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Segundo depoimento do empresário Sérgio Gomes da Silva, o veículo, após ser atingido pela Blazer dos seqüestradores, começou a patinar e as portas destravaram. Peritos do IC (Instituto de Criminalística), porém, informaram que apenas o motorista teria condições de destravar as prortas e o veículo não apresentava qualquer problema no sistema de transmissão do câmbio que o impedisse de andar. Gomes da Silva disse que o funcionário da seguradora que buscou o carro no dia do seqüestro também não conseguiu engatar a marcha, e teve de guinchar o veículo.
Segundo o IC, o impacto entre a Pajero e a Blazer usada pelos seqüestradores não foi forte. Isso descartaria a hipótese de que Gomes da Silva pudesse ter perdido o controle do veículo.
O destravamento das portas da Pajero após as colisões foi descartado pelos peritos e pelos engenheiros da Mitsubishi, fabricante da Pajero. O IC também descartou problema no sistema de transmissão de marchas – o carro é automático. O empresário diz que o sistema travou.
A empresa Mitsubishi informou que não foram apresentadas deformações na roda do pneu furado por um tiro dado pelos criminosos durante a perseguição, descartando a possibilidade de que o carro andou com o pneu vazio.
A MMC Automotores do Brasil S.A., representante no Brasil da marca japonesa, descartou a hipótese de qualquer tipo de problema na Pajero.
Na avaliação do engenheiro Jairo Candido, presidente da Inbra Blindados, só há duas hipóteses para explicar a abertura das portas: elas não estavam travadas ou, no pânico, foram destravadas. A Inbra é a única empresa homologada no Brasil para fazer a blindagem dos veículos Mitsubishi. Candido informou que não foi a Inbra que fez a blindagem da Pajero. Ele considerou a hipótese de as portas terem sido abertas sozinhas “absolutamente improvável” e o abalroamento sofrido pelo veículo não é suficiente para justificar a abertura das portas.
2. Por que apenas Celso Daniel foi seqüestrado?
Em depoimento ao DHPP, Itamar Messias dos Santos, o Olho de Gato, disse à polícia que eles não levaram o empresário Sérgio Gomes da Silva porque pensaram que ele fosse apenas o motorista.
3. Se Gomes da Silva já havia sido segurança, por que não usou procedimentos adequados?
Na reconstituição, Gomes da Silva disse ter saído do carro com sua arma para tentar evitar o seqüestro, mas não atirou para não acertar o prefeito. Em seguida, ele teria usado seu aparelho celular para falar com Celso Daniel e posteriormente chamar a Polícia Militar pelo sistema 190. O empresário disse que acelerou o carro para tentar se desvencilhar dos criminosos, mas não conseguiu.
4. É possível que o prefeito tenha sido seqüestrado por engano?
Segundo os criminosos disseram à polícia, a idéia da quadrilha era seqüestrar um empresário do Ceasa (Centro Estadual de Abastecimento de São Paulo), mas o perderam de vista durante a perseguição. Os criminosos disseram que por causa disso decidiram pegar o primeiro importado que aparecesse. Celso estava na Pajero do empresário Sérgio. Novas descobertas do MP – como o fato de Dionísio de Aquino Severo ter sido segurança de Celso e conhecer Gomes da Silva – colocam em xeque essa versão.
5. Se era um seqüestro comum, por que não houve pedido de resgate?
Em seu depoimento, Itamar disse que somente no dia 19 de janeiro souberam que o seqüestrado era o prefeito de Santo André e orientaram José Edson da Silva a soltá-lo. Edson teria executado Celso sem que os outros criminosos soubessem. O DHPP defende a tese de crime comum para o caso, e aponta a quadrilha com 14 integrantes que já está presa como a autora do seqüestro.
6. Se foi um crime encomendado, o que poderia ter motivado essa ação?
Os promotores de Santo André dizem que a versão apresentada pelo inquérito policial não condiz com a realidade total. Na semana passada, eles declararam que o empresário Sérgio Gomes da Silva é o mandante do crime.
7. Por que os assassinos trocariam as roupas que o prefeito vestia?
O secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, confirmou a troca de roupa do prefeito Celso Daniel. Segundo Abreu Filho, as equipes confirmaram nas imagens registradas pelo sistema interno de câmeras de vídeo da churrascaria Baby Beef Rondayat, último local em que o prefeito foi visto antes do seqüestro, Celso trajava uma calça de cor bege. O corpo foi encontrado com calça jeans. No primeiro depoimento que deu à polícia, o empresário disse que Celso estava com uma calça bege e blazer. Em depoimento à polícia, a socióloga Ivone Santana, namorada de Celso, confirmou que o jeans era do prefeito. No entanto, segundo o Instituto de Criminalística, o vídeo do restaurante confirma que a roupa que Celso vestia no restaurante e a apreendida junto ao corpo são as mesmas. Essa informação contraria o depoimento de Gomes da Silva.
8. O que diz o laudo?
Até hoje, o laudo oficial do IML (Instituto Médico-Legal) não foi divulgado. Sabe-se que Celso recebeu sete tiros de pistola 9mm e foi atingido no rosto, no pescoço e nas costas. Foram tiros à queima-roupa.
A perícia ainda não respondeu se Celso foi morto no local em que o corpo foi encontrado nem qual era sua posição no momento dos tiros. Foi feito um laudo pelo MP que ressalta as diferenças entre a versão do menor que diz ter atirado no ex-prefeito e os ferimentos do corpo.
A família do ex-prefeito Celso Daniel recebeu do IML os anexos do laudo necroscópico e constatou uma série de falhas na documentação, como falta de assinatura dos médicos responsáveis, datas equivocadas e ausência de informações como o calibre e a direção dos projéteis. Logo na primeira página o documento traz a data como sendo “aos treze dias do mês de janeiro”. O prefeito foi seqüestrado no dia 18 e o corpo encontrado no dia 20. Além das datas, todos os espaços reservados à assinatura dos médicos estão em branco. Aparecem na última página do relatório os nomes dos médicos Carlos Dellmonte, Issao Kameyama, Paulo Argarate Vasques e Flávio Cavalcante. Os anexos também não trazem nenhuma foto do corpo ou do local onde foi encontrado. Sobre as roupas que o prefeito vestia não há nenhuma citação. Também há ausência do calibre e direção dos projéteis.
A família conseguiu acesso aos laudos originais depois de cogitar a possibilidade da exumação do cadáver e enviou os anexos do IML à apreciação de um médico legista.
A família e os promotores dizem que o ex-prefeito foi torturado, mas a imprensa ainda não teve acesso ao laudo. Um traumatismo craniano que o prefeito sofreu e é apontado pelo laudo.
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