Setecidades Titulo Memória
Nossa biblioteca. Do futebol à guerra. Na trilha de Pedra Branca. Prefeito Tortorello. Bairros paulistanos.

E mais: Cinema de bairro, Fernandes em preto e branco, Imagens de Portugal, Paranapiacaba...

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
21/04/2025 | 02:00
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São livros, lindos livros, que vão chegando à Memória e a gente recomenda, com muita alegria.

FUTEBOL E GUERRA

Professor Aristides Rocha, com toda criatividade, e muita pesquisa, amplia sua vasta bibliografia com um livro que mescla futebol e guerra: “Brasileiros, dos campos de futebol aos campos de batalha” (Jundiaí, Editora In House: dezembro de 2024).

Informa o autor: “O trabalho procura resgatar o que foi a participação de vários jogadores brasileiros em conflitos armados, em especial nas duas partes da Grande Guerra Mundial, mas também nas revoluções de 1924 e 1932”.

Jogadores famosos e desconhecidos defenderam o Brasil em variados conflitos, e este é o enfoque do livro. O professor Aristides vai além, e com maestria descreve os cenários e os acontecimentos bélicos do período estudado.

Um dos capítulos chama especial atenção: “Pelé foi soldado, parou uma guerra e desafiou os nazistas”.

No século da popularização do futebol, soldados formavam times e disputavam partidas sem se livrar das fardas.

Adelino (do Cruzeiro), Altevir (do Coritiba), Alvanilo (da Ponte Preta), Argemiro (do Fluminense), Bidon (do Madureira), Perácio (do Flamengo e da Seleção Brasileira) foram alguns jogadores brasileiras que participaram da Segunda Guerra Mundial.

Entre os anônimos, um tal de Chocolate. Goleador de algum time de várzea, citado com orgulho pelo colega-soldado Júlio do Valle.

E lá vai o professor Aristides Rocha, com muita perspicácia e sabedoria, contando histórias futebolísticas num cenário diferenciado (e triste) das atuais arenas do nosso futebol.

CAPA 1 – Márcio Marcelli

SETENTA CONTOS TRAGICÔMICOS

Em “Os 70 ausentes de Pedra Branca” (Santo André, Editora Taturana: 2025), Cláudio Feldman dá um show de sintaxe e fino humor, numa viagem pela criada cidade de Pedra Branca que já teve 70 mil habitantes. “Hoje tem menos”.

Detalhe: para cada um dos 70 contos, uma ilustração com a assinatura de Perkins Teodoro Moreira.

Conto 1 - Eram dois atores que mal se conheciam, mas atingidos pela mesma desgraça: a perda irreversível da voz. Mauro, abalado, jogou-se da ponte do expresso. E Júlio, mais hábil, tornou-se mímico.

Conto 21 – José de Oliveira estava limpando o vidro de uma janela no 15º andar, dependurado por uma “sólida” corda. O fabricante desta deverá ser processado.

Conto 38 – Lutero da Conceição espirrou dentro do guarda-roupa da amante. O marido disse, educadamente, “saúde”. E pegou o revólver no criado-mudo.

Conto 59 – Akira Okamoto administrava um aviário, lavagem de dinheiro de drogas. Morreu por abrir a boca a um repórter.

Conto 68 – O matador de aluguel Berro de Fogo, após enviar a sua encomenda ao Outro Mundo, ia rezar pela alma do infeliz no primeiro templo que encontrava. Era muito religioso. Em época de excessiva demanda, frequentava mais a igreja que uma beata. Seu feroz apelido encobria o singelo nome de Inocêncio Rosa. E ainda mijava na cama.

NOTA DA MEMÓRIA – Dá vontade de publicar os 70 contos. Escolhemos alguns mais curtinhos. Aperitivo. 

Claudio Feldman, no seu livro número 62, está cada vez melhor. 

Só que, no autógrafo à Memória, torna-se reticente: “Enquanto for possível, estarei na luta”. Ao que respondemos: “aguardamos pelo Claudio Feldman número 100.

CAPA 2 – Perkins Teodoro Moreira

PREFEITO TORTORELLO

“Uma lenda que governou São Caetano do Sul” (SCS, Editora Novos Horizontes: 2024). 

Edgar Nóbrega e Marcos Antonio Biffi prestam significativa homenagem ao homem, jurista, professor, esportista e político Luiz Olinto Tortorello. Contam sua história, baseados em documentos e na memória oral, da qual participaram parentes e amigos.

Escrevem os autores: “Estamos bastante convictos de que a leitura deste livro poderá lançar luz sobre as nuvens de esquecimento e, quem sabe, contribua para que, de alguma forma, os bons exemplos e as boas histórias consigam iluminar e inspirar os caminhos, para que no futuro jovens possam retomar os exemplos desse incrível legado”.

“Nuvens de esquecimento”. 

“Boas histórias”. 

Tais expressões sintetizam a importância de obras como esta. Luiz Olinto Tortorello está ainda muito presente no panorama político de São Caetano e região. Suas tiradas, seus discursos inflamados, a forma com que recebia as críticas e o modo de respondê-las. E amanhã, daqui a 50 anos, como será?

Aqui reside o caráter de relatos como os de Edgar Nóbrega e Marcos Antonio Biffi. Um exemplo que pode e deve ser seguido.

Beto Silva, por exemplo, escreveu a biografia de outro prefeito de São Caetano, Anacleto Campanella. A obra permanece inédita. Quando for publicada se somará a iniciativas como esta da história do prefeito Tortorello. E a memória do Grande ABC se tornará mais rica.

