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A detençao de VP gerou mal-estar na cúpula da Segurança Pública do RJ. O secretário estadual de Segurança, coronel Josias Quintal, disse que a operaçao foi desencadeada a partir de uma informaçao recebida pela Delegacia de Proteçao à Criança e ao Adolescente (DPCA), com o auxílio de policiais do 1º Batalhao da PM (Estácio).
Agentes da delegacia garantiam que o paradeiro do bandido vinha sendo investigado há pelo menos quatro meses. A intençao do secretário era o de nao dar crédito à delegada Márcia Juliao, ex-titular da DPCA, afastada do cargo depois que seu nome apareceu entre os possíveis integrantes da "banda podre" da Polícia Civil, denunciada pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania. Soares foi exonerado, em março, logo depois de denunciar a "banda podre".
Segundo o coronel Quintal, o traficante estaria no Rio de Janeiro há quatro meses, desde que retornou da Argentina. Em uma conversa rápida com o secretário, o traficante teria dito que se encontrou com representantes do Exército Revolucionário Zapatista, do México.
"O Marcinho posa de revolucionário, tenta estabelecer uma posiçao entre práticas revolucionárias e as suas, mas essa visao nao vai emplacar porque ele praticou crimes hediondos e vai pagar por isso", disse o secretário. O traficante tem duas condenaçoes por tráfico de entorpecentes, que somam mais 40 anos de detençao, além de responder a processos por homicídio, formaçao de quadrilha e estupro.
Apesar da longa ficha criminal, VP se dizia um defensor dos excluídos e dos moradores da favela que ele controlava, a Santa Marta. Em recente entrevista à TV, ele chegou até a anunciar a criaçao de um movimento de defesa dos oprimidos, o Favelania.
A prisao de Marcinho VP começou a ser planejada às 9h, quando policiais da DPCA procuraram 1º BPM e, em conjunto fizeram a operaçao no Morro Fallet. O traficante estava em um barraco da Rua Cândido de Oliveira, na Travessa da Família, 25, no cume do morro, que fica no Rio Comprido. Do cerco ao bandido participaram aproximadamente 25 homens, sendo 10 agentes do Serviço Reservado (P2) do 1ºBPM e outros 15 da DPCA.
Após ser preso, o traficante foi levado para a DPCA e de lá encaminhado para a Delegacia de Repressao à Entorpecentes (DRE), onde prestou depoimento e deve ser conduzido à Casa de Custódia Frei Caneca, zona norte.
"A delegada Márcia Juliao nao está trabalhando e a operaçao foi desencadeada por componentes da DPCA, mas nao por ela, que está afastada", afirmou Quintal, ao lado da própria delegada, que evitou fazer comentários. Procurada depois pela reportagem, Márcia disse por telefone que nao queria "arrumar confusao com o secretário". "A prisao (de Marcinho VP) é um trunfo da Segurança", resumiu.
O chefe de Polícia Civil, Rafik Louzada, que assumiu o cargo em dezembro com a promessa de que prenderia VP até o último 1º de abril, nao participou da entrevista. Segundo seus assessores, somente o coronel Quintal iria comentar o assunto. Louzada, que também teve o seu nome envolvido por Soares nas denúncias sobre a "banda podre", era um dos maiores defensores da delegada Márcia Juliao. No dia em que a policial foi exonerada, o chefe de Polícia teve um encontro com Quintal, no prédio da Secretaria de Segurança, no Centro, acompanhado de Márcia.
O governador Anthony Garotinho (PDT) preferiu atacar o seu antecessor, o tucano Marcello Alencar, a comentar o mal- estar na Segurança. "O que a populaçao do Rio deve saber é que se trata de um traficante do governo passado, que fugiu pela porta da frente da Polinter, e desde entao vem sendo procurado pela polícia", disse. Segundo o governador, a prisao foi resultado de uma "operaçao asfixia".
"Ele (Marcinho VP) ficou privado dos recursos que o mantinham no exterior, foi obrigado a voltar para o Rio e, com isso, a polícia pôde acompanhar os seus passos e prendê-lo", afirmou Garotinho, numa referência ao documentarista Joao Moreira Salles, filho do banqueiro Walter Moreira Salles, que admitiu pagar uma mesada de R$ 1,2 mil ao traficante durante quatro meses.
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