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Pelas ruas do bairro judeu de Kazimierz
Heloísa Cestari
Enviada à Polônia
14/07/2011 | 07:45
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No dia 7 de junho, Mieczyslaw (Mietek) Pemper - o homem que redigiu a famosa lista de Schindler, salvando mais de 1.000 judeus das garras dos nazistas durante a Segunda Guerra - morreu na Alemanha, aos 91 anos. Seu feito benemérito só veio à tona em 1993, quando o filme de Steven Spielberg estourou nos cinemas e arrebatou sete Oscar. E o longa-metragem não fez justiça apenas a Pemper. O até então marginalizado gueto judaico de Kazimierz também ganhou novos ares: fachadas foram revitalizadas e vários restaurantes e lojas abriram suas portas para atender o número crescente de turistas ávidos por conhecer alguns pontos que serviram de set de filmagem para a premiada produção norte-americana.

O retorno de judeus que haviam sido expulsos do país pelos comunistas também trouxe outro fôlego ao bairro. O passado foi resgatado e o futuro paira no ar com a alta concentração de jovens que procuram o gueto para curtir a noite em cafés, bares e casas noturnas.

Criado no fim do século 15, o Kazimierz chegou a abrigar 70 mil judeus no início da Segunda Guerra. Eles foram transferidos para o outro lado do Rio Vístula pelos nazistas e confinados em um gueto até que fossem levados aos campos de extermínio.

Mas, ao contrário de seus antigos habitantes, boa parte do Kazimierz escapou incólume da destruição nazista. "O bairro judeu da Cracóvia não foi arrasado como o de Varsóvia porque não ofereceu resistência declarada contra os alemães, não houve um levante", explica a guia Monika Hanusiak.

A Velha Sinagoga, que abriga o Museu Judaico, e o Cemitério Remuh são os edifícios mais bem preservados. Perto dali, fica a lendária fábrica de Oskar Schindler (1908-1974).

Curiosamente, igrejas católicas também despontam aqui e ali, porque o rei Casimiro, o Grande, não construiu o bairro para que fosse um gueto judeu, e sim para aplacar a ira dos padres que queriam proibir o namoro do monarca com uma judia, chamada Ester. A solução do rei para continuar com o romance foi financiar a Basílica de Corpus Christi.

Hoje o rei dá nome ao vilarejo, e vários estabelecimentos comerciais chamam-se Ester em homenagem à sua amada. Entre eles, um hotel e restaurante de dar água na boca, com opções de porco ao vinho e salmão defumado servidos ao som de bandas ao vivo especializadas em música klezmer - ritmo típico judaico, não litúrgico, que faz até os mais tímidos terem vontade de dançar.




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