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Pintora de Diadema ajuda pessoas e resgata passado graças a arte

Ordalina Candido acumula experiências com ensino de arte e de cabelereiro para jovens da periferia ou em situação de rua na região

Renan Soares
12/08/2023 | 07:00
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Ordalina possui ateliê em DIadema e segue ensinando (FOTO: Celso Luiz/DGABC)

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Tema de música, documentários, e homenageada em bibliotecas, cursinhos e museus, a paranaense radicada em Diadema, Ordalina Candido, 78 anos, tem a luta como sinônimo de sua vida. A pintora e cabeleireira autodidata busca desde a infância, através de seu talento com a arte, resgatar raízes ancestrais do Brasil, ao mesmo tempo em que pensa no futuro, com um forte trabalho social para jovens da periferia ou em situação de rua.

Nascida em Cambará, no Paraná, em 1945, Ordalina enfrentou logo criança as dificuldades da vida, no Colégio Imaculada Conceição. Matriculada em troca do serviço da mãe no local, a artista era a única criança negra em um ambiente elitista, mas foi neste espaço que deu os primeiros passos com a pintura, realizando aulas de arte e música, sendo sempre uma das melhores da sala, condição para que a mãe tivesse seu emprego mantido.

Após se formar professora de arte no fim dos estudos no Paraná, partiu para São Paulo, onde se mudou algumas vezes até se estabelecer em Diadema, nesta época, porém, fora do mundo das artes. Foi como cabeleira que Ordalina alcançou um grande público pela primeira vez, com seu salão Ordalina Black and White, com cortes de cabelo que valorizou a cultura negra por quinze anos. Ela relembra quando buscava fornecer ajuda a jovens moradores em situação de rua, ensinado suas artes.

“Devemos sempre olhar para as pessoas com bons olhos para captar o que se está precisando. Quero sempre levar a boa ação para as pessoas, principalmente para aquelas que falta alguma coisa”, diz Ordalina sobre sua trajetória. “Sonho em ver um mundo feliz, bom e com pessoas felizes, por isso levo a arte, de qualquer tipo. Sei que, o que sonho, muitos sonham também”, finaliza.

O social, inclusive, é tema principal na narrativa da artista diademense, que acumula passagens ensinando arte em locais como a Fundação Casa e na organização social Rede Cultural Beija-Flor. Hoje trabalhando no Projeto Sensorial, de ensino de arte em São Bernardo, Ordalina ressalta sempre a importância do impacto social para sua volta às artes, há 20 anos.

RAÍZES
Com temas sobre raízes ancestrais, relembrando grandes nomes da história, além de expressar contextos urbanos, como as favelas, a artista autodidata pinta com pincéis, panos e unhas em pedaços de madeira, como sua representação de Anastácia Livre, feita sobre um pedaço de guarda-roupa inutilizado por alguém.

No ateliê, localizado Jardim Inamar, onde mora, diversos rostos estampam os quadros pendurados. Dandara e Zumbi dos Palmares, líderes do Quilombo dos Palmares e Nelson Mandela, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, por exemplo, tem histórias eternizadas pela arte de Ordalina.

“Na minha arte, represento a vida. Agora, por exemplo, estou fazendo rainhas negras, já que muitos não sabem que elas existiram, eu inclusive por muito tempo. Estou exaltando a negritude e contando histórias através da arte”, afirma.

Ordalina hoje acumula exposições, inclusive em países da Europa e Oceania, e segue ensinando. É possível conhecer o trabalho da artista, pelo site: (http://atelieordalinacandido.com.br/) ou pelo Instagram (@ordalina_candido). 




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