Forte aliado na cicatrização de ferimentos leves ou graves, o mamão verde é o mais eficaz e barato recurso para tratar feridas crônicas. A utilização da papaína, uma enzima encontrada no latex da fruta que tem ação antiinflamatória, bactericida e estimulante da cicatrização, foi primeiramente descoberta por índios africanos. No Brasil, sua aplicação é estudada há 20 anos pela enfermeira de São Bernardo Lina Monetta e já foi objeto de pesquisas apresentadas no exterior.

“A papaína funciona como um bisturi químico devido ao seu poder de precisão na limpeza do ferimento. É um achado no meio científico que precisa ser mais explorado em hospitais, já que proporciona cicatrização rápida e esteticamente melhor que os demais métodos”, disse Lina, que é também pioneira no uso da enzima no Brasil.

As aplicações domésticas devem ser feitas preferencialmente por meio da utilização da fruta cortada em fatias e sem sementes. “Os pedaços de mamão devem ser colocados sobre a lesão e cobertos com gases diariamente. Em uma semana, a ferida tende a fechar. Caso contrário, é indicada a intervenção de um médico”, afirmou Lina.

Para os casos graves que podem levar a amputações ou feridas provocadas por doenças crônicas como a diabetes, além de úlceras venosas, a utilização da papaína é mais eficaz que o uso terapêutico convencional. “Fizemos acompanhamento em pessoas com graves lesões e constatamos que a papaína teve melhor poder cicatrizante. É também interessante o fato de a droga não agredir o tecido saudável.” A substância é também muito utilizada em cirurgias plásticas, cesarianas, queimaduras, tratamentos de acne e indicada para pessoas propensas à formação de quelóides (cicatriz malformada) durante o processo de cicatrização.

No mercado, pode-se encontrar a papaína em forma de pó ou em gel, mas a utilização é recomendada apenas em hospitais. “Existe uma quantidade ideal a ser aplicada que só médicos podem determinar”, disse a enfermeira. Outra alternativa para recomendações gratuitas de doses de papaína é recorrer ao Centro de Pesquisa e Tratamento Avançado de Lesões de Pele, em São Paulo, coordenado pela enfermeira. Informações sobre o tratamento podem ser obtidas pelo telefone 5574-6794.