A Polícia Civil conseguiu comprovar pela primeira vez, nesta quarta-feira, a participaçao de Maurício Chaves da Silveira, o Mauricinho Botafogo, 25 anos, em um assalto a prédio no Rio de Janeiro. Durante reconhecimento formal, realizado por policiais da 15ªDP (Gávea) na noite de terça-feira, um casal identificou Mauricinho como um dos quatro jovens que assaltaram o edifício Paço de Sao Vicente, na Rua Marquês de Sao Vicente 299, na Gávea.

Até agora, a Delegacia de Repressao a Açoes Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) havia conseguido provas de envolvimento de Mauricinho apenas em assaltos em Porto Alegre (RS) e em Blumenau (SC).

O assalto ao edifício Paço de Sao Vicente ocorreu no dia 29 de outubro. Quatro jovens armados, vestidos de terno e gravata, renderam o porteiro e moradores de seis dos doze apartamentos do prédio. A açao foi violenta e bem planejada: os bandidos usaram rádios transmissores.

Durante as quase duas horas em que estiveram em poder do grupo, os moradores foram agredidos e trancados na lixeira do edifício. Os bandidos fugiram no Peugeot, placa LAQ-1950, de um dos moradores levando jóias, cartoes de crédito, taloes de cheques e chaves da portaria e dos apartamentos.

Durante a sessao de reconhecimento, uma das vítimas lembrou da violência usada por Mauricinho. "Ele encostou a arma na cabeça de uma criança de quatro anos que estava chorando. Todo mundo ficou surpreso porque ele parecia um modelo de tao bonito e bem vestido", disse a vítima, cujo nome está sendo mantido em sigilo.

O reconhecimento somente foi possível porque a delegada da 15ªDP (Gávea), Martha Rocha, determinou que os detetives fizessem um levantamento dos casos de assaltos a residências e apartamentos com características semelhantes à usada pela quadrilha investigada pela Draco-IE. "Vamos pedir a prisao preventiva de Mauricinho", informou a delegada.

Novo reconhecimento - A assaltante Maria Amélia da Silva Cunha, 38 anos, que usava documentos falsos em nome de Suely Oliveira Lima e foi presa pela Draco-IE na terça-feira, também será submetida a reconhecimentos de vítimas do Rio. Na delegacia especializada, Maria confessou ter participado nos últimos 15 dias de furtos a prédios em Belo Horizonte (MG) e Joao Pessoa (PB).

"Estamos dando uma atençao especial a estes casos porque as vítimas sao muito atingidas ", disse Martha.

A divulgaçao de que a polícia havia apreendido jóias em poder da assaltante Maria Amélia da Silva levou, desde a manha de nesta quarta-feira, vítimas de assaltos no Rio à Delegacia de Repressao a Açoes Criminosas Organizadas, em Triagem. A esperança das pessoas assaltadas era encontrar uma jóia roubada em meio às peças apreendidas. O reconhecimento, no entanto, só é permitido pela polícia para a vítima que apresentar cópia do Registro de Ocorrência (RO) e um desenho da jóia roubada.

Nesta quinta-feira, uma vítima de um assalto a residência na Gávea vai à Draco-IE, acompanhada da delegada Martha Rocha, porque reconheceu uma de suas jóias de família na fotografia dos jornais. Esta vítima, cujo nome está sendo mantido em sigilo pela polícia, teve a casa assaltada por um grupo - incluindo uma mulher - no final do ano passado. "Se ela conseguir identificar a peça, vamos realizar um outro reconhecimento formal com os presos", destacou Martha Rocha.

A polícia nao sabe ainda que providências tomar quanto às jóias penduradas no prego na agência Inhangá da Caixa Econômica Federal (CEF), em Copacabana. Junto com Maria Amélia, policiais da Draco-IE encontraram, na terça-feira, quatro contratos de penhor de jóias em ouro, pesando 250 gramas, que renderam a ela um empréstimo de R$ 2 mil.