E não só a memória política. Tortorello elevou bem alto o futebol são-caetanense, com as conquistas do Azulão. No avião, cantando modas de viola com os jogadores vitoriosos, o homem Tortorello despia-se do terno e da toga para ser mais um torcedor (e dos mais fanáticos). Nunca mais o Azulão foi o mesmo. 

Destaque para as charges de Gilmar e Fernandes.

CAPA 3 – Eduardo Furlan

SÃO PAULO

450 bairros, 450 anos (São Paulo, Editora Senac, 2ª edição: 2004). Cheid Jr. nos presenteia com este livro, escrito pelo jornalista Levino Ponciano (ex-Diário).

São 450 crônicas sobre os bairros paulistanos, por ordem alfabética: da Aclimação à Vila Zelina, bairro onde foi lançado o semanário News Seller em 1957, semente do Diário do Grande ABC, com direito a um capítulo – o final – sobre a Rua 25 de Março.

Levino Ponciano escreve: “Apresento aqui uma cidade esmagadora, na convicção de que é também uma cidade amável”.

É a metrópole onde o motorista de taxi com 40 anos de estrada ainda se perde – em 2004 o ‘waze’ não existia.

Entre os bairros, o pouco citado Jardim Kherlakian, na Zona Norte, e as Vilas Carioca e Califórnia, encostadas a São Caetano. Ou a Vila Liviero, vizinha a São Bernardo. Parque São Rafael, na divisa com Santo André e Mauá.

Sapopemba de um lado, Santo Amaro (outrora cidade autônoma de outro), igualmente vizinhos ao Grande ABC.

No Consórcio Intermunicipal, os prefeitos das Setecidades abriram espaço ao da Capital e um dos assuntos primeiros tratados foi o dos limites metropolitanos.

João Tomás do Amaral, ao encontro dos memorialistas no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, uma boa pedida seria convidar o Levino Ponciano a participar. E o Cheid Jr. também.

CAPA 4 – Antonio Carlos de Angelo sobre foto de Fabiana Fernandes

NOTA DA MEMÓRIA

Amanhã, novas resenhas sobre os demais livros recebidos – e citados no alto.

SEMANA SANTO ANDRÉ 2025

A Semana continua. Apenas dá um tempo para que a Memória atualize sua correspondência.

Vale corrigir:

1 – O Bochófilo de Santo André ficava na Rua Siqueira Campos e não na Rua Luiz Pinto Flaquer.

2 – O pioneiro Cine-Teatro Carlos Gomes ficava na mesma Rua Coronel Oliveira Lima citada, só que um pouco mais para frente, defronte à Praça Embaixador Pedro de Toledo, o Largo da Estátua 

3 – O galpão branco apontado como o da instalação do Carlos Gomes, em 1912, foi, na verdade, o prédio da agência Ford, dos Irmãos Pezzolo, onde no final dos anos 1960 estabeleceu-se a Lojas Americanas.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Sexta-feira, 21 de abril de 1995 – Edição 8993

COMUNICAÇÃO - CTBC (Companhia Telefônica da Borda do Campo) trocava fichas dos orelhões por cartões telefônicos.

BASQUETEBOL – Lacta/Santo André estreava supertime feminino, com Janeth e a argentina Karina.

HUMOR – Costinha voltava à região com o espetáculo “O Rei do Riso”, no Carlos Gomes. O saudoso humorista já morou em Santo André: sua terceira esposa era andreense.

MÚSICA – Festival de rock em Mauá, no estacionamento do Paço. Em destaque a banda Ultrage a Rigor.

MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Em São Paulo, hoje é o aniversário de Bofete (1880), Colina (1925) e Lins (1920).

Hoje também é o aniversário de Brasília. Capital Federal. Fundada em 21 de abril e 1960.

Pelo Brasil: Estação (RS), Colinas do Tocantins (TO), Floresta do Araguaia e Marituba (PA), Itapema e Vargeão (SC) e Porto Rico (PR).

HOJE

Dia de Tiradentes (Joaquim José da Silva, executado em 1792)

Dia do Metalúrgico

Dia da Latinidade

Dia do Policial Civil e Militar.

EM 21 DE ABRIL DE...

1905 – Fundada a Sociedade Recreativa Flor da Serra, no Alto da Serra (Paranapiacaba).

1940 - São Paulo Futebol Clube jogava em Santo André e goleava o Primeiro de Maio, num dos últimos jogos no estádio da Rua Brás Cubas.

1965 - Fundada a Associação Cultural, Recreativa e Assistencial dos Moradores de Vila Olímpica, hoje bairro Olímpico, em São Caetano.

1970 - Amistoso em São Caetano: Saad 1, gol de Nelson, Corinthians, de Santo André, 0.

1985 - Dia da primeira das 41 vitórias do piloto Ayrton Senna da Silva, na Fórmula 1, em corrida no autódromo de Estoril (Portugal).

Tempo de Pascoeta

21 de abril

Celebrada na segunda-feira seguinte ao Domingo de Páscoa. Em São Bernardo, uma festa tipicamente masculina. Os homens não trabalhavam. Celebravam a data na Vila do Rio Grande, hoje Riacho Grande, com música e brincadeiras. Os novatos eram batizados com farinha de trigo.

Fonte: Coluna Memória, 15 e 16-4-1995.




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