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Medicina do ABC não pode perder espaço na região, diz David Uip
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
13/04/2022 | 08:22
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André Henriques/DGABC

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O médico David Uip, reitor do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), que é mantida pela FUABC (Fundação do ABC), está preocupado com a permanência dos alunos nos equipamentos públicos de Santo André após a vitória da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) no chamamento público para gerenciar e operacionalizar a rede de urgência e emergência da cidade. “Eu preciso ter garantias dos alunos das nossas 11 faculdades com base na nossa história”, disse, em entrevista exclusiva ao  Diário. O reitor não questiona a licitude do processo nem a competência da SPDM, mas acha que a insituição da região precisa ser protegida.Para isso, afirmou que todos setores da FMABC assinaram manifesto pedindo apoio. Ainda assim, reconhece que a FUABC entregou projeto cheio de falhas no processo licitatório. “Isso precisa ser explicado também.” 


Como o sr. enxergou a troca de organização social para cuidar da atenção básica em Santo André?

De uma forma incompreensiva, com absoluto desgosto e enorme preocupação. Nossos alunos têm problema de campo de espaço no Grande ABC e, em hipótese alguma, eu vou compreender e aceitar. Essa história começa em 1967, quando os prefeitos de Santo André, São Bernardo e São Caetano instituem a Faculdade de Medicina do ABC. A primeira turma é de 1969. A minha é a segunda turma. O pai da Faculdade de Medicina do ABC é a Fundação do ABC, que tem dono, que são os três prefeitos. Eu entendo como inadmissível que alguma prefeitura não entenda que seu ‘filho’ é a FMABC. Há quem diga que é obrigatório fazer chamamento, mas também há quem defenda que não precisa, com base em uma súmula do STF (Supremo Tribunal Federal). Não estou questionando a licitude nem a competência de quem ganhou (SPDM). Eu preciso ter garantias de espaço dos alunos das nossas 11 faculdades com base na nossa história.

A Fundação do ABC precisa ser prioridade na região?

Não tenho nenhuma dúvida. É como eu pedir para minha mãe me dar uma garantia que eu sou filho dela. Como preciso exigir isso do pai que me gerou (as três prefeituras)? O centro universitário não se conforma e não vai abrir mão disso.

Não houve garantias de que a SPDM irá absorver os alunos da FMABC?

Não quero garantias do padastro. Não sei o que vai acontecer. Se tem uma Fundação que representa os três prefeitos, eles também são donos do centro universitário. Esse é o meu entendimento. Vai ter um chamamento para gestão do Hospital Estadual Mário Covas, que tem sua história ligada à Faculdade de Medicina do ABC. A Fundação virou organização social justamente para cuidar do Mário Covas. E por que ela precisa disputar com alguém? E quando o governo do Estado olha para cá e vê essa fragilidade toda, como será que entende?

O que sr. fez após o anúncio de que o projeto da SPDM era o vencedor?

Tomei todas as providências de diálogo. Liguei para a SPDM, para os prefeitos. Tudo que pude fazer fiz e continuo fazendo. Foi assinado um manifesto por todas as faculdades do centro universitário e todos os setores, incluindo funcionários, conselho gestor e reitoria cobrando essa atenção. São duas grandes entidades. A FUABC tem 29 mil funcionários e a SPDM, 50 mil. Precisa ser perguntado para as duas instituições quem ultrapassou o espaço. O risco maior é de perda de espaço para os alunos. E perder espaço que é nosso não há hipótese.

Qual sua avaliação sobre o momento da FUABC?

Muito preocupado. Houve um conflito, que eu entendi como resolvido com a escolha da Regina Maura Zetone para a presidência pelos três prefeitos. Eu vi os discursos na posse dela, que falaram em consenso. Estou surpreendido com o afastamento dela por 10 dias. Não sei o que acontecerá depois.

A gestão anterior da FUABC (de Adriana Berringer Stephan) não contribuiu para essa turbulência?

O centro universitário nunca teve problema com ninguém. Essa disputa política ficou fora da faculdade. E vemos as três prefeituras de forma absolutamente igual. Não temos preferências. O que nós temos são três pais. Eles que se acertem.

Como o sr. enxerga o atrito político?

É temerário. Tenho dificuldade de entender. Os três prefeitos são meus amigos e são do PSDB. Deveria ser mais simples de resolver. Fui secretário estadual de Saúde por cinco anos na gestão de Geraldo Alckmin (PSB, ex-tucano). Também coordenei o comitê de enfrentamento à Covid-19 na gestão do João Doria(PSDB), e ali também virou outro problema político.

Qual deve ser o caminho da FMABC nesse processo?

Eu luto pela conciliação e bom senso. Vou esgotar todas as possibilidades de diálogo. O manifesto mostra isso. Não estamos impondo nem estamos ameaçando. Quero resolver e dar garantias aos meus alunos. Não discuto a licitude do pleito. Quando entra no processo, é ganhar ou perder. Eu discuto antes. E sei que foi uma disputa absolutamente honesta. Mas a pergunta é como vai com o aluno. Ele acata ordem de quem? Do setor administrativo ou do projeto pedagógico? Isso precisa ser resolvido.

Mas a FUABC não errou em produzir um projeto com tantas falhas para participar da disputa em Santo André?

Eu questiono tudo. Isso precisa ser explicado também. Por qual razão que perderam e quem desenvolveu o projeto. 




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