Setecidades Titulo
Prostituição aumenta nas esquinas de Santo André
Raymundo de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
23/02/2002 | 17:25
Compartilhar notícia

ouça este conteúdo

O número de prostitutas e travestis que atuam nas ruas dos bairros Campestre e Jardim, em Santo André, aumentou nos últimos meses. O desemprego tem sido o principal motivador para o aumento dos profissionais do sexo (prostitutas e travestis) nas ruas.

Shirley (*), 35 anos, afirma que começou a trabalhar como prostituta em Santo André há sete meses, logo depois de se separar do marido. “Eu fiquei casada durante 20 anos e nunca tinha trabalhado na minha vida antes da separação. Faço programas nas ruas porque tenho de sustentar quatro filhos”, disse.

Segundo estimativa feita pelo projeto Bem-Me-Quer, mantido pela Secretaria de Saúde do município, o número de profissionais do sexo que atuam nas ruas da cidade, como Shirley, varia de 150 a 250. A maior parte, porém, está em casas de shows de strip-tease. Segundo informações da Aprolisa (Associação de Profissionais Liberais de Santo André), entidade que reúne prostitutas, há aproximadamente 3 mil prostitutas em Santo André.

Os ganhos com a prostituição são os maiores atrativos da profissão. Em média, o preço do programa é de R$ 40 por meia hora entre as prostitutas e R$ 30 pelo mesmo período entre os travestis. Além do valor do programa, os clientes têm de arcar também com o valor cobrado pelos hotéis onde são feitos os encontros, geralmente localizados próximos aos pontos de prostituição.

Andressa, 29 anos, trabalha há oito anos como prostituta em Santo André e afirmou que nos últimos dez meses houve um aumento no número de garotas que atuam nas ruas da área da avenida Dom Pedro II, a partir das 17h. “Agora, tem garota trabalhando em toda esquina”, disse. Veterana das ruas, Andressa disse que muitas jovens prostitutas fazem programas mais baratos que a média para poder comprar drogas. A maioria faz ponto na área da Dom Pedro II. “Estas garotas viciadas acabam atrapalhando o negócio das profissionais sérias que atuam na região”, disse.

Ela disse que mora em São Paulo e prefere trabalhar em Santo André para evitar ser reconhecida por vizinhos e não constranger a família. Como Andressa, cerca de metade das prostitutas e travestis que estão nas ruas de Santo André vem de outros municípios da região e da Grande São Paulo.

Os locais de atuação das prostitutas e travestis têm delimitações distintas. O motivo é a segmentação do mercado, segundo informações das próprias profissionais do sexo. “Os clientes que procuram travestis são diferentes dos que buscam prostitutas, e cada um tem seu mercado definido”, informou Miriam, 27 anos, prostituta que atua na Dom Pedro II, avenida que é dominada pela prostituição feminina. Os travestis se concentram nas esquinas da avenida Industrial e ruas próximas.

Com o aumento da concorrência, além das avenidas Dom Pedro II e Industrial, a prostituição em Santo André tem se espalhado. Dessa forma, uma das áreas mais nobres de Santo André, os bairros Jardim e Campestre, têm convivido com o aumento da prostituição em suas esquinas. Nas esquinas das ruas paralelas entre a avenida Dom Pedro II e rua das Figueiras e suas transversais, o movimento cresceu nos últimos meses. As prostitutas disputam os pontos mais valorizados. “Ninguém deixa invadir seu espaço, e pode até dar briga”, explicou a recém-chegada Shirley.

Por outro lado, a parte da avenida Industrial – antigo reduto de travestis – que fica próxima à UniABC deixou de ser utilizada por causa da presença intensa de seguranças da instituição.

Nas casas – Segundo a diretora da Aprolisa, Aparecida Maria Silva, há cerca de 150 mulheres cadastradas pela entidade, que foi criada em 1997 com o objetivo de apoiar e oferecer opções de requalificação e de capacitação para as mulheres que atuam como prostitutas em casas noturnas. Entre os serviços oferecidos pela associação estão o encaminhamento das profissionais para programas de atendimento a exames de verificação de câncer de colo do útero e atendimento ginecológico.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.
;