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O detento conta que ele e um companheiro foram procurados pelo Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância (Gradi) para ajudar na organização de uma operação de efeito para a polícia de São Paulo, feita sob medida para elevar o moral da corporação e causar boa repercussão pública.
Durante a execução da ação na Castelinho, conta o detento, ele participou de reuniões com a cúpula da Inteligência da Polícia Militar. Numa delas, Saulo de Castro estaria presente – ele conta ter gravado os diálogos da reunião. A carta manuscrita afirma ainda que o secretário pedira uma operação de efeito, pois estava assumindo a pasta, e não se importava com eventuais cobranças de entidades de defesa dos direitos humanos.
O detento diz que ajudou a convencer os 12 assaltantes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) que um avião pagador, abastecido com R$ 28 milhões, passaria pelo aeroporto de Sorocaba no dia da operação (5 de março) – o que não aconteceria. A PM interceptou o ônibus na praça de pedágio no km 12 da Castelinho (SP-79) e matou 12 assaltantes que viajavam num ônibus (que seria da PM). O preso, em sua carta, afirma que o 'tiroteio' relatado pela polícia na ocasião foi uma verdadeira execução, com os criminosos usando armamento com "munição de festim" contra os PMs.
R.C.C. diz que agora é ameaçado de morte por ter se desvinculado das operações de ajuda à polícia. O detento conta que até Saulo de Castro, que o teria qualificado de "traidor", o ameaça.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, João José Sady, destacou que não apenas a carta do detento apontou irregularidades na operação e afirmou que o secretário também deve ser penalizado, caso os problemas sejam comprovados. "Nós temos na memória o secretário dizendo na TV que organizou a operação. Se alguma coisa deu errada, a responsabilidade é dele", afirmou Sady. "Para limpar qualquer dúvida, ele mesmo deveria exigir apuração", completou.
Saulo de Castro, por meio de sua assessoria de imprensa, negou a versão do detento. "O secretário da Segurança desmente as informações do criminoso, preso em flagrante e condenado a 22 anos de prisão por latrocínio (matar para roubar), estelionato e ocultação de cadáver", diz a nota oficial divulgada pelo gabinete no final da tarde desta terça.
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