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Antraz foi descoberto no século XIX em animais
Do Diário do Grande ABC
20/10/2001 | 21:01
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Até 11 de setembro, o antraz era uma doença de interesse exclusivamente veterinário que a ciência tomou conhecimento em 1877. Segundo o professor de microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Jorge Timenetsky, o primeiro cientista a manipular o Bacillus anthracis foi Robert Kock, mais conhecido pelos estudos do bacilo da tuberculose.

O antraz, do grego ánthrax (carvão), existe naturalmente nos campos europeus, sobretudo na França, mais precisamente na região de Aix Lechapelle. É comum em regiões agrícolas, com registros da América Central e do Sul, Ásia, África, Caribe e Oriente Médio. Atinge animais vertebrados selvagens e domésticos (gado, ovelhas, cabras, camelos, antílopes e outros herbívoros). Também pode ocorrer em humanos, se expostos a animais infectados ou seus tecidos. No Brasil, o antraz é mais conhecido como carbúnculo, porque ao abrir-se o corpo de um animal morto verifica-se que o fígado e o baço estão totalmente enegrecidos lembrando o carvão.

Por volta de 1888, Louis Pasteur realizou as primeiras experiências e conseguiu isolar o Bacillus antracis. Separou dois grupos de cerca de 20 ovelhas cada e inoculou em um deles uma amostra do bacilo previamente aquecida a 42 graus. A temperatura atenuou o potente efeito das toxinas que não conseguiram matar nenhum animal. No entanto, todas as vinte ovelhas que receberam a amostra sem tratamento térmico morreram.

A experiência também serviu para provar que apenas as aves – por terem temperatura corporal ao redor de 42 graus – são imunes ao bacilo. Estava descoberta também a primeira vacina contra o antraz para emprego veterinário. “A 42 graus, o antraz perde parte do genoma que codifica as toxinas letais”, afirmou Timenetsky. O emprego em humanos está descartado por uma questão de toxicidade.

“Em seres humanos, emprega-se a toxina da bactéria inativada (toxóide). O poder de imunização é muito lento e, são necessárias mais do que duas doses e cerca de seis meses para que uma pessoa seja considerada imune”, explica o professor titular de microbiologia da Universidade Bandeirantes, Roberto Mitro Yanaguita, um estudioso de bactérias que lecionou na USP por 30 anos.




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