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Já Lara Rodrigues diz resignada que todo Pedrinho e Narizinho já entra para o Sítio sabendo que terá de sair um dia. Mas acrescenta que esperava que esse dia não chegasse nunca. “Na hora, bateu uma tristeza só! Afinal, já estamos juntos há quase dois anos. Viramos uma família!”, afirma. Mesmo assim, Lara prefere ver o lado bom da situação: ela se diz ansiosa por atuar em outras produções da emissora, como novelas e minisséries. Decidida a prosseguir na carreira artística, a menina fala da experiência adquirida nos dois anos em que interpretou a Narizinho do Sítio. “Todo mês, recebemos a visita de alguém muito legal. Tive a chance de contracenar com grandes atores, como Lima Duarte, Cláudia Raia e Ney Latorraca”, afirma.
A atual diretora do Sítio, Cininha de Paula, não pretende abrir inscrições para escolher os novos Pedrinho e Narizinho. Ela recorrerá ao acervo de fitas da própria Globo para selecionar os substitutos de César e Lara. Depois de uma pré-seleção, os candidatos participarão de testes de vídeo e interpretação. “Não adianta abrir inscrições para o Brasil inteiro porque não vou ter condições de trazer crianças das regiões Norte e Nordeste para trabalhar no Rio. Tem de ser alguém daqui mesmo”, diz. A reformulação no elenco do Sítio, acrescenta ela, não se estenderá às outras crianças da série, Isabelle Drummond e Isack Dahora. “A Emília e o Saci não têm idade ou tamanho específico. Os dois, inclusive, sempre foram interpretados por adultos. Por mim, essas crianças não sairiam nunca”, diz.
Na verdade, a troca de crianças é quase uma tradição no Sítio do Picapau Amarelo. A primeira versão do seriado, exibida na Globo entre 1977 e 1986, contou com três Pedrinhos e quatro Narizinhos diferentes. Os mais famosos deles, Júlio César Vieira e Rosana Garcia, deixaram o elenco em 1980. Júlio César cresceu tanto que chegou a fazer o personagem de joelhos porque já estava mais alto que André Valli, intérprete do Visconde de Sabugosa. Para escolher seus substitutos, a Globo recebeu cerca de 7 mil cartas de crianças de todo o Brasil. Depois de dezenas de entrevistas e testes, Marcelo José Patelli e Danielle Cristina Rodrigues foram os escolhidos. Hoje gerente comercial de uma transportadora de carga, Júlio César acredita que não tenha voltado a fazer sucesso na TV porque sua imagem ficou bastante associada à de Pedrinho. “Eu me sinto honrado por ter feito parte da infância de muitos”, afirma.
César Cardadeiro também teme por seu futuro na TV. “Todo mundo no colégio, só me chama de Pedrinho. Até a professora. Ninguém sabe meu nome verdadeiro”, diz. Para que eles não vivam o drama de tantas outras crianças, que cresceram e nunca mais repetiram o áureo sucesso da infância, a atriz Rosana Garcia, atualmente responsável pela preparação dos atores-mirins das novelas da Globo, dá um conselho a César e Lara. “Meu pai sempre disse que o trabalho na TV não pode subir à cabeça. Por isso mesmo, a criança tem de aproveitar a vida e não se comportar como se fosse um pequeno adulto”, afirma.
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