O coelho, tradicionalmente associado à fertilidade e à vida, é um dos principais símbolos populares da Páscoa. Embora não faça parte da liturgia da Igreja Católica, a figura do animal pode dialogar com os valores cristãos e ser usada na catequese com as crianças. “O coelho é símbolo de fertilidade, ou seja, da vida. É ressurreição para nós. Ele não faz parte da liturgia oficial da Igreja, mas tem características que dialogam”, explica o padre Marcos Vinicius Wanderlei da Silva, 37 anos, da Paróquia São Camilo de Lelis, em Santo André. 

Além dos elementos populares, a Igreja Católica guarda símbolos que revelam o verdadeiro sentido da Páscoa. A celebração da Vigília Pascal, considerada a ‘mãe de todas as vigílias’, é marcada por sinais que representam a ressurreição de Cristo e a vida nova do cristão. 

“Dentro da própria liturgia do Sábado Santo, nós temos alguns símbolos muito importantes, como o Círio Pascal, que é aceso no fogo novo. Ele representa o Cristo ressuscitado, luz do mundo, que dissipa as trevas. Quando o padre entra com o Círio e proclama ‘Eis a luz de Cristo’, essa chama passa de vela em vela, simbolizando que a luz de Cristo nos ilumina e nos chama a ser também luz no mundo”, destaca. 

Dayane Camargo da Silva Prado, 34, analista comercial, diz que se ela pudesse escolher um símbolo pascal que mais fizesse sentido, seria o Círio. “Representa a luz de Deus, que fez muitos milagres na minha vida.” Um dos milagres que ela relata é o nascimento do filho, Matteo, 2. “Inclusive, acredito que a luz que veio através do meu filho para mim é, com certeza, reflexo da luz de Cristo”, disse.

Outro símbolo central da liturgia é a água. Utilizada no rito batismal da vigília, ela representa purificação e vida nova. “A pia batismal é como um útero da Igreja, onde são gerados os novos filhos de Deus. A água nos recorda que morremos para o pecado e ressuscitamos para uma nova vida com Cristo”, explica o sacerdote. Nesse contexto, a veste branca também tem profundo significado. “Ela não é só uma roupa, mas um sinal de pureza. O branco simboliza a santidade que somos chamados a viver. Manter a veste branca é manter a vida em conformidade com os ensinamentos de Cristo”, completa. 

Padre Marcos da Silva ainda ressalta a simbologia do cordeiro. “Quando teve a Páscoa do Êxodo, o povo hebreu ofereceu o sacrifício do cordeiro, certo? O povo hebreu fez o sacrifício do cordeiro e ele foi preparado e comido como refeição sagrada. E o sangue deste cordeiro deveria ser utilizado para marcar o batente das portas. O anjo do Senhor passaria por eles e não seria feito nada com aqueles cujas casas tivessem o sangue do cordeiro marcado. E daí vem a dimensão da Páscoa. O Senhor é o nosso cordeiro. Ele é o cordeiro, o sacerdote, o altar e o sacrifício, porque oferece o sacrifício que é Ele mesmo. E seu sangue marca a todos nós. E com o sangue derramado na cruz salva a todos e nos dá a possibilidade da vida eterna, da ressurreição”, explica o pároco. 

Julia Vicentini Alcantara, 21, estudante de psicologia, reforça a fé durante a Páscoa. “Eu, como pessoa que cresceu na igreja, vivo e professo a fé católica, acredito que o meu foco tem que estar no sentido que eu creio: na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo”, ilustra. 

Durante a Quaresma e especialmente no Tríduo Pascal, a comunidade paroquial é convidada a mergulhar nesse mistério por meio de reflexões e orações. “A liturgia está relacionada a vivências cotidianas. Queremos que os fiéis tenham uma experiência profunda com Deus, sintam-se amados e recebam esse ar de ressurreição e de alegria que o Cristo vivo quer nos conceder”, finaliza padre Marcos da Silva.