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"Só saio se a senhora me der voz de prisao", ameaçou. A sessao foi paralisada e, logo depois, dada por encerrada.
A conversa gravada aconteceu em junho, antes da prisao de Santos, e, nela, Valdeci usava termos chulos. A CPI começou a questioná-la sobre o grau de intimidade entre ela e o motorista, confessadamente amigo dos irmaos traficantes Antonio Jorge Gonçalves dos Santos, mais conhecido como "Toni", e Arnaldo Gonçalves dos Santos.
Foi quando Ramalho, que representa a juíza - e ganhou fama como defensor do ator Guilherme de Pádua, assassino da atriz Daniella Perez - interrompeu o depoimento e, alterado, afirmou que a gravaçao era uma "prova ilícita" e que nao poderia ser divulgada, por estar em segredo de Justiça. Ele exigiu que a degravaçao fosse entregue à cliente - sem saber que pouco antes, a juíza e Laura tinham acertado que Valdeci teria acesso aos documentos.
Diante das alegaçoes do advogado, Laura decidiu fazer uma sessao fechada, na qual nao poderiam ficar nem a imprensa, nem advogados. Ramalho recusou-se e os deputados resolveram encerrar o depoimento. "Já estava mesmo no fim", argumentou o deputado Paulo Baltazar (PSB-RJ). Na verdade, o depoimento nao acrescentou nada às investigaçoes. Valdeci negou conhecer os traficantes e defendeu-se detalhadamente de várias acusaçoes que estao sendo investigadas pela polícia e pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Já há inquérito aberto para apurar como uma arma registrada em nome dela foi parar com Santos - Valdeci alega que deixou o revólver no carro. Numa outra escuta telefônica, o motorista aparece dizendo ao filho que ia "levar as armas para a casa da juíza". Ela disse desconhecer do que se tratava. Santos foi acusado de participar de um linchamento, que resultou em homicídio. Foi absolvido por um júri presidido por Valdeci - que, no entanto, afirma que, nesse tipo de julgamento, a funçao do juiz é meramente administrativa.
"É no mínimo imprudente ter um motorista ligado a traficantes", avaliou Baltazar. "Ficou claro que ela tinha uma relaçao com ele que, por sua vez, tinha relaçao com 'Toni' e Arnaldo." Os deputados consideraram a história da arma nebulosa e também nao se convenceram com a defesa da juíza num confuso caso de apreensao de fardas roubadas do grupamento de fuzileiros navais da regiao. As fardas estavam sendo levadas para o sítio de "Toni" e foram apreendidas pela Polícia Rodoviária Federal. A juíza apareceu no local e fez um mandado de busca e apreensao, na hora, para ficar com a guarda das fardas. Ela alegou que foi a orientaçao que recebeu dos fuzileiros navais, o que foi desmentido no inquérito pelo comandante da unidade.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio tem informaçoes de que o traficante carioca Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como "Fernandinho Beira-Mar", desenvolveu um método para ganhar novos clientes. A cada partida de cocaína vendida para distribuidores com quem normalmente nao trabalhava, ele oferecia, de graça, pedras de crack. Como a droga vicia mais rapidamente do que a cocaína, ele, dessa forma, garantia o mercado.
No Rio, começou a chamar a atençao, nos últimos tempos, a apreensao de crack, antes praticamente inexistente no Estado, por uma estratégia dos traficantes locais. A investigaçao sobre a presença do crack levou a "Fernandinho Beira-Mar".
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