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Urbanização do Sítio Joaninha deixa de fora rua sem saída

Moradores não foram contemplados com asfalto, calçadas e coleta de lixo; via está em área de divisa

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
29/09/2020 | 18:08
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Celso Luiz/DGABC

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A esperança de que o asfalto chegaria até a porta de casa, depois de mais de 20 anos pisando sobre o barro, foi frustrada para muitas famílias do Sítio Joaninha, em Diadema. A prefeitura anunciou em julho a conclusão da primeira fase das obras de urbanização, após oito anos do início das intervenções. A Travessa da Rua Rio Raimundo Nonato, no entanto, ficou de fora do pacote de benefícios e em pleno século 21, os moradores seguem pisando na lama em dias de chuva, mesmo morando na maior região metropolitana na América Latina.

Localizada bem próxima à divisa com São Bernardo, a via não conta com coleta de lixo. Os moradores costumavam usar uma caçamba colocada pela Prefeitura de São Bernardo em via próxima, mas afirmam que o equipamento foi removido. Por estar em área de divisa, muitos moradores da Travessa têm como referência a UBS (Unidade Básica de Saúde) União, em São Bernardo, mas também já foram alertados que em breve deverão procurar uma unidade em Diadema.

Os problemas com a falta de urbanização são diversas, como a necessidade de ir buscar na Rua Rio Raimundo Nonato entregas de volumes maiores, porque caminhões não descem a rua. Em dias de chuva, é preciso colocar sacolas plásticas para não sujar os calçados, ou ir de chinelo até o asfalto. Também ocorrem coisas graves, como a queda sofrida há alguns meses pela atendente de telemarketing Pamela Melo de Jesus, 21, que culminou na perda da gestação, que tinha apenas um mês e uma semana.
Os moradores relataram que desde o início das obras de urbanização a prefeitura afirmou que aquela via estava fora do projeto, mas havia a expectativa de que ao menos algum tipo de pavimento fosse colocado na rua.

“A gente chegou a ver o valor para que os próprios moradores fizessem um cimento, mas fica muito caro”, explicou a coletora de recicláveis Eliete Leite, 58 anos. A munícipe relatou que quando a filha entrou em trabalho de parto, há sete meses, foi difícil para que os socorristas viessem até sua casa. “Muitas vezes, as pessoas passando mal, têm que andar até o asfalto”, completou.

Para os munícipes, se houvesse um trabalho conjunto entre as prefeituras de Diadema e São Bernardo, as soluções seriam alcançadas com mais celeridade. “Já vieram equipes das duas cidades aqui, mediram, fizeram marcações, mas no final, nós ficamos sem”, concluiu Eliete. Para a balconista desempregada Eliane Oliveira, 41, uma demanda urgente para os próximos prefeitos que serão eleitos em novembro será unir os esforços para solucionar questões como essa.

Usuários do sistema de transporte coletivo das duas cidades, os moradores foram contemplados recentemente com a extensão do itinerário da Linha 09D (Terminal Diadema/Sítio Joaninha), mas ainda andam muitos metros para poder usar a Linha 05 (Paço de São Bernardo/Jardim Laura). “Muitas pessoas moram aqui e trabalham em São Bernardo. Se o ponto final fosse mais perto (atualmente, o último ponto da linha está a cerca de um quilômetro da travessa) ia ser bem mais fácil a nossa vida”, citou Eliane.

Prefeitura alega que local é ocupação irregular

A Prefeitura de Diadema informou que a Travessa da Rua Rio Raimundo Nonato é um local de ocupação irregular, pois está em área classificada como APP (Área de Proteção Permanente) e fora da área de atuação do PRIS (Programa de Recuperação Ambiental de Interesse Social), o que a impede de receber obras ou a regular prestação de serviços urbanos, como ocorre normalmente nas demais áreas do Sítio Joaninha. A administração não apresentou qualquer alternativa de solução para as famílias. Foram investidos R$ 11 milhões na área, incluindo as obras de contenção e demolição.

A Prefeitura de São Bernardo afirmou que a caçamba continua na Rua Planalto com a Rua Laranjeira, e quanto à UBS União, o usuário que não é morador da cidade recebe o primeiro atendimento e é orientado a procurar a unidade de seu município. Sobre a mudança do ponto final, a administração explicou que a linha municipal 05, que atende esta região de divisa, opera com veículos alongados e articulados de piso baixo, o que inviabiliza a mudança, em razão das características viárias da área. “Encontra-se em estudos a implantação de um atendimento complementar a ser realizado com veículos do tipo van, em atendimento a solicitações de usuários desta região com atendimento até a Estação Cama Patente”, completou a nota. 




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