Fiéis que compareceram ontem à tradicional missa do Dia do Trabalho, que é realizada desde 1980 na Matriz de São Bernardo, manifestaram suas preocupações com o sumiço do emprego industrial no Grande ABC e com a desregulamentação dos direitos trabalhistas. Mas havia poucas lideranças políticas para ouvi-los. A emblemática celebração da Igreja Católica, que já chegou a atrair até o presidente da República em anos anteriores, já não desperta atrai a mesma atenção de outrora. Apenas o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) se destacava. A ausência é sintomática e reflete desconexão preocupante com as questões que afetam diretamente a classe trabalhadora nacional.

No momento em que o emprego industrial está sendo drasticamente reduzido na região, com consequências sociais e econômicas profundas, a falta de representatividade dos políticos é sinal alarmante de desinteresse – para não dizer negligência – diante dos desafios enfrentados pelos trabalhadores. É inegável que a retirada de direitos tem sido realidade cada vez mais presente, gerando insegurança e instabilidade para os funcionários. Além disso, o crescente fenômeno da ‘uberização’ das relações adiciona camada de complexidade à situação. Compreende-se que igrejas não sejam locais adequados para este tipo de discussão, mas fala-se aqui de solidariedade com a causa.

Com a ascensão de plataformas digitais que promovem formas precárias de trabalho, é imperativo que as lideranças políticas estejam atentas e engajadas na busca por soluções que protejam, assim como a viabilidade econômica dos negócios, os direitos e garantam condições dignas de trabalho a todos os cidadãos. É fundamental que líderes políticos se conectem com a realidade da população. Eventos como a missa do Dia do Trabalho em São Bernardo são excelentes oportunidades para o estabelecimento deste diálogo que deve ser permanente. Muitos trabalhadores do Grande ABC foram à celebração para expor as suas reivindicações, mas, infelizmente, não foram ouvidos como deveriam.