Centro de Atenção Psicossocial receberá pacientes assistidos na unidade Jardim e possui leitos para acolhimento 24h em casos de crise
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A Prefeitura de Santo André inaugurou nessa quarta-feira (21) o Caps 3 (Centro de Atenção Psicossocial) Iana Profeta Ribeiro, maior unidade do Grande ABC. O espaço, localizado na Avenida Glicério, será a nova sede da unidade do bairro Jardim, e receberá a partir dessa quinta-feira (22) os usuários que eram assistidos no antigo endereço.
A estimativa é que sejam realizados mais de 6.000 atendimentos por mês . O Caps 3 disponibilizará acolhimento integral 24h nos casos de crise. No total, o município andreense contabiliza cinco Caps, que realizam atendimentos (acolhimento, consultas, grupos, oficinas, atendimento às famílias, internação, entre outros serviços) para casos de transtornos mentais graves ou por uso prejudicial de drogas, seja em momentos de crise ou que necessitam de cuidado psicossocial longitudinal.
A área de 746 metros quadrados recém-inaugurada recebeu investimento de R$300 mil para obras de remodelação geral e modernização, que inclui pintura, melhorias na parte elétrica e hidráulica, comunicação visual, modernização e informatização dos processos. O prédio agora conta com o padrão Qualisaúde, programa que já modernizou 40 equipamentos de saúde na cidade.
A mudança de endereço para região central busca ampliar o fortalecimento do equipamento de saúde mental no município e facilitar a busca ativa por usuários. A nova sede fica localizada ao lado do Centro Pop (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) e há 550 metros da estação de trem Prefeito Celso Daniel.
Durante a inauguração, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), acompanhado da primeira-dama e deputada estadual Ana Carolina Serra (Cidadania), ressaltou que a entrega da unidade representa uma nova fase para saúde do município.
"A perspectiva para os próximos dois anos é de algo que ainda não tivemos, a tranquilidade e estabilidade que não foi possível alcançar desde 2017. Primeiro por conta da crise financeira que encontrei quando assumi a Prefeitura e depois devido à pandemia da Covid-19. A entrega deste equipamento materializa a organização e planejamento que temos feito ao longo das duas gestões. Porém, tudo isso precisa resultar em melhor serviço para o morador e a moradora de Santo André, porque a obra só vale se cuida e transforma a vida das pessoas”, diz.
O gestor andreense anunciou ainda que no próximo ano serão inaugurados mais três equipamentos de cuidado à saúde mental na cidade, sendo o Caps AD (Álcool e Drogas) Vila Luzita, e a mudança de prédio das unidades de acolhimento infanto juvenil do Jardim Guarará e a unidade adulto do Parque Marajoara.
O secretário municipal de saúde, José Police Neto, destacou a importância do equipamento de saúde para autonomia de pacientes com transtornos mentais e para o combate a luta antimanicomial. "O que nós temos de mais importante na vida é a liberdade. Liberdade essa que por muito tempo a saúde insistiu em tirar daqueles que eram considerados diferentes. A sociedade condicionou um padrão e tudo que era diferente era isolado por falta de compreensão. Esse equipamento simboliza a liberdade para todos os usuários", finaliza.
Após a inauguração, o Prefeito Paulo Serra e outras autoridades presentes participaram de apresentação musical do grupo Cativa Samba, formado por usuários e profissionais do Caps Iana Profeta Ribeiro e sarau de poesias apresentado pelos pacientes.
Acolhimento social ajudou a resgatar destino de usuário
Há quase sete anos sem fazer uso de nenhuma substância química, Hilton Alves da Silva de Lima, 33 anos, vive hoje uma rotina comum, igual a de muitos moradores da região, que incluí trabalhar, passar momentos com a família e participar de atividades de lazer.
Porém, nem sempre sua realidade foi assim. Até chegar neste lugar de “normalidade”, Hilton precisou travar duras batalhas contra o vicío e a saúde mental. Para isso, contou com a ajuda e o acolhimento de diferentes pessoas e profissionais.
Ainda na infância, aos 14 anos, começou a usar maconha com amigos. O álcool e a cocaína logo fizeram parte da sua rotina e, devido ao uso excessivo das substâncias, começou a ter crises e surtos, que o levaram a rompimento com a família, tentativas de suicídio e até viver em situação de rua por um tempo.
Foi no pior momento da sua vida, há pelo menos 10 anos, que a história de Hilton se cruzou com o Caps 3 (Centro de Atenção Psicossocial) Iana Profeta Ribeiro, em Santo André. Hilton foi diagnosticado com esquizofrenia e passou a realizar tratamento no local. “Já precisei ficar internado no Caps quando estava muito mal. Foram várias idas e vindas até finalmente largar as drogas. O pessoal da unidade ajudou a me reaproximar da minha família, hoje moro com eles novamente, e também a arrumar um emprego através do Programa Frente Social de Trabalho. Sou muito grato por todo apoio que tive”, conta Hilton, que atua no recapeamento de vias do município. Apaixonado por música, o usuário participa há uma década do grupo Cativa Samba, que é composto por cerca de 20 integrantes, entre usuários da unidade e profissionais de saúde e, ajuda no acolhimento, integração social e estímulo ao tratamento dos pacientes.
Mesmo com a rotina apertada por causa do trabalho, o andreense faz questão de comparecer às sextas-feiras aos ensaios do grupo, onde canta e toca rebolo (instrumento de percussão). “Sempre gostei de cantar e tocar instrumentos e participar desse grupo é realmente um hobby para mim, me ajuda a distrair.”
Além da oficina musical, Hilton busca mensalmente no Caps os medicamentos para controlar a esquizofrenia, e mantém tratamento psiquiátrico.
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