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Febem: polícia encontra machadinha usada na execuçao de menor
Do Diário do Grande ABC
29/10/1999 | 20:05
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A machadinha usada para cortar a cabeça de um interno da Febem Imigrantes, um martelo e um ancinho de jardim também utilizados nos quatro assassinatos ocorridos durante a rebeliao do fim de semana foram encontrados ontem (28) pelos policiais da Seccional Sul. A localizaçao, nos fundos da Febem, foi possível graças às indicaçoes de Fábio Antônio de Castro, de 18 anos, que confessou à polícia ter degolado a golpes de machadinha um interno ainda nao identificado.

Ele desenhou um mapa do local onde deixara a machadinha e o martelo com o fim da rebeliao. O delegado Olavo Reino Francisco, responsável pelo inquérito, informou que com o mapa os policiais nao tiveram dificuldades para encontrar a machadinha e o martelo ainda manchados de sangue. Castro teve a prisao temporária decretada por 30 dias. Hoje, o delegado ouviu um menor de 16 anos, também jurado de morte, que contou como a rebeliao começou. Ele apontou o grupo de Castro como responsável. O objetivo era a fuga.

Afirmou que Fábio Dias Alexandre, de 18, o Satanás, também deu golpes com a machadinha no pescoço do interno. "Ele foi um dos "mais perversos". Castro declarou à polícia ontem que deu três golpes para degolar o interno. O menino ouvido hoje disse que foram mais de dez. O delegado informou que se ficar comprovada a participaçao de Satanás, que completou 18 anos no dia 11, ele será indiciado por homicídio doloso e nao volta para a Febem. Os policiais perguntaram a Castro se ele assumiu sozinho a morte do interno para acobertar Satanás. Ele reafirmou ter degolado o interno. "Eu nao iria confessar um crime, que pode me deixar na cadeia por 30 anos, só para livrar um irmao".

Cadeia - Com a conclusao do inquérito, o que deverá ocorrer em poucas semanas, Castro será mandado para uma cadeia comum pois perdeu a proteçao do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Castro está numa cela do 96.º Distrito, do Brooklin, destinada aos detidos para averiguaçoes.

Queimado - O menino de 16 anos revelou ainda que trabalhava na copa da ala A. Distribuia as marmitas com a comida, bolachas e o café. Estava marcado para morrer porque, segundo ele, os que trabalham na copa e na limpeza sao considerados informantes dos monitores e "odiados pelos chefes dos grupos". Quando Castro, que é chamado de Maozinha pelos internos, passou a chefiar a rebeliao com Satanás, Monstrinho, Baianinho, Gigante, e Pablo, os meninos jurados de morte trataram de se esconder. Alguns foram para os quartos e ficaram embaixo dos colchoes. Outros, como ele e o degolado ficaram no telhado com dezenas de menores.

O menino contou que o interno degolado por Maozinha e Satanás tinha no rosto uma máscara de Mister M. O grupo mandou que tirasse a máscara. Em seguida Satanás e Maozinha o levaram para um quarto, o cobriram com colchoes, despejaram álcool nos colchoes e colocaram fogo. Ainda segundo o relato do garoto de 16 anos, o menor foi arrastado para fora da ala por Maozinha. "Acho que quando o degolaram já estava morto". Ele disse ter escapado da morte porque desmaiou. Depois de espancado sobre o telhado (as cenas foram filmadas pelas emissoras de televisao) foi empurrado, caiu e quando acordou estava ao lado dos soldados da Tropa de Choque.

O garoto contou ainda à polícia ter visto o grupo de Satanás e Maonzinha queimar o interno A.N.O. "Eles amarraram o A. no alambrado, jogaram um líquido verde (desodorante) que estava num vidro grande e tacaram fogo. A. gritava muito. Foi queimado vivo".

Choro - Recolhido na Febem desde o começo do ano por assaltos e roubo de carros, o garoto chorou diversas vezes durante seu relato. "Quando me agarraram no telhado e passaram a bater comecei a pensar na minha família e tinha a certeza que iria morrer". Antes de ser preso estudava num colégio particular na zona sul. Freqüentava cursos de inglês e francês. Disse que a mae é proprietária de uma gráfica. O pai, separado da mae, é fazendeiro. O padrasto é empresário. "Eu tinha uma vida boa, apoio dos meus pais e acabei no crime. Quero sair e passar a quilômetros da Febem".




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