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Quais bichos vivem na caverna?
Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
20/03/2011 | 07:00
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A caverna é uma gruta dividida em três áreas, com intensidade de luz diferentes. Em cada uma vive um tipo de animal, que pode utilizar esse espaço como abrigo temporário ou moradia permanente.

Próximo à entrada, há um pouco de luz e pode ter até vegetação. É lá que vivem os bichos que usam a caverna como abrigo, para se reproduzir ou alimentar. O morcego é assíduo frequentador. Consegue ficar em qualquer parte da gruta, pois tem capacidade de mover-se no escuro, mas precisa sair para caçar. Outros mamíferos e aves passam por lá, mas ficam só na entrada, como a coruja e o urso que vai dormir durante o inverno. Essa turma é chamada de troglonexo.

Há os que conseguem viver tanto na caverna como fora dela. Nesta categoria estão os crustáceos (da família do caranguejo), aranhas, insetos, como grilo e barata. Eles são os troglófilos.

Os que vivem só na parte escura são bem diferentes. Alguns não têm olhos, movem-se pelo tato, têm excelente audição e a maioria não tem cor, é quase branca. São peixes, algumas espécies de aranha e de insetos, como o besouro. São chamados de troglóbios.

Como não há produção de alimentos nem de vegetais na caverna - as plantas precisam da luz do sol para crescer -, eles alimentam-se do que é trazido pela água e pelos outros que vivem na parte de fora e comem até cocô.

Os que usam a caverna só como abrigo são muito importantes para os habitantes da parte profunda, pois levam nutrientes para dentro. Se os morcegos, por exemplo, sumirem de lá, os outros vão ficar sem comida.

 

Água faz buracão na rocha

O ditado popular que diz que ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura' explica como as cavernas são formadas. Quando a água entra em contato com o gás carbônico do ar, torna-se levemente ácida. Aos pouquinhos, conforme penetra na rocha, vai dissolvendo-a. Com o tempo, o buraco torna-se maior e forma a caverna.

No Brasil, há grutas com cerca de 20 mil anos; outras na Europa têm mais de 40 mil. As que mantêm contato com a água estão em constante transformação. Muitas têm rios subterrâneos, outras são cheias de água, como as do Mato Grosso do Sul, onde só se chega lá mergulhando.

A acidez da água ainda provoca a formação de estalactites (parecem gotas de cristal no teto da caverna). A chuva cai sobre a gruta, corrói a rocha e provoca goteira, que cristaliza e cria uma gota gigante depois de centenas de anos.

 

Poucas podem ser visitadas

É curiosa e diferente, mas nem toda caverna pode ser visitada. Lá tudo é frágil e perigoso. As estalactites não devem ser tocadas, pois pode-se interromper o processo de cristalização e ainda se quebrar. Além disso, a presença do homem pode espantar os bichos, como o morcego, que garantem ali- mento para os do fundão.

O piso é escorregadio e cheio de buracos. Como o lugar é escuro, tem de levar iluminação artificial suficiente para circular por lá; se acabar, não dá para achar o caminho de volta. Em alguns pontos, é preciso rastejar.

Se quer conhecer uma caverna, vá apenas nas autorizadas pelo Ibama. No Bra- sil há muitas seguras, que são abertas à visitação, como a Gruta do Rei do Mato, em Minas Gerais, com pinturas rupestres nas paredes.

 

- Os primeiros humanos viviam em grutas, perto da entrada, onde há luz. Lá encontravam abrigo contra o vento e as chuvas e se protegiam dos animais. Deixaram registros nas paredes, que ficaram conhecidos como figuras rupestres. No Brasil, há vários desses registros feitos há 12 mil anos. Recentemente foram encontradas 30 mil pinturas nas cavernas da Serra da Capivara, no Piauí. A gruta mais antiga e maior do planeta é a Mammoth Cave, nos Estados Unidos. No Brasil, a maior é a Toca da Boa Vista, em Campo Formoso, na Bahia.

 

"Acho que o morcego se esconde na caverna durante o dia e sai de lá à noite para comer", diz Henrique Fusaro, 9 anos, de Santo André, que não acha bom lugar para morar. "É escuro, não ia enxergar nada."

 

Consultoria dos espeleólogos Pedro Nobre, da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Rodrigo Lopes Ferreira, da Universidade Federal de Lavras




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