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Dunga doa dinheiro da rescisao do contrato com o Inter
Do Diário do Grande ABC
20/03/2000 | 18:37
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Definindo esta segunda-feira como "o dia mais triste" da sua vida e carreira como atleta profissional, o volante Dunga assinou sua rescisao de contrato com o Internacional e doou imediatamente o cheque que recebeu do clube, no valor de R$ 372.560,31, para quatro instituiçoes de caridade. Magoado, o capitao do tetra negou-se a comentar seus planos. "Depois que ler este comunicado nao falarei mais", disse o jogador. Seu aborrecimento ficou explícito nas primeiras linhas do texto: "O motivo pelo qual me encontro aqui é que fui demitido pelo meu clube sem nenhum motivo coerente", testemunhou.

"O único motivo pelo qual eu aceitei, há um ano e dois meses atrás, vir a jogar pelo Internacional foi a possibilidade de retornar à minha equipe que, há tantos anos atrás, me deu a oportunidade de adentrar no mundo do futebol profissional", continuou Dunga, enquanto lia um comunicado. Ele disse também que, na época, impôs ao seu procurador (Antonio Caliendo) a recusa de outras ofertas.

Dunga entendeu que, da maneira como foi demitido, foi colocado "em uma soluçao difamatória, que é uma das piores que uma pessoa civil pode sofrer". Em seguida, informou que doaria o valor da rescisao a quatro instituiçoes: o Instituto do Câncer Infantil, o Instituto da Criança com Diabetes/RS, o Amparo Santa Cruz e o Pao dos Pobres. "Li uma frase interessantíssima do Senna (Ayrton Senna): Ninguém vence na vida se alguém nao abrir as portas", comentou. "Estas pessoas - os representantes das entidades beneficiadas - estao abrindo estas portas", justificou. O jogador entregou o cheque ao presidente do Instituto do Câncer Infantil, Algemiro Brunetto, encarregado de dividir o valor com as demais entidades, e desceu rapidamente pelo elevador, recusando-se a responder qualquer pergunta.

A doaçao, segundo Brunetto, ajudará na conclusao da uma casa de apoio para os pequenos pacientes, que ministrará um tratamento complementar. O representante do Instituto da Criança com Diabetes/RS, Balduíno Tschiedel, pretende empregar a verba no amparo a um público-alvo de oito mil meninos e meninas diabéticos no Estado.

Dunga chegou pouco antes das 15h ao Sindicato dos Empregados em Clubes Esportivos e Federaçoes (Secefergs), no centro de Porto Alegre, e reuniu-se por 45 minutos com os advogados do clube, o presidente do sindicato, Jorge Ivo Amaral da Silva, e o representante no Brasil da Image Promotional Company (IPC), empresa que negociou os direitos de uso da imagem do jogador com o Inter, Mário Rossi. Saiu da sala, foi até um pequeno auditório e leu sua nota.

O sindicato distribuiu uma nota informando que homologou a rescisao "com ressalvas". Amaral explicou que o reparo foi feito para permitir que Dunga, se quiser, ingresse na Justiça do Trabalho, cobrando "eventuais diferenças". Ele notou que a rescisao "entristece o nosso sindicato", embora o Inter tenha "agido como a lei permite".

O Internacional anunciou que rescindiria o contrato do volante na sexta-feira. O argumento dos dirigentes tem sido o que o clube nao pode arcar com os salários e o contrato de exploraçao de imagem do jogador, que exigiriam um desembolso mensal de aproximadamente R$ 300 mil.

Dunga foi contratado durante a gestao do presidente Paulo Rogério Amoretty, substituído por Jarbas Lima. Ao assumir, em janeiro deste ano, a nova direçao entendeu que nao poderia cumprir o contrato - que só terminaria em dezembro deste ano - nos termos em que fora firmado.

Como o jogador nao pertence mais ao clube, o Inter igualmente considera desfeito o acordo para uso da sua imagem, que custa US$ 130 mil mensais aos cofres colorados. Hoje, Rossi informou que o Inter nao pagou nenhuma quantia pela utilizaçao da imagem do "capitao do tetra" no ano 2000.

Dunga avisou que só falará após a vinda ao Brasil de seu procurador, Antonio Caliendo, prevista para o final do mês. Gaúcho de Ijuí, ele voltou ao Beira-Rio em janeiro de 1999. Mas o ano foi um dos piores da história do clube. O volante teve um ano irregular, chegou a ser colocado na reserva, mas foi o autor do gol contra o Palmeiras (1x0) que manteve o Inter na primeira divisao do Brasileiro.




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