ouça este conteúdo
|
readme
|
É pelo menos isso o que dizem os últimos profissionais da Vila dos Pescadores, na região do Tatetos, em São Bernardo. Segundo eles, a região próxima à primeira balsa do Riacho Grande não tem diversidade de espécies. O que se consegue fisgar são pequenos lambaris e algumas tilápias, que não chegam a render R$ 20 por dia depois de uma madrugada inteira de pescaria. Um dos profissionais admitiu usar redes fora dos padrões exigidos pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) na esperança de conseguir pegar mais peixes.
Noêmia Feliciano da Silva, 50 anos, pesca há 12 anos. Ela está entre os cinco profissionais do bairro que ainda insistem em trabalhar na represa. Sua família, por exemplo, foi tentar a sorte em Barra Bonita, cidade do interior do estado de São Paulo.
Os que ficaram sabem da existência de peixes em outras regiões da Billings, na Vila Balneária, em São Bernardo, ou nos braços Bororé e Cocaia, em Santo Amaro, na capital, mas se recusam a navegar por essas águas. “Não podemos pescar nos braços onde estão os peixes por causa dos assaltos. Quem tenta, acaba tendo o motor e até o barco roubado”, disse.
Noêmia deixa sua rede todos os dias à noite na represa e retorna de manhã para puxá-la. “Consigo pegar uma ou duas carpas e algumas traíras.” O medo da profissional é o mesmo do pescador José Jacob Santamburlo, 75 anos. Por causa dos assaltos, ele aposentou o barco há um ano e seis meses. “Quero tentar novamente, mas me sentiria mais seguro se houvesse uma fiscalização intensa à noite.” Santamburlo explicou que o maior alvo dos ladrões – conhecidos como ‘piratas da Billings‘ – são os motores de barcos.
Registros – “Não temos conhecimento de assaltos ou invasões em nenhuma das áreas da represa”, disse o sargento Osvaldo Morato, da Polícia Ambiental. Ele afirmou que o problema já foi controlado tanto na Billings quanto na Guarapiranga, mas admite que não há fiscalização noturna. “É um trabalho perigoso porque a represa está baixa e existem muitos tocos. Para fazer a fiscalização, teríamos de ser acompanhados por alguém que conhecesse bem a represa”, disse.
A Polícia Florestal não tem um número fechado sobre apreensões de tarrafas. Há uma estimativa de que sejam retirados da represa de 20 a 40 exemplares por dia. A multa para quem é flagrado usando o recurso é de R$ 572,44.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.