Caquinhos, de Denise Szabo, conta a história de um dos pisos mais famosos do País, que teria origem no Grande ABC
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Atualizada às 11h32
Documentarista e gestora cultural nascida em São Caetano, Denise Szabo tem todas as cidades do Grande ABC marcadas na sua trajetória, sintetizada principalmente através de seus filmes, que abordam em sua maioria a memória e questões ambientais, e o incentivo a criação regional, com a produtora Ibirá Cultural e o projeto de formação ABC Lab. Uma de suas obras, o documentário Caquinhos (2023) conta a história de um dos pisos mais famosos do País, e parte agora para exibição em festivais.
Caquinhos é um documentário curta-metragem que conta a história do famoso piso vermelho com detalhes amarelo e preto, moda nos quintais das casas do Grande ABC e da Capital no século XX. Segundo a autora, reza a lenda que o piso de caquinho surgiu quando os trabalhadores da Cerâmica São Caetano pediram para usar lajotas quebradas (que para a Companhia eram apenas refugos) para revestir o piso de suas casas. O caquinho, então, acabou ficando mais popular do que a própria cerâmica intacta.
No filme Caquinhos, a história é contada por duas personagens que são trabalhadoras da extinta Cerâmica São Caetano, (hoje Espaço Cerâmica, onde está localizado o ParkShoppingSãoCaetano). Para além da história do piso de caquinho, o filme fala do contexto histórico da 2ª metade do século XX, onde famílias e trabalhadores da Cerâmica cresceram e criaram suas raízes após o movimento imigratório.
“O filme aborda a trajetória das cidades do Grande ABC, tendo o barro, a porcelana e as mulheres como seu fio condutor, no processo de reconhecimento e valorização da tradição oral. Também trata da destruição do patrimônio histórico popular, questionando a especulação imobiliária desacerbada”, afirma Denise. “Assim como o piso de Caquinhos, o filme é um mosaico de histórias e arquivos diversos tais como fotografias, filmes, gravações radiofônicas e obras publicitárias que vão ao longo da narrativa pontuando o contexto histórico da época”, afirma Denise.
Segundo a diretora do projeto, o texto foi montado a partir de diversas entrevistas com pessoas que trabalharam na cerâmica São Caetano, além de moradores do Grande ABC. A partir dos relatos foi realizada uma coletânea de histórias, que ganharam vida na interpretação de Teresa Cecília, da Capital, e Camilla Martinez, de São Bernardo.
O documentário está na fase de festivais, estreando no Santos Film Festival em 21 de junho, recebendo menção honrosa. “O objetivo é ir para diversos festivais e se possível realizar uma exibição pública no próprio Espaço Cerâmica”, afirma Denise. “Festival é assim, vamos mandando e torcendo para eles aceitarem. Fizemos inscrições em alguns e aguardamos ansiosas os resultados. A ideia é que, em 2024, seja lançado em uma plataforma”, finaliza.
PRODUTORA
Caquinhos é uma produção independente, realizada com recursos da Lei Aldir Blanc pela Ibirá Cultural, produtora que Denise está a frente há mais de 10 anos. Além disso, a diretora também coordena o ABC Lab, projeto de formação em Economia Criativa, Audiovisual e Empreendedorismo. Dentre as principais obras da Ibirá estão Cartas para Cecília, premiado como melhor direção no Santos Film Fest e em diversos festivais estrangeiros e nacionais, e Resgates Heliópolis e ABC, que circulam por canais de TV e circuitos alternativos de exibição.
“A Ibirá nasceu primeiro como MEI (Microempreendedor Individual), em 2012, quando precisei abrir o negócio para prestar serviços. Mas em 2014 ganhei meu primeiro edital e fiz com mais dois amigos meu primeiro filme, o Resgates Heliópolis. A partir daí outros projetos foram surgindo, fui conhecendo produtores legais do Grande ABC afora e não parei mais. Até que em 2020 a Ibirá nasceu. Foi quando nasceu também o ABC Lab, que é um projeto de formação, e daí ela segue, fazendo filmes e formando futuros profissionais do cinema”, afirma a documentarista.
Denise revela que, inicialmente, desejava fazer arquitetura, mas entrou na área devido a um panfleto de cursos grátis de cinema, aos 16 anos, onde iniciou o estudo em roteiros, logo depois já foi a faculdade. “A arte é um propósito de vida. Deixa nossa vida melhor, entretêm, nos faz refletir, é uma forma de colocarmos nossas emoções e os problemas que nos afligem para fora, e pode assim ser uma ferramenta de reflexão e de mudanças”, finaliza Denise.
É possível acompanhar o trabalho de Denise e da Ibirá Cultural por meio das redes sociais, @szabo_denise e @ibiracultural no Instagram, e Ibirá Cultural no Facebook. Além disso, a produtora mantém um site (https://www.ibiracultural.com.br/) onde estão disponíveis todos os filmes de Denise, além de mais informações sobre o ABC Lab.
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