Depois de momentos de descontrole, o dólar comercial fechou em forte alta nesta terça-feira, cotado a R$ 3,77 para compra e a R$ 3,78 para venda. A valorização no fechamento foi de 5,88%, mas chegou a atingir 7% durante o dia, quando a moeda foi vendida a R$ 3,82. Além do patamar histórico no mercado brasileiro, a cotação ultrapassou o valor do peso argentino. O escasso volume de negócios pode ser considerado como o principal motivo de pressão sobre o câmbio.

Há também outros dois fatores que pressionaram o mercado nesta terça, ainda que em menor intensidade. Os números da nova pesquisa do Ibope, que serão divulgados à noite, causam apreensão nos investidores uma vez que a liderança do ranking eleitoral pertence ao candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Os investidores temem uma ruptura na atual política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso com uma vitória do petista.

O segundo fator é o vencimento, na quarta-feira, de US$ 1,52 bilhão em contratos de 'swap' cambial, referentes à dívida pública, que não foram rolados pelo Banco Central. Como esses papéis serão reajustados com base no valor do dólar desta terça, a tendência é de que os investidores que os detêm puxem as cotações. Quanto maior o valor da moeda, mais eles receberão.

Para tentar conter a disparada do câmbio, o BC realizou durante a manhã um leilão de linhas de exportações no valor de R$ 50 milhões. Mais tarde, a autoridade monetária confirmou que também promoveu uma intervenção no mercado, por meio da venda de moeda estrangeira à vista. O montante ofertado não foi divulgado.

Na segunda-feira, o dólar comercial disparou 4,84% e atingiu o recorde de R$ 3,57 para venda. Até então, a maior cotação havia sido registrada no dia 31 de julho – R$ 3,47. Analistas atribuíram a alta ao resultado da pesquisa Vox Populi, que mostrou o crescimento de Lula e sinalizou para a possibilidade de uma vitória ainda no primeiro turno das eleições.

Bovespa — A Bolsa de Valores de São Paulo, a exemplo do câmbio, também não passou por um bom dia. O índice Ibovespa fechou em queda de 1,24%, aos 9.148 pontos — a menor pontuação desde o dia 2 de março de 1999.

A queda da Bovespa acompanha o desempenho das bolsas internacionais, que também caíram devido à crescente pressão norte-americana para uma intervenção militar no Iraque.