Ranking põe cidades como a terceira e quarta que mais cresceram no número de lojas virtuais
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O crescimento no acesso à internet também se configurou em aumento da demanda dos usuários pelas compras online. Atualmente, o segmento representa 5% das compras do varejo, porém, a expectativa é a de que essa fatia aumente, impulsionada, inclusive, pelas aberturas de lojas virtuais no Grande ABC. Santo André e São Bernardo aparecem na terceira e quarta posições entre as cinco cidades que mais evoluíram neste segmento, no Estado de São Paulo, fora da Capital. O levantamento foi realizado pela Tray, uma das seis unidades de negócios do Grupo Locaweb, que oferece serviços no ambiente digital.
Santo André possui 168 lojas virtuais ativas que faturaram R$ 13 milhões no primeiro semestre deste ano. Já São Bernardo, embora possua menor número ligeiramente menor de e-commerces, 163, possui maior faturamento, de R$ 14 milhões.
No primeiro lugar do ranking paulista está Campinas, com 174 lojas e faturamento de R$ 18 milhões no período. Marília aparece na segunda colocação e, Ribeirão Preto, na quinta, ambas localizadas no Interior do Estado.
Segundo a Tray, a estimativa de crescimento em 2019 para este segmento em todo o País é de 19% – o que representa movimentação de R$ 79,9 bilhões. Ao levar a perspectiva para fora da Capital, a Tray identificou aumento de 17% – o que inclui as duas cidades da região – no ano passado.
De acordo com o gerente de inside sales (vendas internas), performance e parcerias da Tray E-commerce, Vinicius Guimarães, esse crescimento foi impulsionado pela estagnação do cenário econômico nacional. “Em um período como este, as pessoas recorrem ao empreendedorismo para obter uma segunda renda. No comércio eletrônico, você não precisa de ponto de venda, então a pessoa consegue desenvolver o negócio em sua casa, utilizando apenas o computador. Por isso, é um facilitador que anda na contramão da crise econômica”, disse.
Com a economia voltando aos eixos, porém, e retomando crescimento, o executivo avalia que os números do e-commerce devem expandir também, porque isso configura retomada no consumo. Então, as pessoas que já estão dentro desse negócio, têm tendência a montar loja física e, até mesmo, de empregar pessoas”, analisou Guimarães.
Segundo ele, muito dos consumidores também perderam o medo de comprar em sites devido aos próprios mecanismos de segurança que as empresas oferecem. Por exemplo, o Mercado Livre garante a devolução do dinheiro se a compra não chegar ou se o consumidor tiver algum problema, mesmo que a venda envolva terceiros, o que acaba ajudando os pequenos empreendedores a expandir seus negócios virtuais. “A geração de 1980 e 1990 já está adulta e consumindo. E essas pessoas já estão acostumadas a fazer essas compras. Antes, havia mais receio por desconhecimento.”
Outra prova do crescimento do segmento é que as próprias redes sociais, que têm como intuito principal o entretenimento, começaram a fornecer canais para compra e venda aos seus usuários. Caso do Facebook e do Instagram. O que ajuda quem não possui um site próprio, por exemplo.
NA REGIÃO
Segundo Guimarães, o que justifica o crescimento das duas cidades da região é a característica industrial. “Principalmente em São Bernardo, onde as pessoas estão alocadas dentro do setor fabril das empresas automotivas, que é um setor que não está crescendo tanto. Se há funcionários em férias coletivas, há tendência de que essas pessoas partam para o empreendedorismo, começando com um e-commerce.”
Somado a isso, há questões pontuais como o anúncio do fechamento da fábrica da Ford na cidade. Apesar de a compra da planta estar em negociação, a montadora já anunciou a demissão de 750 pessoas com o encerramento da produção do New Fiesta. “Já é mais difícil para esse trabalhador se recolocar no mercado. Pensando que ele conhece a parte de mecânica de montagem, pode apostar nisso para montar uma loja de peças de reposição. O ideal é sempre apostar em nichos relacionados a assuntos que domine”, afirmou.
A questão logística também impulsiona a região. “São cidades que estão perto da Capital, ou seja, dos fornecedores, aeroporto e das principais transportadoras. Isso facilita a utilização de serviços, como a Rappi, para entrega.”
Apesar de ter feito o caminho inverso, com a instalação de lojas físicas antes das digitais, o CEO da Suplemento Certo Diego Alves conheceu a força da internet. A empresa surgiu em 2011 com uma loja em São Bernardo e, hoje, com quatro unidades, 45 funcionários e um e-commerce, viu o faturamento anual saltar de R$ 100 mil para R$ 600 mil.
“Percebi que estávamos vendendo para número limitado de clientes. Eu não tinha nenhuma experiência com vendas on-line, mas achei muito tranquilo, inclusive com menor tributação. Desde então, nosso faturamento cresceu muito”, afirmou ele, que atuava como secretário de ala em um hospital. Cerca de um mês depois, saiu do emprego para se dedicar ao negócio onde investiu as economias.
Alves começou a vender suplementos na academia e logo percebeu um mercado. “O que fez meu negócio foi olhar várias frentes. Além do físico e do on-line, temos o cliente que compra no site e retira nas lojas. Enfim, o que eu acho que fez esse crescimento foi a adaptação”, contou. Segundo ele, a marca usa dois multi CDs (Centros de Distribuições) – um em Diadema e outro em Louveira (Interior). “Estamos começando a pensar mais no Nordeste, apesar de ainda ter essa barreira da distribuição. Mas a gente estima que o Grande ABC ainda comporte mais cinco lojas (hoje são duas em São Bernardo e uma em Diadema). Temos público gigante.”
Iniciativa põe em foco pequeno produtor
Populares para apreciadores de cervejas, produtos de beleza e livros, os clubes de compra ganham espaço na internet. Hoje, são 800 empresas do tipo no Brasil, sendo que o crescimento foi de 167% desde 2014, quando eram 300. Pelo preço de uma assinatura com valores mensais ou anuais, o cliente recebe caixa com produtos surpresa dentro do segmento escolhido.
Há menos de um ano no mercado, a Umami Club desenvolve trabalho com a proposta de conceder visibilidade às delícias comercializadas pelos pequenos produtores brasileiros para desenvolver o conceito de economia justa. O idealizador André Gonçalves, que é morador de Santos, já realizou diversas parcerias pelo País, incluindo a Vila de Paranapiacaba, em Santo André.
“Essa ideia surgiu quando visitamos o Festival de Inverno no ano passado. Buscamos produtores de alimentos com cambuci, fruta típica da região. Foi excelente a receptividade e muita gente não conhecia os produtos feitos com ela. Nós chegamos a enviar cachaça com cambuci para China, que um cliente comprou e levou para presentear”, afirmou.
O cliente paga R$ 69 mais o valor do frete fixo mensal e recebe de três a cinco produtos variados em casa (azeite, café, cerveja, vinho, doce, massa, queijo, cachaça). A empresa não divulga número de faturamento ou de clientes.
DICA
Para o gerente da Tray, Vinicius Guimarães, a dica para quem está começando é apostar em pequenos nichos. “O ideal é fugir de algo muito amplo para não concorrer com grandes empresas. Além disso, estudar muito. Tenha em mente que todo negócio não é fácil, mas formalizando e trabalhando direitinho, há futuro”, orientou.
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