Foram 406 registros de picadas de animais como aranha, escorpião e cobra, porém sem morte, contra 337 em 2023, quando houve um óbito
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No Grande ABC, o número de acidentes com animais peçonhentos, que são aqueles que produzem veneno, como aranha, escorpião e cobra, cresceu 20% em 2024, porém, não houve morte. Foram 406 casos no período, contra 337 em 2023, quando ocorreu um óbito, de acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo. Neste ano, até 13 de fevereiro, foram registrados 23 acidentes, sem vítima fatal.
De acordo com dados dos departamentos de Zoonoses dos respectivos municípios, em Rio Grande da Serra ocorreram sete casos de acidentes com animais peçonhentos em 2023, dez em 2024 e quatro neste ano. Em Mauá, foram 109 acidentes em 2023, 111 em 2024 e 26 em 2025. As demais cidades não informaram os números de acidentes.
A médica veterinária do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo e moradora de Santo André, Gisele Freitas, explica que animais peçonhentos são aqueles que não só produzem veneno, mas que são capazes de injetá-lo em outro organismo. “Os dados computam apenas ocorrências com abelhas, lagartas do gênero Lonomia, escorpiões, serpentes (cobras) das famílias da jararaca, cascavel, coral verdadeira e surucucu-pico-de-jaca, mas essa última não tem na região de São Paulo; e aranhas como a marrom e a armadeira”, afirma.
A especialista diz que existem outros animais, como raias e vespas, além de alguns peixes com ferrões, que injetam veneno, mas que a vigilância não monitora. Também há bichos que produzem veneno, mas não injetam em outro corpo diretamente por meio de ferrões. Estes também não são monitorados. São os casos de sapos, rãs e pererecas, e outros tipos de aranha, que podem transmitir seus venenos de formas não tão comuns.
O mecânico e morador de São Caetano, Rinaldo de Araújo, 58 anos, viveu uma experiência rara há 30 anos quando consertava um automóvel e uma aranha caranguejeira, escondida no motor, pulou em seu rosto. “No dia seguinte, eu senti como se tivesse um plástico no meu olho. Passei por vários médicos até descobrir que foi o pelo da aranha, segundo os especialistas que me atenderam. Realizei quatro transplantes de córnea e sete cirurgias, mas não conseguiram salvar meu olho direito, que ficou todo branco e sem visão, e, no esquerdo, perdi 30%. Também quase perdi a vida”, conta ele, sobre o tratamento que demorou alguns anos para ser concluído.
SOROS
O caso de Rinaldo é raro e sem tratamento eficaz, mas os venenos dos animais peçonhentos monitorados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica possuem soros antiofídicos que os neutralizam. O atendimento precisa ser rápido, pois alguns deles, como o do escorpião, agem rapidamente, podendo matar em uma hora e meia, segundo Gisele Freitas.
A médica veterinária alerta para acidentes com escorpiões especialmente em crianças de até 10 anos. “Elas podem não ver o escorpião nem identificar o que aconteceu. Se os pais identificarem que uma criança saudável começou a chorar desesperadamente de repente, porque o local da picada vai doer muito, mas não deixa marcas, e ainda apresentar quadro de vômito, é importante levar rapidamente para atendimento.”
Como medida preventiva, a veterinária recomenda sacudir roupas e calçados antes de vesti-los e tomar cuidado com caixas de brinquedos abertas que ficam no chão, onde o escorpião pode se alojar. A especialista ressalta que o animal é comum em áreas urbanas como Santo André, Diadema e Mauá. Já as serpentes podem surgir em regiões semiurbanas, com áreas de mata, como em Ribeirão Pires e São Bernardo.
Para reduzir o tempo entre a picada e o atendimento, o Estado disponibiliza os soros em 226 Pesas (Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno). No Grande ABC, a unidade fica em São Bernardo. Há ainda um ponto em Mogi das Cruzes, mais próximo à Ribeirão Pires e à Rio Grande da Serra. O Hospital Vital Brazil, no Butantã, em São Paulo, é o que está mais perto de São Caetano. O endereço de cada um dos pontos pode ser conferido em //cievs.saude.sp.gov.br/soro/.
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