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Chip Foose
Do Diário do Grande ABC
09/12/2009 | 07:00
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Idolatrado. Venerado. Cultuado. O designer automotivo norte-americano Chip Foose é um fenômeno no que se refere a transformar carros comuns - e também algumas ‘carroças' - em supermáquinas. Com mãos abençoadas e uma criatividade divina, o protagonista do programa Overhaulin', exibido no Discovery Channel, desenha carros customizados em um piscar de olhos. É algo incrível. Impressionante.

Convidado de honra do X-Treme Motorsports 2009 - evento voltado para o segmento de acessórios automotivos ocorrido em outubro no Pavilhão de Exposições do Anhembi -, Foose arrumou um tempinho para falar com exclusividade ao Diário. Simpático e muito receptivo, contou, entre um traço e outro, sua trajetória nos Estados Unidos, os primeiros desenhos, opinou sobre o futuro do automóvel, comentou o atual estágio dos designers brasileiros e não fez cerimônia ao tocar em assuntos da sua vida particular.

Agora, convidamos você, leitor, a viajar pelo mundo de Chip Foose, o ‘Papa' da customização automotiva.

UM SIMPLES MORTAL

Antes de nos receber em seu camarote, Chip Foose concedeu entrevista coletiva à imprensa especializada. Ao chegar, o designer causou frisson. Visitantes que passeavam pela feira, bisbilhotavam os estandes e alguns que tiravam fotos com as belas modelos rapidamente correram para ver Foose. Câmeras fotográficas e celulares apontavam para o norte-americano de cabelos loiros arrepiados com gel, pele rosada pelo calor e botas de cowboy.

Antes de responder a qualquer pergunta, Foose - politicamente correto - rasgou alguns elogios ao Brasil e, claro, ao povo brasileiro.

Em seguida, apresentou o Opala 1976 desenhado por ele e que seria ‘transformado' durante a 5ª edição do X-Treme, no Centro de Exposições Imigrantes. De acordo com ele, a inspiração partiu da primeira geração do Corvette Sting Ray - um clássico!

Entre uma pergunta e outra, Foose, muito detalhista, admitiu que a crise econômica mundial afetou seus negócios. "A venda de rodas caiu aproximadamente 60%", explicou. "Mas, agora, as coisas estão melhorando."

Além de trabalhar na TV, o designer tem seu próprio estúdio, onde atende a pedidos especiais. "Um projeto de customização ou tunning pode custar de US$ 35 mil a US$ 3 milhões", explicou, provocando inquietação de muitos populares que acompanhavam de gaiatos a entrevista.

Ao responder sobre satisfação profissional, trabalhar com o que realmente gosta, ficou escancarada a paixão de Foose pelas carangas transformadas. "É prazeroso realizar sonhos", disse. "Meu pai me ensinou que nossos sonhos dependem muito dos sonhos dos clientes."

Por fim, Foose revelou o projeto em que estava trabalhando. "Desmontei um Corvette 2008. Quero deixá-lo igual a um 1964, mas com modificações que o tornem parecido com um carro de exposição da época.

DE CARA COM A ‘FERA'

Após a coletiva, Chip Foose passou a atender individualmente algumas publicações - jornais, revistas, sites... O Diário, pacientemente, esperou sua vez. Foram longos 50 minutos de fila.

Chegada a hora, entramos no camarote do designer. Receptivo e sorridente, apesar de visivelmente cansado, imediatamente levantou-se para nos cumprimentar. Fez questão de nos deixar à vontade. Ofereceu-nos algo para beber ou uma fruta para comer - sobre sua mesa havia um prato com uvas, ameixas, melancia.

Antes de dispararmos a primeira pergunta, o lado ‘fã' transbordou e pedimos um desenho. "What's your name?" (Qual o seu nome?), perguntou Foose, que rapidamente o escreveu no alto da folha de papel. E com a caneta preta nas mãos, imediatamente começou a riscar.

Confortáveis, iniciamos a conversa com um breve resumo da trajetória do mito. "Nasci em Santa Bárbara, Califórnia, onde comecei, aos 3 anos, a fazer os primeiros desenhos", disse o libriano nascido em 6 de outubro de 1963. "E aos 13 anos já trabalhava na customização de carros."

Apesar do talento herdado do pai, Sam Foose, que também projetava carros, Chip buscou se aperfeiçoar. "No final da década de 1980 ingressei na Art Center College of Design, em Pasadena. Quando concluí o curso, voltei a trabalhar com customização, mais especificamente com hot rods", detalhou.

Seus projetos rapidamente ganharam fama pela Califórnia. Foose então passou a projetar alguns carros para o cinema, como o Ford Mustang Shelby GT 500 1967, do filme 60 Segundos, protagonizado por Nicolas Cage.

"Em 1998, abri meu próprio estúdio - Foose Design -, em Los Angeles, onde até hoje trabalho em vários projetos", exaltou Foose, que em 2003 participou pela primeira vez da série de TV Rides e, no ano seguinte, estreou seu próprio programa, Overhaulin'.

FUTURO

Como bom norte-americano, Chip Foose é fã dos clássicos e, é claro, dos motores V6 e V8. Ao falar sobre o futuro do automóvel, ele deixou claro que, para ele, os motores elétricos não são o futuro. "Não vejo os elétricos (automóveis) como a alternativa principal para o futuro. Acredito, no entanto, que faça parte da solução", explicou. Questionado se transformaria um carro elétrico, Foose respondeu: "Why not?" (Por que não?).

Em termos de tecnologia, o designer é contraditório: ao mesmo tempo em que não utiliza o computador para criar novos modelos, sempre está em busca de novos materiais. "Todos os meus trabalhos nascem no papel. Não utilizo qualquer programa de computador", disse, cheio de orgulho.

DESIGNERS BRASILEIROS

Questionado sobre a qualidade dos designers brasileiros, Foose revela: "São muito bons!" "Os carros brasileiros são muito benfeitos, projetados e criativos. É possível aprender com os designers daqui", elogia. "Vi alguns carros aqui (no X-Treme Motorsports) e gostei muito do que vi!", completou.

RETA FINAL...

Para o final, guardamos uma pergunta sobre sua vida particular. Sem cerimônia, Foose falou - e com muito orgulho - dos dois filhos. "Tenho um filho de 10 anos e uma filha de seis. Gosto de levá-lo ao futebol e ela para as aulas de dança."

Perguntamos, então, o que ele faz nos poucos dias que tem de folga. E a resposta, bem-humorada, foi: "Visito meus amigos aqui no Brasil!"

ÚLTIMA SURPRESA

Após o término da entrevista, Chip Foose rapidamente concluiu o desenho e nos entregou. No entanto, antes de atender ao próximo jornalista, o designer fez questão de atender a um garoto de 7 anos que, preso a uma cadeira de rodas e acompanhado do pai, pedia desesperadamente um autógrafo do ídolo. E, claro, foi atendido com um autógrafo e uma foto!




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