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Gavial é mais bicudo do que seus primos
Do Diário do Grande ABC
01/08/2010 | 07:58
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Ari Paleta/DGABC

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Este bichão aí não é jacaré, apesar de também pertencer à ordem dos crocodilianos, existente há cerca de 200 milhões de anos. Trata-se do gavial-da-Malásia, encontrado na Indonésia, Malásia, Vietnã e Tailândia, também chamado de falso-gavial, por ser diferente do gavial-verdadeiro (Gavialis ganeeticus), que tem focinho mais fino e comprido.

Com cara de mau, tem os dentes expostos externamente. O focinho possui o formato da letra I e é utilizado como espada para caçar. Essa adaptação permite ao bicho ser especialista na captura de peixes, seu principal alimento. Pode ainda comer mamíferos, insetos e crustáceos. Aliás, o tamanho do réptil varia de acordo com sua alimentação; pode medir até 5 m de comprimento e pesar 400 quilos.

Na época de reprodução, a fêmea bota de 20 a 60 ovos, em um buraco, cobrindo-os com terra e vegetação, para que os predadores não os encontrem. Além disso, a decomposição das folhas esquenta o ninho para que os ovos sejam incubados. Essa mesma atitude é repetida pela maioria dos répteis.

A temperatura do ambiente em que foi enterrado define o sexo dos filhotes. Se estiver abaixo de 30°C, nascem mais fêmeas; se for por volta de 34ºC, mais machos. O filhote nasce após período de 60 a 100 dias e não recebe cuidados especiais dos pais.

A maioria vive só, próximo às margens de rios, lagos, várzeas e pântanos. Embora seja grande predador e não sirva de comida para outros bichos, está ameaçado de extinção pela ação do homem, que destrói seu habitat, principalmente por causa da agricultura, e polui os rios.

Também é vítima da caça ilegal para a venda de carne e pele, que é muito valorizada comercialmente. Na Malásia, sua população original sofreu redução de 30% a 40% nos últimos anos. No mundo, calcula-se em cerca de 2.500 exemplares.

GAVIAL-DA-MALÁSIA
Nome científico: Tomistoma schlegelii
Habitat: rios, lagos e pântanos da Ásia
Reprodução: ovípara; os filhotes saem dos ovos após período de 60 a 100 dias
Expectativa de vida: 50 anos

Parecidos, mas nem tanto
Apesar de parentes próximos, gavial, jacaré e crocodilo apresentam algumas características que os diferenciam. Além disso, não habitam as mesmas regiões. O gavial, que vive na Ásia, é o mais fácil de ser identificado, pois possui focinho mais fino e alongado do que os outros. Mesmo com a boca fechada, a maioria dos dentes permanece aparente.

O jacaré é encontrado nas Américas do Sul e Central. Possui focinho curto, largo e arredondado. Nele, os dentes do maxilar inferior se encaixam em buracos do maxilar superior. Dessa forma, a mandíbula pode fechar completamente, escondendo a maioria das presas.

Os dentes do crocodilo ficam sempre visíveis, mesmo quando ele está com a boca totalmente fechada. O focinho do bicho também é mais estreito e pontudo que o do jacaré.

Apesar das diferenças entre eles, os três répteis possuem o corpo revestido por escamas grossas e resistentes. A cauda é forte para auxiliá-los a se locomover na água e para a captura de alimentos. São também grandes predadores carnívoros e estão bem adaptados à vida aquática. Apesar de toda a força, não conseguem escapar de caçadores, que vendem a pele para a confecção de roupas, bolsas e sapatos, embora seja proibido.

Gavial, jacaré e crocodilo são ectotérmicos - popularmente chamados de animais de sangue frio. Isso significa que o organismo deles não tem a capacidade de produzir calor. A temperatura do corpo depende da do ambiente onde estão. Por isso, é comum vê-los tomar sol na beira da água para se aquecer. Outros répteis, como tartarugas, cobras e lagartos, também são ectotérmicos. Assim, nenhum deles consegue viver em ambientes muito frios. A vantagem é que não precisam se alimentar todos os dias, como os mamíferos. Dependendo da temperatura, reduzem a atividade para não precisar gastar energia.

A coluna Bicho do Mês é feita com a colaboração da zootecnista Bianca P. Dognini, do Zoológico de São Paulo




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