aplicativos para celular ou por ter feito intercâmbio.

Um dos aplicativos gratuitos mais usados no mundo na busca por um segundo idioma é o Duolingo, que tem mais de 100 milhões de downloads e está disponível para sistemas Android e iOs . Nele, o usuário tem a opção de selecionar seu nível no idioma desejado – inglês ou espanhol – e depois disso as aulas são separadas por temas, como roupas, direções, comidas, animais, entre outros. Além de falar, o estudante treina audição e gramática, tudo por meio da técnica da memorização.

Outra forma divertida e muito usada, principalmente pelos jovens, para aprender ou se aperfeiçoar em outro idioma, é por meio da música. Neste caso, um dos sites mais indicados por professores é o www.lyricstraining.com, onde, após um pequeno cadastro, que é gratuito, o usuário tem acesso a músicas em diversos idiomas nos quais pode assistir aos clipes e completar as lacunas que são abertas na letra – de acordo com o nível do estudante, cada vez mais espaços são abertos.

Para quem dispõe de recursos, a busca por intercâmbio também é ótima alternativa, tanto que é cada vez maior o número de brasileiros que buscam esta alternativa. Segundo pesquisa da Belta, uma das maiores recrutadoras do Brasil, houve aumento de 82% na procura de pessoas fazendo intercâmbio em 2016, se comparados com os números de 2015. A faixa etária dos que mais procuram o método varia de adultos entre 25 e 29 anos e os países que mais receberam viajantes brasileiros neste período foram Canadá, Estados Unidos e Austrália.

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