Secretaria da Educação disse que o ‘serviço deve ser regularizado nas próximas semanas’
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Grupo de mães de São Bernardo denuncia falta de transporte escolar para estudantes autistas. Segundo relatos dos familiares do bairro Capelinha, os jovens de 13 anos, diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), estão desde o início do ano letivo sem frequentar a Escola Estadual José Jorge do Amaral, localizada a 7 km de distância.
O governo do Estado disponibiliza dois modelos de transporte escolar gratuito para PCDs (Pessoas com Deficiência): o regular, com ou sem a presença de monitor, e o adaptado, quando necessário. O benefício é concedido ao aluno matriculado em escola da rede estadual que esteja localizada a uma distância mínima de dois quilômetros do seu endereço de origem, entre outros critérios. Aos familiares, a direção escolar teria informado que o serviço não foi liberado.
A cozinheira Eliane de Souza Santos, 47 anos, conta que seu filho João Vitor Santos Cassettari, 13, foi um único dia na escola, no início do ano, para conhecer a instituição. Matriculado no sexto ano do fundamental, o adolescente apresenta quadros depressivos devido à falta de socialização com outros jovens.
“A crise dele piorou muito nesse período, só quer ficar trancado no quarto e comendo compulsivamente. O Conselho Tutelar de São Bernardo também está tentando ajudar, mas nem eles estão conseguindo retorno. Só pedem para esperar, mas enquanto isso, o João fica sem aula e vai piorando. Nossas crianças não estão sendo incluídas como deve ser. Pelo contrário, estão sendo excluídas”, desabafa Eliane, que está sem trabalhar, pois precisou abandonar o emprego para cuidar do filho.
O mesmo ocorre com o jovem Kaua Henrique Torres de Jesus, 13, que apesar de ainda não ser alfabetizado, não frequenta as aulas na escola estadual por falta de transporte. A mãe, Andreza Torres, 30, explica que não consegue levar o jovem por causa de sua outra filha, de 7 anos, que vai à escola no mesmo horário. “Estamos ansiosos pela ligação quando finalmente vão liberar o transporte. O Kaua está muito ansioso, esse ano ainda não conseguiu estudar”, lamenta a mãe, que está desempregada.
Além do atraso devido à ausência nas aulas, a falta de transporte escolar impacta na qualidade de vida dos alunos. A adolescente Anna Julya Gomes dos Anjos, 13, diagnosticada com TEA, utiliza o serviço comum. No entanto, solicitou no início do ano o transporte especial.
Sua mãe, Jaqueline Santos Gomes, 36, explica que a estudante sente desconfortos devido ao excesso de barulho. “Há dias que ela chora por causa da bagunça no ônibus e acaba voltando para casa. Não consegue ir para a escola. Ela precisa do transporte específico. Além do autismo, a Anna possui TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e DI (Deficiência Intelectual). Minha filha só tem tamanho, mas possui uma mentalidade de uma criança de 5 anos. Precisa de cuidados”, pediu Jaqueline.
Questionada, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que está trabalhando para a regularização nas próximas semanas. “Após a normalização do serviço, todo o conteúdo pedagógico perdido será reposto. A Pasta lamenta a demora no atendimento aos estudantes em razão dos trâmites licitatórios.”
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