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Idosa teme paralisia após Mário Covas fechar ambulatórios

Moradora de Mauá aponta descaso no hospital estadual com extinção de especialidades e sofre com reumatismo e fibromialgia

Tatiane Pamboukian
06/02/2025 | 09:01
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FOTO: Celso Luiz/DGABC

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Após fazer tratamento para reumatismo e fibromialgia por aproximadamente duas décadas no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, a moradora de Mauá Luzia Finco Moreira, 70 anos, está agora sem acompanhamento porque a instituição extinguiu ambulatórios de especialidades como o de reumatologia e o de dor, que trata dores crônicas, sem qualquer aviso prévio – de acordo com a paciente. 

O Diário confirmou que pelo menos essas duas especialidades não estão mais disponíveis para agendamento – a orientação dada pelo hospital foi de que o paciente procurasse serviços municipais para buscar encaminhamento para outros hospitais. 

“Eu regredi na doença sem o atendimento médico e os medicamentos. Estou com muita dor, inchada e não consigo mais andar. Meus músculos estão travando, a fibromialgia está atacando outras partes do corpo e se eu continuar sem tratamento médico vou paralisar totalmente”, conta Luzia.

O marido dela, o aposentado José Eustáquio, 78, afirma que eles descobriram a extinção da especialidade de reumatologia ao chegar para uma consulta que estava agendada. 

“Minha esposa retornava a cada seis meses no ambulatório de reumatologia do hospital com os exames refeitos, conforme orienta a médica, que ajusta a medicação de acordo com os resultados. Mas em setembro do ano passado, quando voltamos para ela passar na consulta que estava agendada, descobrimos que o ambulatório tinha sido fechado. Ninguém nos avisou ou desmarcou a consulta. Só tem ortopedista agora lá, mas não é a especialidade que ela precisa”, diz. 

A partir daí, Luzia seguiu passando por atendimento apenas para tratar das dores, sintomas da fibromialgia, mas viveu a mesma situação quando chegou para uma consulta agendada em janeiro deste ano e foi surpreendida com mais um ambulatório fechado. 

Atualmente, a paciente está sem nenhum tratamento e sem medicações para as inflamações e dores. “Ninguém avisou nada nem encaminhou para atendimento em outro local. O hospital era referência na especialidade de reumatologia e agora não tem outro lugar para atendê-la. Tentamos no posto de saúde de Mauá, mas lá não tem previsão de conseguir. A fila de espera costuma passar de um ano e ela não está mais aguentando esperar”, conta Eustáquio. 

Procurada pelo Diário, a Prefeitura de Mauá não deu retorno. O HEMC (Hospital Estadual Mário Covas) informou que a especialidade de reumatologia não está dentro do escopo de atendimentos da unidade, pois é uma especialidade ambulatorial. Os pacientes que necessitam deste atendimento, são encaminhados para as unidades especializadas municipais e estaduais.

“Em relação ao atendimento de pacientes com dor, o HEMC continua oferecendo consultas e interconsultas na especialidade de cuidados paliativos. Para pacientes com dor crônica, o atendimento é realizado pelo município de origem”, diz a nota.

DOENÇAS

Existem vários tipos de doenças reumatológicas. Elas provocam inflamações nas articulações, inchando as regiões afetadas e causando dificuldade para movimentação, conforme explica a reumatologista Ana Cristina Boni, que atua nos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR). 

“Caso essas doenças não sejam tratadas podem gerar sequelas articulares, como deformidades, que são irreversíveis”, ressalta Ana Cristina. 

Muitos pacientes com reumatismo também possuem a fibromialgia, doença que provoca dor musculoesquelética crônica. Este é inclusive o mês de conscientização da comorbidade, por meio da Campanha Fevereiro Roxo, que alerta para doenças que causam dores generalizadas no corpo. 

“São pacientes com uma hipersensibilidade à dor, em que estímulos que normalmente não causariam dor em outras pessoas causam nestes indivíduos. A ausência do tratamento pode gerar uma piora importante da qualidade de vida e das relações sociais do paciente, além da dor”, afirma a reumatologista.




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