Política Titulo Santo André
Citada no caso do Mensalinho já se envolveu em escândalo

DB, que tem contrato com Craisa em Santo André, descumpria acordo sem punição de indicado de Alex

Raphael Rocha
17/01/2019 | 07:17
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André Henriques/DGABC

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Ao menos uma das 27 empresas que serão investigadas pelo Ministério Público como financiadoras do suposto esquema de compra de apoio político de vereadores de Santo André na gestão do prefeito Carlos Grana (PT, 2013 a 2016) já esteve envolvida em escândalo. Em setembro de 2017, o Diário mostrou que a DB, de propriedade de Carlos Eduardo Catalane, conhecido como Carlinhos, descumpria regras do contrato de administração do estacionamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), no bairro Santa Terezinha, sem sofrer sanções.

Em uma das oito planilhas que estão em poder do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ABC, do MP, aparecem as anotações ‘Carlinhos Estac.’ e ‘DB’ ao lado da cifra de R$ 10 mil e da data da ‘entrada’: 27 de julho. Segundo a denúncia que será investigada pelos promotores, o valor seria pago pela companhia para abastecer caixa dois administrado pelo secretário de Governo de Carlos Grana, Arlindo José de Lima (PT). O dinheiro arrecadado com empresas que mantinham contrato com a municipalidade seria utilizado para o pagamento de 18 dos 21 vereadores, secretários e jornalistas.

O contrato da DB na Craisa foi assinado na gestão Grana, em 2013. Há dois anos, reportagem do Diário mostrou que a empresa descumpria o artigo que a obrigava a apresentar mensalmente a comprovação da receita que auferia com o estacionamento, mediante sistema de controle informatizado da entrada e saída de veículos. O jornal revelou ainda que o superintendente da companhia, Reinaldo Messias, indicado politicamente para o cargo pelo deputado federal Alex Manente (PPS), deixava de aplicar as sanções relativas ao descumprimento da regra.

Os documentos em posse do Gaeco ABC apresentam os nomes das empresas Zenega, Fernandes e Fernandes, Peralta Ambiental, Sinalronda, Construrban, Geométrica, Consladel, Preserva, Terwan, Net Telecom e Versátil. Essas firmas atuam nas mais variadas áreas: desde sinalização viária a iluminação pública e coleta e destinação final de resíduos sólidos.

Conforme da reportagem da Rádio CBN, as planilhas detalham pagamentos entre janeiro e agosto de 2016, quando Grana tentou se reeleger e não obteve sucesso. A denúncia indica que, em oito meses, R$ 8,5 milhões foram movimentados dessas 27 empresas e que os pagamentos variavam de R$ 10 mil a R$ 405 mil.

O maior contrato é o da Peralta Ambiental, responsável pela coleta e destinação final de resíduos sólidos. Somente em 2016, a empresa recebeu R$ 64,2 milhões, em contrato firmado com o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) – a autarquia não revela, em seu Portal da Transparência, valores anteriores a 2016. A Terwan, responsável por iluminação pública, em quatro anos, obteve R$ 87,8 milhões (o ápice foi em 2016, quando a gestão pagou R$ 27,3 milhões).

Em nota, a Peralta Ambiental negou qualquer irregularidade. “Desconhecemos qualquer tipo de investigação por parte do Ministério Público, até porque não existe qualquer investigação, conforme veiculação do próprio Ministério Público do Estado de São Paulo via rede social, e estranha mais ainda o nome desta empresa estar mencionado em qualquer tipo de planilha, fato que desconhecíamos até ter acesso ao teor da matéria veiculada.”
As demais empresas foram procuradas, mas não retornaram aos contatos.

Na terça-feira, quando o caso veio à tona, Grana refutou veementemente ilegalidades na relação com os vereadores, dizendo que a denúncia não passa de grande mentira. “Foi criada por alguém com algum interesse, que ainda não sei qual é. A relação com a Câmara era republicana.” O petista se colocou à disposição das autoridades para dar sua versão e declarou ser “maior interessado” na elucidação do caso. 




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