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Religiosos declaram que papa ultrapassou o catolicismo
Tatiane Pamboukian
23/04/2025 | 06:45
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FOTO: Arquivo/DGABC

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Conhecido por ter sido um papa aberto ao diálogo inter-religioso e por defender uma convivência pacífica entre todas as religiões, Francisco ultrapassou as fronteiras do catolicismo. Líderes islâmicos, judaicos, evangélicos, kardecistas e umbandistas destacam o impacto de sua partida e o legado deixado para a humanidade.

O líder islâmico brasileiro Sheikh Jihad Hammadeh, morador de São Bernardo e também conselheiro religioso da Anaji (Associação Nacional de Juristas Islâmicos), diz que a comunidade islâmica brasileira lamenta a morte do Papa Francisco, que foi uma voz muito forte contra a intolerância religiosa e a guerra. “Ele deu o exemplo de que o diálogo inter-religioso é extremamente importante para uma convivência pacífica entre todas as religiões. Ele deu um bom exemplo a todos os líderes religiosos e políticos de que não é a guerra que leva as pessoas a uma vida feliz, mas o diálogo para trabalhar as divergências.” 

A presidente da Arisa (Associação Sinagoga Israelita de Santo André), Miriam Krongold Schmidt, afirma que a morte do pontífice foi uma perda para todos. “Francisco era um papa muito preocupado com a harmonia e inclusão, algo muito importante em tempos de discursos de ódio e intolerância. Um líder mundial dessa envergadura com um discurso de paz gera grande impacto, e ele sempre manifestou muita solidariedade com a comunidade judaica”, ressalta. 

O presbítero da Assembleia de Deus de São Bernardo, Eliezer Mendes, que também é ex-vereador pela cidade, diz que Francisco, desde o início de seu pontificado, mostrou-se aberto ao diálogo inter-religioso. “O Papa Francisco foi uma figura que ultrapassou as fronteiras do catolicismo. Sua atuação foi para além da Igreja Católica. Ele promoveu encontros com líderes de diversas tradições. Essa abertura não foi apenas simbólica, ele buscou pontos em comum. Em um mundo marcado por divisões, extremismos e desigualdades, sua voz foi um chamado à paz, ao respeito mútuo e à solidariedade”, destaca. 

O Pai de Santo de São Paulo, André Molinari, diz que o falecimento do papa ultrapassa as barreiras do catolicismo e que não só a Igreja Católica perde com sua partida, mas toda a humanidade. “Ele era capaz de se adaptar a todas as religiões, sem abandonar a sua liturgia. Ele representava o próprio Cristo, que abraçava e acolhia os excluídos, e os transgressores, segundo dogmas criados pela Igreja durante séculos. Ele reflete o verdadeiro sentido da religião, que é religar os homens aos seu sagrado. Ter um líder religioso com esse tipo de postura nos leva a questionar hoje o papel da religião na vida das pessoas”, avalia. 

Para o líder espírita kardecista de São Paulo, Lele Abdala, o Papa Francisco foi um exemplo vivo de espiritualidade acima das fronteiras religiosas. “Ao abrir diálogos com outras religiões, ele nos mostrou que o sagrado não se limita a uma doutrina, mas se expande no respeito, na escuta e na compaixão pelo outro. Ele agiu como um verdadeiro canal de reconciliação entre diferentes caminhos espirituais, algo raro e precioso no mundo de hoje. Foi uma perda que ultrapassa qualquer título religioso”, define. 




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