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Fusoes de supermercados triplicam em 1999
Do Diário do Grande ABC
03/01/2000 | 18:51
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O setor de supermercados fecha 1999 com o triplo de fusoes e aquisiçoes em relaçao a 1998. No ano passado, a Secretaria Especial de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, instaurou 16 processos para verificar se as operaçoes nao desobedecem à lei de defesa da concorrência. Foram cinco em 1998 e cinco em 1997.

O resultado de tantas compras e vendas é que a concentraçao do mercado aumentou significativamente. As cinco principais redes de supermercados - Carrefour, Pao de Açúcar, Sonae, Bompreço e Sendas - detêm 42,6% do mercado, considerando as operaçoes realizadas até outubro de 1999, segundo dados da Associaçao Brasileira de Supermercados (Abras). Isso num setor em que atuam 22 mil estabelecimentos - a maioria com uma única loja. Em 1997, esse percentual era de 27,5%.

A previsao do presidente da Abras, José Humberto Pires de Araújo, é de que essa concentraçao das cinco maiores redes esteja por volta de 50% no fim do ano 2000. "É o percentual máximo que o mercado brasileiro deve atingir", afirma.

Entre as operaçoes que já foram analisadas, o parecer encaminhado pela secretaria ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) - encarregado de julgar e dar a palavra final - foi pela aprovaçao.

O Cade também tem aprovado até agora todas as aquisiçoes. Desde 1996, já foram instaurados 30 processos, dos quais oito já foram julgados e aprovados.

Os casos mais importantes, no entanto, ainda nao têm posiçao de nenhum dos dois órgaos. É o caso do arrendamento de 25 lojas do Paes Mendonça pelo Pao de Açúcar ou da compra de 33 lojas da rede Mineirao, de Belo Horizonte, pelo Carrefour.

Ou ainda da investida do grupo português Sonae no Sul do país, onde adquiriu as redes Mercadorama, Coletao e Muffatao, do Paraná; e Exxtra Econômico e Nacional, do Rio Grande do Sul.

Mas nao deve haver problemas. "O varejo brasileiro está passando por uma grande transformaçao e o crescimento de algumas redes de supermercados faz parte dessa mudança estrutural", afirma o presidente do Cade, Gesner de Oliveira.

Segundo ele, é importante haver um controle para verificar se determinadas fusoes prejudicam o consumidor. "Pode ocorrer de um supermercado adquirir uma rede ou lojas num lugar onde há muitas alternativas. Mas também pode nao ter alternativas e isso será um problema para o consumidor", diz. Pelo jeito, por enquanto, isso nao tem acontecido na visao da Secretaria de Acompanhamento Econômico e do Cade.

O presidente da Abras acha que esse processo de fusoes, febre nos últimos dois anos, tende a desacelerar até o final de 2000. "O grande movimento de concentraçoes já houve. As marcas fortes vao ganhar mais mercado agora com o crescimento da própria organizaçao", prevê Araújo.

Segundo ele, haverá mais espaço para a atuaçao dos pequenos estabelecimentos, uma vez que os grandes nao conseguem alcançar todas as localidades. "Assistiremos à expansao dos pequenos e médios supermercados a partir do ano 2000", afirma.

Apesar do alto índice de concentraçao, Araújo diz que está na média dos demais países. Na Alemanha, as cinco maiores empresas dominam 75% do mercado. Em Portugal, 52%. Na França, esse percentual é de 67%. Na Argentina, 45%. Já na Espanha, é de 38%. No Chile, é de 34% e de 31% no México.

O resultado de tantas compras e vendas nao mudou o topo do ranking dos supermercados no país em relaçao ao faturamento. Carrefour e Pao de Açúcar, que travaram uma briga acirrada pelo mercado nos últimos dois anos, encerraram 1999 na mesma posiçao. O grupo francês em primeiro e o brasileiro em segundo.

Mas o grupo Sonae assumiu com firmeza a terceira posiçao em 1999, conquistando duas posiçoes de uma só vez. Em 1998, estava em quinto lugar. A rede Bompreço, de Pernambuco, caiu do terceiro, em 1998, para o quarto, em 1999. As Casas Sendas passaram do quarto para o quinto.




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